Para muitos, a viagem de sonho é poder fazer um safari por terras africanas. Poder observar todos os animais selvagens no seu habitat natural e tirar umas fotos para recordação pode parecer inofensivo. No entanto, um novo estudo, publicado esta quarta-feira, 20 de março, no Journal of Zoology, revela que este tipo de turismo pode ser um fator de desestabilização para estes animais selvagens.
Ao longo de 15 meses, os investigadores estudaram quais os efeitos da pressão turística na ocorrência do stresse, de vigilância e de agressividade nos elefantes africanos. A investigação, que diz ser a primeira a incidir sobre o impacto dos safaris sobre estes animais, concluiu que os elefantes revelaram um aumento de agressividade, stresse e que estes animais têm tendência a afastar-se cada vez mais de onde se encontravam (quer estivessem a alimentar-se ou a descansar) quando o número de veículos aumenta.
De acordo com o estudo, os elefantes são ainda mais propensos a tornarem-se agressivos com os restantes membros do rebanho quando há um grande número de pessoas por perto.
"Os turistas que desejam observar os animais no seu habitat natural devem estar conscientes dos potenciais efeitos negativos no bem-estar animal", disse Isabelle Szott, a principal autora do estudo, ao jornal britânico "The Telegraph".
Tal como avança o "The Telegraph", são vários os casos conhecidos onde já se verificaram comportamentos agressivos e fatais por parte de elefantes. Em setembro de 2018, no Zimbabué, uma turista alemã de 49 anos foi pisada até à morte por um elefante enquanto tentava fotografá-lo. Em dezembro de 2017, o "Observador" também noticiava a morte de um homem na Índia que, ao se deparar com um elefante no trânsito, saiu do carro para fotografá-lo e o animal acabou por espezinhá-lo.
"Sugerimos que uma distância mínima consistente do indivíduo mais próximo, especialmente na primeira abordagem, deve ser introduzida nas diretrizes para a observação da vida selvagem, de modo a aliviar o potencial de conflito", referiu Isabelle Szott.