Começa com um plano todo negro. Silêncio. Ouve-se então um cão a ganir em desespero, e vê-se o animal, num plano de baixo para cima, a ser atirado de um prémio gigante em Bombaim, na Índia. "Acredita em Deus?" é a primeira frase que é dita enquanto a câmara acompanha o movimento descendente do animal que, assim que chega ao chão, morre instantaneamente, causando o pânico de um grupo de estudantes que estava na rua. "Deus quer lá saber", ouve-se.

Estávamos em julho de 2018 quando, para surpresa de muitos, chegava à Netflix "Jogos Sagrados", a primeira série indiana do catálogo. As críticas, atribuídas pela imprensa internacional, foram muito positivas que depressa compararam a nova produção a "Narcos" .

"Jogos Sagrados" segue o conflito étnico e religioso entre a comunidade muçulmana e hindu. A história acompanha Singh (Saif Ali Khan), um agente honesto da polícia que vê a sua vida a sofrer uma reviravolta incrível e radical com um simples telefonema.

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A chamada anónima é feita por um dos criminosos mais violentos e importantes da cidade, desaparecido há anos, que diz conhecer o pai do agente, mas que essa não é a única informação que vai fazer com que o protagonista o leve a sério. E continua, implacável, ameaçando a cidade de Bombaim com um ataque terrorista que resultará na morte de milhares de cidadãos.

A história, que conta já com duas temporadas, está repleta de tensão e de reviravoltas chocantes e é só um dos exemplos que, talvez por não ter sito tão promovido pela Netflix em Portugal, poderá ter passado ao lado de muitos utilizadores. Mas não é o único.

"Derry Girls", por exemplo, é outras das séries marginalizadas do catálogo da Netflix. A história é com e sobre miúdos ou, mais especificamente, sobre o que é ser-se adolescente num contexto político e cultural de grande tensão — em que a Irlanda do Norte sofre bombardeamentos de vários grupos paramilitares que estão contra o domínio britânico.

Mas o contexto é apenas ruído de fundo para percebemos a forma de agir das personagens que estão mais preocupadas com o facto de não poderem ir a um concerto por estarem de castigo ou por verem uma sessão de solário estragada depois de rebentar mais uma bomba. Apesar do background sério e sufocante, a série é leve, ácida e muito satírica. Mas temos mais sugestões.

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