Cristina Ferreira lançou no passado domingo, 19 de janeiro, o primeiro produto da #eusouGIRA. Depois de anunciar que a sua nova marca vai servir de plataforma base para vários projetos que pretendem “transformar, discutir temas, partilhar histórias, debater fragilidades e anotar fortalezas”, a apresentadora da TVI revelou que está a vender uma bruma íntima, uma espécie de refrescante para pulverizar na parte íntima, e que este é só o primeiro lançamento de muitos da marca. 

Novo projeto de Cristina Ferreira foi revelado e arranca com a venda de um refrescante íntimo, o PIPY
Novo projeto de Cristina Ferreira foi revelado e arranca com a venda de um refrescante íntimo, o PIPY
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PIPY é o nome do produto que, como Cristina Ferreira o apresenta, era “um segredo que precisava de ser partilhado”, e que custa 29,90€. “Este lançamento é uma provocação. É uma bruma íntima. Porque O PODER ESTÁ EM TI. A partir de hoje, não saias de casa sem o teu PIPY”, escreveu no Instagram. No site, são dados mais detalhes, explicando que o seu propósito é aplicar diretamente na zona íntima externa e usá-lo diariamente, de preferência após o banho ou sempre que precisar de uma sensação de frescura. É ainda de se salientar que o produto é feito à base de água, com 0% de álcool e é unissexo.

É uma estratégia de marketing"

No entanto, apesar do sucesso que fez assim que foi lançado, com Cristina Ferreira a publicar nas suas redes sociais várias clientes satisfeitas e outras tantas à espera que a encomenda chegue, à MAGG, a ginecologista Irina Ramilo — também responsável pela página de Instagram "A Ginecologista da Melhor Amiga" — explica que este tipo de produtos “não são imprescindíveis” na rotina de uma mulher, uma vez que, apesar de dizer que é unissexo, a publicidade feita é mais para o género feminino, e que “não traz benefícios” nenhuns para a saúde íntima. 

“Não estou a criticar, não acho que seja um produto que não possa existir no mercado, mas só não é preciso com esta conotação toda”, começou por dizer a especialista. “É uma estratégia de marketing. A Cristina Ferreira vende o que quiser e este produto não é uma novidade, mas não há necessidade nem benefícios”, acrescentou. Irina Ramilo explicou que a bruma íntima é como uma água micelar, “colocamos na cara quando está calor e refresca-nos”, e que este tipo de produtos existem cada vez mais porque as mulheres os procuram. 

No entanto, o facto de ter ácido lático é uma mais valia, uma vez que este é um ingrediente rico em hidratação. “Se usares um borrifador na parte íntima, também te refrescas, mas como aquilo tem ácido lático, acaba por ser rico em hidratação. Não é o essencial de tudo, mas hidrata, e se usarmos algo que normalmente não usamos na vagina, vai sempre hidratar de alguma maneira. Por exemplo, para peles mais sensíveis e que ficam irritadas, um creme dá uma frescura e é como esta bruma, mas não é de todo para tratar este tipo de reações, é só para criar esse sentimento”, explica a médica. 

Ainda assim, Irina Ramilo acredita que não é esse o objetivo da PIPY. “Não me parece que seja um produto no sentido de hidratação, é só mesmo um produto para refrescar”, acrescentando que pode ser mais utilizado “depois de ter relações sexuais” ou “quando se tira o biquini depois de um dia de praia”.

Além disso, a ginecologista também refere que este não é um produto que vá fazer mal à mulher, uma vez que, como é para usar apenas na parte exterior íntima, não interfere com o pH da vagina. “O cheiro normal de que se fala nas redes sociais do pH vem da vagina que é interior, e como esta bruma é para colocar no exterior, não vai interferir com cheiro normal da vagina ou com o corrimento”, diz.

Esse é uma das informações que a #eusouGira deixou no site, explicando que o produto foi "desenvolvido com uma fórmula com pH equilibrado compatível com a zona íntima externa" para respeitar "o equilíbrio natural da pele", acrescentando que é feito à base de água e com 0% de álcool.

Irina Ramilo acredita que estas são especificações que têm de estar bem visíveis, uma vez que, se tiver algum químico, pode resultar em “reações alérgicas ou irritativas, alterar o corrimento ou predispor a ter mais, infectar a região e causar vaginites”. 

"A humidade também pode trazer infeções", alerta a especialista

No entanto, a ginecologista deixa claro que, se alguém quiser usar estas brumas, precisa de deixar secar a área para não criar humidade, uma vez que isso também pode causar infeções. “O que eu acho é que como aquilo é tudo baseado em água e tem tão pouca estrutura, ninguém vai ter uma reação, porque a maior parte das vezes se se colocar água também não há ninguém que vá ter uma reação. Têm é de ter em atenção para a zona não ficar húmida, porque a parte da humidade também pode trazer infeções”. 

“É uma coisa que a pessoa opta por colocar, mas não tem benefícios. Nós também tomamos banho e ficamos com mais cheirinho. É uma estratégia tão exacerbada que é normal que as pessoas fiquem curiosas, quanto mais um produto é falado mais curiosidade têm. Isto é porque está ligado a uma marca e a Cristina Ferreira, em Portugal, é uma marca”, remata Irina Ramilo.