Quem é que sabe tudo o que se passa na televisão portuguesa? Quem é aquela pessoa que reconhece todas as personagens da novela, tem noção de todas as tramas, vibra com os apresentadores da manhã e não perde pitada do que se passa à tarde?

A avó, claro. A avó adora os canais generalistas (confessa-nos esta avó que é fã de Cristina em particular) e é uma verdadeira enciclopédia no que diz respeito à televisão portuguesa. Maria Fernanda Simões tem 75 anos e é a autora da nova rubrica da MAGG, "A avó explica". Todas as semanas, é ela quem nos conta o que de mais interessante aconteceu na televisão.

Este é o seu primeiro texto.

Quando me pediram para analisar os programas de televisão, e para falar sobre os que mais gostei durante a semana, fiquei entusiasmada e petrificada ao mesmo tempo. Por um lado, podia expor tudo o que sentia em relação às novelas, ao programa do Goucha ou até ao programa da Cristina. Por outro, tinha medo de não ter assunto relevante.

Esse primeiro medo foi completamente ultrapassado: na semana que passou não só houve muitos programas com qualidade como os temas foram interessantes.

Começamos com o “O Programa da Cristina”. Era fiel ao “Você na TV” com a dupla Goucha e Cristina, mas desde a cisão que me divido entre a SIC e a TVI. Esta semana a escolhida foi a SIC.

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Para início de conversa começo logo com a roupa da apresentadora. Na quinta-feira, 4 de abril, Cristina usou um vestido azul de renda que me deixou encantada. Para além de adorar peças rendadas, adoro azul-escuro, por isso a escolha foi do meu agrado. Os brincos grandes a rematar foram a opção perfeita. Se no meu tempo houvesse disto, podem ter a certeza de que usaria até à exaustão.

O vestido de Cristina Ferreira era da sua loja, a Casiraghi Forever

Antes de passar para o próximo tópico, acho que devemos todos dar os parabéns à Cristina Ferreira. Afinal, o livro de inglês está nomeado para um prémio, uma espécie de Óscares do Inglês, como ela falou no seu Instagram. Tornou a sua fraqueza numa conquista e acho que só lhe traz é mérito. Por isso, parabéns Cristina!

Outro assunto que achei interessante no universo “Cristina Ferreira” foi a conversa sobre bullying com a apresentadora Carolina Patrocínio. É alarmante a quantidade de comentários depreciativos que as figuras públicas recebem. Não só referentes a elas, mas também às filhas – no caso da Carolina. Acho triste que haja pessoas que se escondam atrás de um computador ou de um telemóvel e que usem a internet para fins tão negativos, como o insulto gratuito às bebés.

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Passando das manhãs para as noites, tenho a dizer-vos que “A Teia”, a novela da TVI, é uma novela que me consegue prender todas as noites. Primeiro porque a trama faz jus ao nome – toda a intriga é uma autêntica teia, onde todos têm ligações, segundo pelas excelentes interpretações. E aqui falo do trabalho do ator Luís Esparteiro, que dá vida a Valdemar Seixas, e que acho que faz um papel fenomenal.

Mas esta semana houve duas cenas que me captaram a atenção.

A primeira é a onde Matilde (Beatriz Leonardo) se apercebe que está a perder a audição. Esta já é por si uma situação delicada, mas a história adensa-se quando Matilde é praticante de violoncelo. Ou seja, uma pessoa que faz música a perder a audição. Foi uma cena dramática que me fez pensar em quantos sonhos destruídos andam por aí. Devemos aproveitar a vida e nunca tomá-la por garantida.

Gosto de cenas dramáticas, por isso, a próxima também tem alguma tragédia à mistura. Vou tentar resumir a cena que me tocou profundamente para quem não está por dentro da história.

Cláudia (Madalena Brandão) e Tiago Messias (Filipe Vargas) são um casal com uma filha, Maria (Matilde Serrão), que é atropelada e que fica em coma durante dois anos. Os pais não conseguem superar a dor e adotam uma criança que estava no lar, a pequena Flor (Gabriela Mirza).

Tiago Messias e a filha Flor, na novela 'A Teia'

Entretanto a história avança e a filha Maria acorda do coma e fica com mazelas. Quem a ajuda é a irmã adotiva que faz tudo por ela: é Flor que ajuda Maria a falar, a sair da cadeira de rodas ou a andar. Neste momento da história acontece que Maria procura fazer coisas mal feitas com o intuito de culpar a irmã adotiva. A mãe Cláudia acredita na filha biológica e faz alguma distinção entre as filhas.

Toda a história me faz pensar na quantidade de crianças adotadas que poderão sofrer do mesmo mal. Faz-me confusão pensar que possam existir pessoas que façam a distinção entre filhos biológicos e adotivos e ter um claro preferido. Impressiona-me a maldade de Maria para com a irmã que fez tudo para a ajudar. Quantas crianças adotivas poderão estar nesta posição? Esta é uma pergunta que não me tem saído da cabeça.

Poderia continuar a falar do que gosto dessa novela, como as paisagens da Escócia que me dão vontade de comprar um bilhete de avião. Mas essas e outras paisagens ficam para outro dia. Até lá.