A estreia do “Big Brother Brasil”, a 13 de janeiro, ficou marcada pela entrada de Gracyanne Barbosa, a bodybuilder que come 40 ovos por dia. Por estar a exibir a sua alimentação restritiva num programa visto por milhões de pessoas, a MAGG consultou um especialista para perceber se este consumo de ovos pode ser prejudicial para a saúde.
“É importante perceber que o ovo tem dois grandes componentes: a clara, que é menos densa em nutrientes e gorduras, e a gema, que é mais rica em gordura e tem mais calorias. O ovo como um todo é um ótimo alimento, com cerca de apenas quatro gramas de lípidos, tem bastantes micronutrientes que ajudam, por exemplo, no funcionamento cerebral, conjugado com uma nutrição balanceada”, explicou Duarte Conchinhas, fisiologista do exercício pós-graduado em nutrição desportiva, à MAGG.
Quando se fala em consumo de ovos, uma das principais preocupações é relativamente ao colesterol. Mas, afinal, o que é isto? O colesterol é um tipo de lípido (gordura) produzido naturalmente pelo fígado ou obtido através dos alimentos, sendo essencial para o bom funcionamento do nosso organismo. Existem dois tipos de colesterol, o HDL (lipoproteína de alta densidade), conhecido como o colesterol bom, e o LDL (lipoproteína de baixa densidade), o colesterol mau.
Estudos revelam que o colesterol proveniente da nossa alimentação não aumenta significativamente o colesterol total no sangue, que pode variar de pessoa para pessoa, principalmente quando se compara dietas com e sem ovos. “Não há diferenças significativas numa dieta com ou sem ovos. Os aumentos no dito colesterol mau, o LDL, são poucos, cerca de cinco miligramas por decilitro sanguíneo, e de dois miligramas por decilitro no colesterol bom, o HDL. Algumas pessoas são mais sensíveis às gorduras saturadas e têm aumento superior do LDL, outras conseguem consumir muitos ovos por dia sem ter qualquer impacto lipídico a nível do colesterol total ou LDL”, explica Duarte Conchinhas.
Apesar de o consumo excessivo de ovos não parecer ter um impacto nocivo preocupante, a variedade e o equilíbrio são a chave para uma alimentação saudável. “O consumo elevado de ovos pode elevar ligeiramente as lipoproteínas, mas no mínimo está a limitar a variedade na dieta. Queremos o máximo de fontes proteicas, fibras, fruta, que nos deem micronutrientes diversificados. Se uma pessoa tiver um percentil de gordura muito elevado no seu corpo, consumir demasiados ovos pode ser prejudicial. Se fizermos as contas, 40 ovos por dia são cerca de 2800 calorias”, destacou o especialista.
Numa dieta equilibrada é importante optarmos por diferentes fontes de proteína, no que diz respeito aos ovos, dois por dia é o recomendado. “As recomendações da American Heart Association (AHA) são para incluir dois ovos por dia na alimentação, entre sete a 14 por semana, ajudando a diminuir o risco de enfarte do miocárdio”, acrescentou à MAGG.
Os componentes do ovo, a gema e a clara, também podem ser separados na alimentação, para quem quer diminuir o aporte calórico e continuar a consumir vários ovos por dia, pode ser uma boa opção. “Pode optar-se, por exemplo, por consumir apenas as claras se quiser continuar com o mesmo tipo de dieta, reduzindo assim as calorias e o aumento das LDL. É muito importante variar e diversificar a dieta, com as leguminosas, tofu, soja, peixes magros e carne vermelha magra, que podem facilitar a adesão proteica. Uma boa opção são também os lacticínios, como os iogurtes skyr que são pouco processados e têm vários sabores”, sugere Duarte Conchinhas.
Comer muitos ovos por dia pode não trazer impactos nocivos para a saúde, mas também não é muito interessante para uma alimentação equilibrada. “A maioria das pessoas não é atleta. O mais importante é praticar exercício e ter uma dieta variada e equilibrada. Tudo o que é excessivo, seja alimentos bons ou não, pode levar a impactos menos positivos. Moderação é o que nos leva a atingir os nossos objetivos de forma saudável”, rematou o especialista.