Os cigarros eletrónicos são habitualmente vendidos como uma alternativa menos prejudicial para a saúde quando comparados aos cigarros convencionais. No entanto, já há vários estudos que mostram o contrário.

Uma investigação, divulgada a 28 de fevereiro, revela que os cigarros eletrónicos não são seguros para os pulmões e que os fumadores que optem por esta alternativa estão duas vezes mais propensos a sofrer de sibilância (sonoridade aguda ou chiada produzida pelas vias respiratórias, que geralmente é ouvida quando se tem alguma doença nos pulmões, nos brônquios ou nas vias respiratórias), bem como de dificuldade em respirar, do que as pessoas que não usam cigarros eletrónicos ou não fumam.

O estudo envolveu dados de mais de 28 mil adultos nos Estados Unidos. Destes, 641 eram fumadores de cigarros eletrónicos, 8525 eram fumadores convencionais, 1106 usavam as duas opções e os restantes 17 899 eram não fumadores.

Segundo o estudo, realizado pelo Centro Médico da Universidade de Rochester, em Nova Iorque, e publicado na revista "Tobacco Control", os fumadores de cigarros eletrónicos têm mais 1,7 de probabilidade de apresentar sibilância e outros sintomas respiratórios.

A sibilância, que é causada quando se verifica uma inflamação ou um estreitamento das vias respiratórias, é muitas vezes precursora de outras doenças mais graves, como a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), insuficiência cardíaca, doença do refluxo gastroesofágico, apneia do sono ou cancro do pulmão.

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O estudo indica ainda que as emissões e os aromas dos cigarros eletrónicos danificam as células dos pulmões, uma vez que produzem radicais livres nocivos (moléculas de oxigénio) e inflamação no tecido pulmonar.

"A mensagem a reter é que cigarros eletrónicos não são seguros quando se trata de saúde pulmonar. As mudanças que estamos a constatar, tanto em experiências de laboratório como em estudos de pessoas que fumam cigarros eletrónicos são consistentes com os primeiros sinais de danos nos pulmões, o que é muito preocupante", afirmou Deborah Ossip, uma das autoras do estudo, ao jornal britânico "Daily Mail".

No entanto, Dongmei Li, uma das autoras do estudo, reconhece que este apresenta algumas limitações pelo método utilizado na recolha dos dados, que se baseou em auto-relatos. Assim, por exemplo, a investigação não pode provar que os cigarros eletrónicos provoquem sibilância, mas apenas identificar que existe uma associação entre estes dois fatores. Do mesmo modo, a dieta ou o nível de atividade física também podem ter influência no risco de sibilância e estas variáveis não foram incluídas.