É cada vez mais comum depararmo-nos com pessoas cujas feições do rosto surgem rejuvenescidas ou mesmo alteradas. Porém, graças à medicina moderna, nem sempre é necessário "ir à faca" para se efetuar grandes mudanças — seja pelos padrões de beleza disseminados pelas redes sociais ou pela tentativa de fuga aos sinais do envelhecimento.
A cirurgia e a medicina estética são áreas distintas. Enquanto a medicina estética "não utiliza cirurgias" e "não tem quaisquer cortes", sendo "quase todos os tratamentos feitos só com anestesia local ou sem anestesia", a cirurgia "é mais objetiva" e "tem resultados mais duradouros", explica-nos o cirurgião plástico Ângelo Rebelo.
Esta semana, Elma Aveiro, 49 anos, surgiu visivelmente diferente, com as maçãs do rosto mais salientes, os lábios mais carnudos e as rugas suavizadas. Fomos tentar perceber o que leva as pessoas, no geral, a modificarem as suas feições.
Embora os filtros da internet e as aplicações como o Photoshop permitam fazer mudanças visíveis apenas em fotografias, já há quem pretenda efetivá-las na vida real, além-ecrã. "A Elma é uma mulher bonita. Antes de fazer fosse o que fosse, já tinha o seu padrão de beleza e de estrutura definidos. Está naquela idade a que, medicamente, posso chamar de idade da transição", aponta Ângelo Rebelo.
Nesta tal "idade da transição", "aconselha-se mulheres e homens, sobretudo mulheres, a começarem a fazer algumas coisas para travar o processo de envelhecimento e de transformação causado pelo avançar dos anos". "Existe muita coisa que pode atrasar e melhorar aspetos como a qualidade da pele, o tipo de pele", exemplifica o médico.
A que tratamentos se pode recorrer para mudar as feições do rosto sem cirurgia?
Estes tratamentos podem passar por preenchimentos, toxinas botulínicas (mais conhecidas por botox), aparatologia (tratamento de rejuvenescimento facial com luz pulsada), ácido hialurónico, fios de sustentação (técnica utilizada para reduzir a flacidez) ou até plasma rico em plaquetas (que consiste na aplicação do sangue do paciente em si mesmo, com agulhas muito finas).
Qualquer um destes procedimentos garante uma harmonização facial. Esta harmonia pode implicar vários cenários: "dar um toque diferente, fazer umas maçãs de rosto mais salientes, um contorno do rosto mais pronunciado, mais harmónico, mais estético", enumera o cirurgião com quem falámos.
Ainda que a "grande maioria" das harmonizações sejam feitas no rosto, "até porque é o que está mais à mostra", também são realizadas no resto do corpo. Segundo o cirurgião plástico, é possível atrasar ou até parar o processo de envelhecimento recorrendo a este tipo de intervenções.
Os desfechos destes tratamentos estéticos são subjetivos. Existem uns com mais resultados, outros com menos e outros autênticos desastres, podendo levar as pessoas a ficarem "completamente deformadas". Quando mal efetuados, implicam a necessidade de cirurgia, que "deve ser proposta quando tem indicação e na altura em que é mesmo precisa".
Estas intervenções duram para sempre?
A procura por produtos farmacêuticos com uma maior durabilidade tem vindo a aumentar, sendo que há progressos, uma vez que os métodos que antes duravam uns meses hoje podem durar anos. No entanto, "depende sempre do que se usa", tal como alerta Ângelo Rebelo.
Embora não existam "tratamentos de medicina estética que sejam permanentes", de acordo com o fundador da Clínica Milénio, ao recorrer a uma destas intervenções, alguém "que eventualmente precisasse de fazer uma cirurgia daqui a três ou quatro anos, só vai precisar daqui a 10".
É também por isso que o diretor da Clínica Milénio não costuma propor cirurgias e sim "técnicas de medicina estética vastíssimas". "A medicina estética tem avançado mais do que a cirurgia estética e consegue, de facto, fazer alterações momentâneas e mais rápidas, desde que seja bem feito", aponta.
Enquanto cirurgião plástico, Ângelo Rebelo recebe mais pessoas que procuram alterar o rosto por razões estéticas e não tanto para travar o envelhecimento. "A história do anti-envelhecimento, apesar de já ter muitos anos, ainda não entrou muito na mentalidade portuguesa", considera.
Isto porque, em alguns dos tratamentos, "a pessoa não vê alterações no rosto na hora", fazendo com que não queira avançar com aquilo que este cirurgião considera "um investimento". "Não se vê, mas, no futuro à distância, vão ter esse resultado", garante. "Muita gente quer fazer cópias e imitações nem sempre possíveis", alerta.
"O tempo demonstrou que são coisas que depois desaparecem. São surtos que aparecem por razões mediáticas e que levam as pessoas a procurar estas intervenções. Na minha experiência, felizmente, é raro", disse-nos Ângelo Rebelo, sobre os fenómenos que surgem devido aos padrões de beleza criados pelas redes sociais.
A Clínica Milénio, situada nas Laranjeiras, em Lisboa, já realizou intervenções estéticas em celebridades portuguesas como Ricardo Martins Pereira, António Pedro Cerdeira, Diana Monteiro, José Castelo Branco, Noémia Costa, São José Correia, Carla Andrino e José Carlos Pereira.