Passavam poucos minutos das 9h30 quando olhei pela janela e reparei que o forno a lenha já estava em brasa. Vesti-me e desci até à sala dos pequenos-almoços, mas não sem antes parar junto da dona Ester Silva, a responsável por fazer “o melhor pão com chouriço da zona”.
"Às 10h30 da manhã para uma carrinha cheia de turistas para provarem a minha iguaria", conta à MAGG. "O truque para saber quando devemos colocar o pão dentro do forno passa por atirar um pouco de farinha lá para dentro. Se queimar é porque está demasiado quente, caso contrário está ótimo para prosseguir."
Ester Silva trabalha há 17 anos no Villa Termal Caldas de Monchique Spa e Resort e, mesmo depois de ter sido comprado pela Unlock Hotels, ficou. A unidade hoteleira adquiriu o resort no ano passado e foi desde essa altura que começaram as obras. Apesar de a grande maioria da remodelação estar feita, ainda há pequenos pormenores por afinar.
“Existem alguns locais no resort que não estão totalmente terminados, mas já está tudo funcional”, explica Jeroen van den Bos, diretor geral do resort. Uns candeeiros aqui, umas peças de mobiliário mais modernas ali, umas trocas de madeiras básicas e o hotel fica 100% pronto.
Com um total de 102 quartos, o resort oferece estadia em cinco edifícios diferentes. O hotel D. Carlos, o hotel Central, o hotel Termal, a estalagem D. Lourenço e os apartamentos D. Francisco. Para além destes edifícios, há dois restaurantes, O Tasco Wine Bar & Beer e o 1692, um spa, um kids club e uma piscina exterior.
Mas não faz sentido contar esta história sem recuar à altura em que tudo começou. Falamos mesmo do início, quando todos estes edifícios eram estalagem para padres, um hospital termal que nunca chegou a abrir, um casino e uma escola. O resort foi construído com os alicerces da pequena vila de Caldas de Monchique, recuperando os edifícios que antigamente serviam outro propósito. Hoje é possível ver a mistura perfeita entre a história da pequena povoação e a modernidade própria do século XXI.
O hotel D. Carlos, o primeiro que vê assim que se chega a Caldas de Monchique, é o exemplo perfeito para explicar esta simbiose. A traça antiga está lá, os quartos têm um toque vintage e até nas paredes constam fotografias a preto e branco da vila do antigamente. Além disso, existe o mobiliário moderno e o bar, que abre já a 1 de julho, onde os clientes podem usufruir de um bom gin ou uísque ao final da tarde.
“Queremos que todos os clientes possam usufruir desta vista incrível”, começa por explicar o diretor-geral. “Estamos a pensar pôr umas mesas cá fora e fazer uns sunsets com música ao vivo. Queremos trazer também a comunidade para dentro do resort”.
E a verdade é que o sentido de comunidade e partilha é grande neste espaço. Para já, e a título de curiosidade, Jeroen explica-nos que doou o mobiliário antigo a instituições de caridade. “Ia vendar móveis por 5 ou 10€ e não ia trazer um verdadeiro retorno. Assim, as instituições têm camas ou secretárias novas e ficam felizes”, conta.
Para além disto, traz a comunidade para dentro do hotel através da comida: não são raras as vezes em que os produtos vêm do comércio local, com quem faz questão de trabalhar frequentemente.
Só queria trazer a cabeceira de cortiça do quarto para casa
Deste hotel, passei diretamente para os apartamentos D. Francisco (na outra ponta do resort), onde fiquei a dormir. O edifício faz-nos pensar naquelas casas antigas, com uma escadaria de madeira e alcatifa que nos levou até à casa dos nossos avós.
Qual não foi a surpresa quando entrei nos quartos e me deparei com um espaço grande, moderno e cheio de luz. A traça antiga estava lá, mas tudo o resto podia ter saído de uma revista de decoração. Mesas de cabeceira a imitar cortiça, uma cabeceira de cama que nos apetecia ter trazido para Lisboa e um muito prático sofá que se transforma numa cama foram as peças de eleição.
Como referi acima, ainda há coisas que não estão totalmente acabadas e, por isso, nos quartos ainda existem resquícios da decoração antiga. Uma mesa de vidro e umas cadeiras de ferro ainda estavam no quarto, mas foi-nos garantido que elas, e outras que pudessem estar nos restantes quartos, sairiam assim que fosse possível.
Mas o mais importante para nós era a casa de banho – afinal de contas, ninguém quer tomar banho numa banheira suja. Com uma dimensão antiga, a casa de banho era tão espaçosa que nos atrevemos a dizer que podia perfeitamente ser um quarto em Lisboa. Grande e com janelas que lembravam as antigas, os restantes equipamentos eram modernos — tão modernos que não consigo esquecer o chuveiro que lançava jatos de água que pareciam massagens no couro cabeludo.
Vistos os quartos era altura de descer até à piscina, o ex-líbris do hotel.
Por ficar num vale, o vento parece que não lhe chega e por isso pode contar com tardes de calor até as sete da tarde, altura em que as enormes árvores começam a fazer sombra para as espreguiçadeiras à beira da piscina. Ainda que seja mais pequena do que aquilo que se pode esperar num resort, não encontrei muita movimentação perto dela. Isto pode ser explicado por termos ido num fim de semana calmo em junho, depois da loucura dos feriados.
Não pode deixar de provar o licor de laranja feito no resort
No fim de semana que a MAGG passou no Villa Termal Caldas de Monchique Spa & Resort, ouviu-se falar em azeite, queijo ou chouriço local, bem como certas ervas e até licor de laranja.
E é com esta bebida que se passou para O Tasco Wine & Beer, um tasco de pedra que fica localizado numa das pontas do resort. É o sítio perfeito para petiscar alguma coisa à hora do almoço. Enchidos e queijo é o que tem mesmo de pedir.
Para acompanhar, sugiro um licor de laranja feito naquela casa. Prometo que é bom, muito doce e quase sem sabor a álcool – por isso recomenda-se alguma contenção. Existem ainda cervejas artesanais e até uma com piri piri que não me atrevi a provar. De resto, há o restaurante 1692 que serve almoços e jantares. A carta ainda está por definir e os pratos ainda podem – e vão – sofrer algumas mudanças.
Fazendo o percurso contrário, foquemo-nos agora no pequeno-almoço, que é servido num edifício que já foi um casino. “Internamente ainda o chamamos de edifício casino” confidencia Jeroen. Os vitrais que dão para a rua apoiam a tese de que as propriedades foram renovadas e a sua estrutura inicial se manteve intacta. Este toque de antiguidade contrasta com os sofás e mesas modernas e com um pequeno-almoço simples com tudo aquilo que precisamos.
Não faltam o sumo de laranja natural nem o pouco típico bacon. O pão está assegurado assim como o fiambre o queijo. Existem ainda pequenas gordices tão tipicamente portugueses, como por exemplo os pastéis de nata. Apesar de não ter uma oferta grandiosa de produtos, tem tudo aquilo que é necessário para considerar como o típico pequeno-almoço de hotel.
Como se tudo acima não fosse já razão suficiente para visitar o resort, dou-lhe mais uma: o spa do Villa Termal. Com propriedades boas para a respiração, músculo-esquelética e beleza, a água de Monchique é o principal ingrediente neste espaço. Existem massagens que vão desde os 63€ para os hóspedes do resort aos 146€ para pessoas que visitem esta facilidade e não estejam alocadas em nenhum edifício hoteleiro. As máscaras para a pele não são esquecidas nem os banhos relaxantes.
Os tratamentos médicos também têm lugar e podem tratar a parte músculo-esquelética ou problemas do aparelho respiratório. A aplicação de lamas tem o custo de 25€ e um duche de jato custa 8,50€. No caso de irrigação nasal custa 4,50€ assim como uma nebulização.
Os tratamentos médicos também têm lugar e podem tratar a parte músculo-esquelética ou problemas do aparelho respiratório. A aplicação de lamas tem o custo de 25€ e um duche de jato custa 8.50€. No caso de irrigação nasal custa 4.50€ assim como uma nebulização.
Como qualquer spa que se preze, o Villa Termal tem um circuito que inclui a piscina termal, a sauna e o banho turco – e o qual vale mesmo a pena. A piscina interior tem o dobro do tamanho da exterior e jatos de diferentes intensidades que atacam de uma forma positiva os músculos. Para quem gosta de jacuzzis e jatos no geral, não pode deixar de passar nesta piscina.
Mas o verdadeiro relaxamento veio da massagem relax que ocupou 50 minutos da minha tarde. Deitei-me na marquesa, puseram-me as toalhas por cima e um algodão nos olhos embebido em água termal. Estava feito: tinha chegado ao paraíso. Durante os 50 minutos seguintes, tive direito a massagem nas pernas, nas costas, nos braços e até na barriga. Quando terminou o meu corpo levitava e só achámos mal a massagem não ter continuado mais uma hora. Ou mais duas. A massagem relax tem o custo de 73€ para visitantes e 63€ para hóspedes e vale cada cêntimo.
Para um fim de-semana de 2 a 4 de agosto, num quarto duplo para duas pessoas o preço varia conforme o edifício escolhido. Para o hotel Termal duas noites tem o preço de 169,60€, para o hotel D. Carlos é de 217,62€, para o hotel Central é de 258,54€, para os apartamentos D. Francisco é de 185,07€. Para a estalagem D. Lourenço ainda não estão disponíveis preços.
*A MAGG viajou a convite do Villa Termal Caldas de Monchique Spa e Resort