Um novo estudo indica que a córnea pode ser resistente ao SARS-CoV-2, vírus que causa a doença COVID-19, uma vez que nesta zona o vírus não se multiplica, ao contrário daquilo que acontece com outros vírus.
"Embora o vírus herpes simplex possa infetar a córnea e espalhar-se para outras partes do corpo em pacientes com sistema imunológico comprometido, e o vírus Zika tenha sido encontrado em lágrimas e tecido da córnea, o SARS-CoV-2 não parece multiplicar-se na córnea humana", explicam os investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, EUA, e autores do estudo publicado a 3 de novembro na revista científica Cell Reports.
A conclusão foi feita com base na análise em laboratório de 25 córneas de ratos e 25 córneas de humanos expostas aos vírus herpes simplex, Zika e SARS-CoV-2 e apesar de perceberem que a córnea do olho pode ser resistente ao vírus, o autor principal do estudo, Jonathan J. Miner, alerta: "As nossas descobertas não provam que todas as córneas são resistentes", ainda que todas as que foram testadas tenham resistido à SARS-CoV-2.
"Alguns pacientes com COVID-19 apresentam sintomas oculares, como conjuntivite, mas não está claro se a própria infeção viral causa isso. Pode estar relacionado com a inflamação secundária”, avança Rajendra S. Apte, oftalmologista que colaborou no estudo liderado pela equipa norte-americana. "Sabe-se que a córnea e a conjuntiva têm recetores para o novo coronavírus, mas nos nossos estudos descobrimos que o vírus não se multiplica na córnea", acrescenta.
Os investigadores reconhecem que será necessária uma amostra maior para confirmar as conclusões sobre a resposta da córnea ao novo coronavírus e ainda para analisar se outros tecidos no interior e à volta da córnea, "como os dutos lacrimais e a conjuntiva, são vulneráveis ao vírus".