Quando Mark Zuckerberg comprou o WhatsApp por 22 mil milhões de dólares (21,1 mil milhões de euros) em 2014, anunciou logo que não tinha ideia de como iria recuperar o investimento. O dono do grupo Facebook, hoje Meta, acreditava apenas que a app iria ter um uso massivo e que, com milhões de utilizadores, iria conseguir encontrar forma de recuperar o investimento e ganhar muito dinheiro. A verdade é que oito anos depois, o WhatsApp é uma das aplicações mais utilizadas do mundo mas continua sem ter um modelo de negócio associado que seja rentável, quanto mais que permita recuperar a enormidade de dinheiro que foi investida na sua compra. Só que isso pode estar para mudar, e já muito em breve.

O próprio Mark Zuckerberg já o confirmou numa entrevista recente à CNBC que está a estudar um modelo de retorno comercial para o WhatsApp, que deverá passar, numa primeira fase, por uma aposta forte no WhatsApp Business, a irmã gémea da app, criada em 2018, mas com funcionalidades únicas que podem ajudar quem tem pequenos negócios. Mas quem usa o WhatsApp normal também pode sofrer com estas alterações.

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Para já, o que se sabe é que o negócio principal do grupo Meta é e continuará a ser o da venda de publicidade orientada para o utilizador correto. Ou seja, o desafio continuará a ser o de como mostrar anúncios clicáveis no WhatsApp por forma a receber dinheiro dos anunciantes e não dos utilizadores. A ideia é a de que quem está a usar as plataformas, nunca saia do universo Meta (WhatsApp, Instagram, Facebook, Messenger). "Se eu ficar em qualquer uma das plataformas da Meta, e comunicar, perguntar, comprar usando plataformas Meta, não há perda de sinal, e é mais fácil para o grupo Meta dizer às marcas que o que gastaram em publicidade teve um retorno", explicou Mark Kelley, director-geral e analista sénior de investigação de equidade da Stifel, em declarações à CNBC. Isto porque esta "perda de sinal" (quando os utilizadores fogem das plataformas Meta e vão para o Google, TikTok ou YouTube), "é realmente o que tem tido impacto nas empresas de social media".

Assim, e numa primeira fase, que já está em fase beta em alguns telefones, o utilizador do WhatsApp business já está a ser questionado sobre se quer aderir ao plano premium do WhatsApp, que é pago, através de uma subscrição. Este plano premium trará seguramente vantagens diferenciadoras para quem tem negócios e quererá impactar clientes que têm WhatsApp ou conseguir conversar com eles, mostrando-lhes produtos ou serviços em formato de conversação. Ainda assim, não são conhecidos detalhes sobre este plano pago, que deverá chegar em força já no início de 2023.

Mas vai continuar a haver serviço gratuito?

É no entanto impensável que o WhatsApp deixe de ter uma versão gratuita. Ou seja, quem quiser a ter a app na sua versão mais simples e básica, sem pagar, deverá poder continuar a fazê-lo. O que pode estar a ser discutido neste momento são possíveis limitações ao uso da app para quem não quer pagar. Assim, existirá a hipótese de ficar com muito menos opções do que aquelas que tem neste momento. Por exemplo, pode haver um limite ao número de grupos a que pode aderir ou ser adicionado. Outra das hipóteses que estão a ser estudadas é a de o histórico das conversas ter um período limitado, ou seja, que ao fim de 30 dias, por exemplo, as conversas mais antigas são apagadas da app para quem usa a versão grátis. Também é possível que quem tenha a versão mais simples, não paga, que deixe de ter a hipótese de usar o WhatsApp web no computador, ou que fique limitado a apenas 1 sessão num dispositivo.

No sentido inverso, estão a ser estudadas também vantagens a oferecer a quem tem o plano pago. Uma das soluções deverá passar por permitir que quem paga a subscrição possa ter o WhatsApp em diferentes telefones ao mesmo tempo, algo que hoje não é permitido. Também poderá passar a poder sincronizar os dados de forma ilimitada, com importação de fotos e vídeos através de uma cloud sempre que se conectar a um dispositivo novo.

A verdade é que pagar pelo WhatsApp não é uma coisa assim tão inovadora. Quando a app surgiu, era paga. Havia, então, duas hipóteses: ou comprar a app por 4,99€ ou pagar uma subscrição de 1€ por ano. Algum tempo depois, passou a ser totalmente gratuita, antes de ser comprada por Zuckerberg.