Os Estados Unidos, o Brasil e o Japão são os três países que mais recorrem a cirurgias plásticas, de acordo com o relatório da International Society of Aesthetic Plastic Surgey. De entre as intervenções, a que lidera é a da mamoplastia de aumento.

As mulheres entre os 20 e os 40 são as que mais recorrem a esta cirurgia, sendo que os 25 anos são a idade mais comum para esta intervenção, segundo indicam dados de clínicas especializadas.

Há um receio comum entre as mulheres que desejam recorrer a esta cirurgia plástica, o que faz sentido tendo em conta a faixa etária em questão. Amamentar com silicone é um problema? Poderá diminuir a produção ou alterar as características do leite? Poderá impedir a sua passagem e fazer com que o aleitamento não seja possível?

“Uma intervenção cirúrgica na mama, seja de cariz estético ou funcional, levanta frequentemente uma série de dúvidas e questões, sobretudo quando a mulher ainda pretende engravidar e eventualmente amamentar. Sendo uma das áreas anatómicas mais populares em termos cirúrgicos na atualidade, é importante esclarecer alguns mitos criados em torno da mamoplastia e do aleitamento”, diz à MAGG Ana Silva Guerra, cirurgiã plástica reconstrutiva e estética.

Nem todos as técnicas são favoráveis

“A maior parte das pessoas pensa que, pondo implantes, não pode amamentar ou que isso pode prejudicar o bebé.” Segundo a médica, as duas ideias estão erradas: “Podem amamentar perfeitamente com implantes. Não há transferência ou contacto do leite com silicone. O leite mantém as suas características independentemente do aumento mamário.”

Mas há várias formas de introduzir implantes mamários. E nem todas são ideias para amamentar. Dos quatro métodos possíveis, há, segundo a médica, dois mais comuns: a incisão inframamária, em que o implante é colocado através do limite inferior da mama, e a incisão peri-aureolar, em que se introduz o silicone pelo limite inferior da aureola — zona em torno do mamilo.

“A interferência na anatomia glandular da mama, que é comum às diversas intervenções cirúrgicas, deve ser minimizada com uma técnica atraumática e cuidadosa, que preserve a funcionalidade de glândula”, diz a médica. Portanto, destas, apenas uma garante absoluta segurança da capacidade de aleitamento materno.

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“Na incisão inframamária o implante é colocado pela parte de trás da mama. Faz com que não haja contacto com a estrutura da glândula mamária, o que permite que esta fique intacta e que o procedimento não interfira com a produção ou passagem do leite materno.”

Na incisão peri-aureolar é diferente. “Inevitavelmente vamos causar interferência na via mamária. Há uma distância muito curta entre a incisão e os canais em que passa o leite, os ductos, podendo condicionar a sua passagem ou até a sua produção.”

Seguindo o método certo, a produção do leite não se altera, bem como a capacidade da mãe para alimentar o seu filho. Aquilo que pode acontecer é a ocorrência de “alterações na sensibilidade mamilar”, pelo atordoamento de alguns nervos, derivado do aumento do volume.

“Embora não contribuindo favoravelmente [pode ser mais desconfortável], não se comprovam impeditivas da amamentação”. Poderá interferir com a sensibilidade da mulher, mas há que não esquecer o estímulo do bebé: “A sucção do bebé fica sempre preservada. E isso é importante. A mamoplastia pode dificultar um bocadinho, mas não é impeditivo. Há mulheres com implantes que conseguem amamentar e outras sem que não conseguem.”

Ana Silva Guerra considera fundamental que haja esclarecimento nas mulheres que procuram cirurgia e que pretendem um dia dar de mamar. “As duas situações não são mutuamente exclusivas pelo que a mulher pode usufruir das duas, sem ansiedade e com confiança.”

*texto originalmente publicado em 2018 e atualizado em 12 de novembro de 2022.