Apesar de ser uma etapa inevitável na vida da mulher, a menopausa permanece um assunto tabu. Foi na tentativa de contrariar essa ideia que a antiga primeira dama dos EUA, Michelle Obama, partilhou recentemente a experiência que tem vivido nesta fase.

A antiga primeira dama dos Estados Unidos concedeu uma entrevista à "People" com a esperança de conseguir, com isso, pôr as mulheres a falar sobre esta fase tantas vezes negligenciada. Publicada na quinta-feira, 10 de novembro, a conversa mostra como tem sido a experiência da mulher de Barack Obama.

A advogada norte-americana de 58 anos assegura não ter muitas alterações de humor e diz que já não consegue fazer exercício físico como antes, sendo que tenta apostar mais na flexibilidade. Mas o grande problema tem sido o aumento de peso. "A minha pele parece saudável. O meu cabelo continua na minha cabeça", adiantou.

E as iniciativas para trazer o tema para a ordem do dia não ficam por aqui.

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Para o assinalar o Dia Mundial da Menopausa, que aconteceu a 18 de outubro, a Vichy organizou um debate sobre o aconselhamento multidisciplinar da farmácia na menopausa, com o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM).

O painel, moderado por Liliana Campos, contou com a participação das farmacêuticas Marta Silveira e Eunice Reis Barata, com a dermatologista e diretora da Clínica Dermatologia do Areeiro, Leonor Girão, e com o endocrinologista e membro dos Corpos Sociais da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Carlos Bello.

Esta reunião serviu para explorar o papel do farmacêutico nesta fase da vida da mulher. Um dos tópicos principais foi o facto de ser necessário desmistificar, apoiar e informar. "Não há muita conversa sobre menopausa. Há muita coisa que ainda não sabemos", crê Michelle Obama.

Michelle Obama revelou que, em 2020, recorreu à terapia de substituição hormonal para tratar os afrontamentos, que são um dos piores sintomas trazidos pela menopausa. Liliana Campos, por sua vez, divulgou, no debate promovido pela Vichy, que teve uma "menopausa precoce" e que ainda hoje sofre bastante com os afrontamentos.

"A vida da mulher não começa nem termina na menopausa"

A apresentadora do programa da SIC "Passadeira Vermelha" relembrou um episódio em que estava sentada, a meio do programa, e, de repente, começou a ficar "encharcada". "Não conseguia falar. Achava que era o fim do mundo e que não podia continuar a fazer o meu trabalho", recordou.

Hoje com 51 anos, a comunicadora acredita que a menopausa "é uma etapa, não é o fim". Este "evento fisiológico com sintomas associados ao bem-estar" não deve ser um bicho papão para as mulheres, assim como reforçou Liliana Campos, embaixadora Neovadiol, a gama de cuidado de rosto anti-idade da Vichy para a menopausa.

MenoCoach Talks
MenoCoach Talks As MenoCoach Talks decorreram no SUD Lisboa a 18 de outubro. créditos: MAGG

"A vida da mulher não começa nem termina na menopausa", frisou a apresentadora, durante estas MenoCoach Talks, onde se abordaram as formas de atenuar os sintomas. E que sintomas são esses? Com a menopausa vêm as rugas, a falta de qualidade de sono e o aumento de peso, mas não só.

Algumas das manifestações da menopausa que levam as pessoas à farmácia são, de acordo com a farmacêutica Marta Silveira, "afrontamentos, infeções generalizadas, alterações de humor, secura generalizada do organismo, como na pele e nos olhos". O endocrinologista Carlos Bello acrescenta "dores articulares com caráter flutuante".

"Todas as mulheres têm sintomas diferentes com intensidades diferentes"

O endocrinologista sublinha que "todas as mulheres têm sintomas diferentes com intensidades diferentes", que podem surgir "muitos anos antes" da verdadeira menopausa, que acontece quando decorre "um ano ou mais" sem existirem períodos menstruais regulares.

As alterações hormonais inerentes à menopausa fazem com que a "gordura corporal não circule tão bem", acumulando-se mais gordura visceral, associada a um maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Tudo isto cria "perturbações no comportamento alimentar" ao "reduzir a saciedade" e "aumentar o apetite", trazendo, por exemplo, a "necessidade de comer doces", diz Carlos Bello.

A dermatologista Leonor Girão mencionou as insónias e avisou que o "suar em bica" pode piorar devido à ingestão de comidas quentes e picantes, pelo que devem ser evitadas. "Com o passar do tempo, os afrontamentos diminuem em frequência e em intensidade", revela Carlos Bello.

Estas sensações súbitas de calor "podem ser brutais e ter uma repercussão avassaladora na vida profissional e pessoal da mulher", refere Leonor Girão. Outro dos sintomas mais comuns é a secura vaginal, como apontou a farmacêutica Eunice Reis Barata. Ocorre pois existe uma "menor irrigação a nível dos tecidos genitais", uma "menor lubrificação" e uma "menor produção de secreções", explica Carlos Bello.

"A mulher não quer que o companheiro saiba que está na menopausa, porque ele vai achar que ela está a ficar velha"

Estes profissionais de saúde que integraram o painel das MenoCoach Talks, que decorreram no SUD Lisboa a 18 de outubro, recomendam a ida a consultas de ginecologia. "Há, de facto, uma diferença na vida sexual" a partir da chegada da menopausa, reconhece a farmacêutica Marta Silveira.

A mesma farmacêutica afirma que, muitas vezes, "a mulher não quer que o companheiro saiba que está na menopausa, porque ele vai achar que ela está a ficar velha". É frequente lidar-se com a menopausa "como se fosse algo pejorativo". De momento, em Portugal, mais de dois milhões de mulheres estão na menopausa.

E grande parte estarão a enfrentar uma "perda de firmeza da pele", mencionada por Eunice Reis Barata, bem como bastante secura. No entanto, como refere a dermatologista Leonor Girão, existem vários "dermocosméticos com ingredientes que ajudam a acalmar e a compensar a secura".

Estes produtos, como filtros solares ou cuidados antioxidantes, "criam uma nova renovação da pele". A pensar nisso, e aproveitando o evento, a Vichy lançou um novo sérum anti idade para todos os tipos de pele, que a reativa na menopausa reduzindo as rugas, corrigindo as manchas escuras e trazendo luminosidade.

"Muitas mulheres assumem a menopausa como uma inevitabilidade e não procuram ajuda"

Segundo as estatísticas apresentadas nas MenoCoach Talks, apenas 11% das mulheres em idade da menopausa são consumidoras habituais em farmácia. Todos os profissionais do painel incentivam à procura de aconselhamento farmacêutico. "Quando chega a uma farmácia, a mulher não tem noção de que há muita coisa a fazer" quanto à menopausa, crê Marta Silveira.

"Muitas mulheres assumem a menopausa como uma inevitabilidade e não procuram ajuda", acha Leonor Girão, que alerta para o facto de existirem "muitas coisas que conseguimos prevenir", apesar de não ser possível evitá-la, já que significa o natural envelhecimento.

"Se não houver risco real de cancro de mama, conseguimos fazer uma terapêutica hormonal de substituição", exemplifica a dermatologista, sobre este tratamento a que também Michelle Obama se submeteu e que consiste no fornecimento das hormonas em falta através de comprimidos, selos ou cremes.

Aos profissionais de saúde, para Eunice Reis Barata, "cabe trazer este assunto" para a ordem do dia. "Temos de normalizar e de estar mais atentos. O farmacêutico deve atentar nos sintomas e dar informação através de fontes credíveis", acrescentou, sobre esta fase "de maior autoconhecimento" que também "tem certas coisas positivas para a mulher".