De olhos claros, lábios grossos e muitas sardas na cara, à primeira vista Miquela Sousa pode parecer uma instagrammer como tantas outras. Tem 19 anos, vive na Califórnia e já pousou com o patrocínio de várias marcas de renome como a Prada, a Chanel e a Supreme. Em dois anos, e com apenas 300 publicações, o seu perfil de Instagram conta já com mais de 900 mil seguidores e o sucesso tem sido tal que em 2017 a modelo decidiu aventurar-se na área da música, com um primeiro single já disponível no Spotify.

Mas por detrás da beleza e do carisma de Miquela esconde-se uma característica que a distingue dos restantes utilizadores — o facto de (provavelmente) não existir. A dúvida acerca da sua identidade continua a promover muita discussão nas redes sociais e as opiniões dividem-se.

Se uns acham que Miquela é, de facto, um robô e estão sempre atentos a todos os detalhes para poderem comprovar as mais bizarras teorias de conspiração, outros acreditam piamente que o aspeto artificial das fotografias decorre de um exaustivo processo de edição mas que, no entanto, a aparência real da instagrammer não será muito diferente daquilo que se vê nas publicações.

Na verdade, foi este o argumento de Miquela na sua única entrevista ao YouTuber Shane Dawson. "Consegues dizer-me o nome de uma pessoa que não edite as suas fotografias no Instagram? Quem não edita as suas fotografias?", responde quando questionada acerca da sua identidade.

Mas o fenómeno de uma personalidade virtual capaz de influenciar e gerar reações não é novo. Além dos britânicos Gorillaz — a banda de eletrónica cujos membros são todos eles virtuais —, há ainda o caso da modelo Shudu Gram— conhecida por ser a primeira modelo digital do mundo a pousar profissionalmente pelas mais variadas marcas de roupa e beleza.

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O insólito da situação e o que mais desperta a curiosidade dos utilizadores está no facto de as atitudes de Miquela se assemelharem às de uma pessoa real. É que não só tira fotografias pelas ruas por onde passa e com as pessoas com quem se cruza (maioritariamente modelos), como ainda promove eventos ou causas sociais. Mas também interage em tempo real — via email e mensagens privadas através do Twitter e do Instagram — com os mais de 900 mil utilizadores que a seguem.

Miquela aproveita ainda o Instagram para partilhar, em pequenos sketches de vídeo, o seu quotidiano. Numa das mais recentes publicações, por exemplo, a modelo agradece à marca Adidas pelo envio de uns ténis — sendo este o tipo de interação expectável entre um digital influencer de carne e osso e uma marca.

Independentemente de ser ou não real, a figura da instagrammer parece representar a personificação daquilo que interessa aos utilizadores das redes sociais — conteúdo altamente modificado e estilizado com o propósito de mascarar uma realidade documentada.

A única diferença está no facto de Miquela não parecer humana. Mas até que ponto nos podemos considerar humanos numa plataforma que promove a aplicação de filtros e efeitos artificiais, em que o tom da nossa pele e a cor dos nossos olhos não corresponde aos tons, às cores e às texturas reais?

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