Desde 2009, o número de viajantes aumenta 9% a cada ano. Se em 2000 foram "apenas" 674 milhões, em 2030 prevê-se que 1,2 mil milhões de pessoas viajem para países que não o seu. E ainda que Diana Chiu Baptista seja um desses, sabe que, se não o fizer de forma consciente, no futuro alguns dos cenários para onde hoje vai enquanto turista deixarão de existir.
Quando em 2017 se despediu da empresa de comunicação na qual trabalhava há mais de dez anos para começar a organizar viagens, sabia que independentemente do destino, todo o contexto tinha que ser o menos impactante possível para o local e o mais impactante possível para quem o visitava. Criou assim a Macro Viagens, uma agência de viagens com programas em grupo para a Índia, "todos com um carácter mais realista do que turístico, uma forte vertente espiritual, viagens exclusivamente vegetarianas e com potencial transformador", explica no site de apresentação do projeto, no qual aproveita para apresentar a grande viagem deste ano.
A segunda edição da Viagem Budista à Índia está agendada para junho (de 8 a 23) e conta, tal como na primeira viagem, que aconteceu em 2018, com o acompanhamento e ensinamentos de Paulo Borges, praticante da vida de Buda.
Ao contrário da primeira edição, que passou também por Varanasi, Sarnath e Bodhgaya, aumentando o ritmo da viagem, desta vez o passeio fica-se apenas por Shimla, no Vale Spiti e em Dharamsala, dando mais tempo ao grupo para aprofundar a cultura do norte da Índia.
Uma viagem diferente
Uma das preocupações de Diana foi que a Macro Viagens se focasse em destinos pouco massificados, para evitar o impacto negativo do turismo nesses locais.
A agência faz parte do programa de certificação de sustentabilidade turística Biosphere Responsible Tourism e prepara-se para ser a primeira agência de viagens nacional que oferece programas fora do país com este tipo de certificação. Na prática, quem quer viajar com Diana sabe que não será uma viagem comum a todos os níveis, até nos ambientais.
Foi por isso que preparou um manual de boas práticas no qual aconselha, por exemplo, a que todos os participantes levem uma garrafa reutilizável, optem por comida local e vegetariana, não se envolvam em atividades de exploração animal e participem em sevas, ou seja, trabalho voluntário, feito sem expetativa de reconhecimento ou atenção. Essas atividades podem ser recolher lixo na praia, fazer atividades com crianças, plantar árvores ou limpar um mosteiro, por exemplo.
Os pormenores da viagem podem ser consultados online, mas a garantia é que no preço final — 2.790€ — está tudo incluído, mas tudo mesmo. Além do alojamento para 15 noites, três refeições vegetarianas por dia, transportes, atividades do programa, donativos para templos e mosteiros, estão também integrados os voos internacionais e o seguro de viagem, o que não é comum neste tipo de viagens. "A ideia é que os preços sejam claros e que os viajantes saibam com o que podem contar a nível de custos reais", explica Diana em comunicado.