Para cada grande produção como “A Guerra dos Tronos”, há cinco ou mais séries que passam despercebidas e que não são conhecidas ao ponto de se tornarem assunto de conversa em jantares de amigos. “The Americans”, terminado em 2018 e considerado pela crítica como um dos melhores (e mais desconhecidos) títulos dos últimos anos, é só um exemplo.

Todas as semanas, a MAGG traz-lhe uma sugestão imperdível na nova rubrica “A série que ninguém está a ver”, com o objetivo de dar a conhecer algumas das produções com menos visibilidade — mas que merecem tantos ou mais elogios como outras populares

A nova recomendação é “Bad Blood”, da Netflix, e é a série perfeita para quem gosta de histórias com mafiosos violentos e carismáticos, bem ao estilo de clássicos do género como “O Padrinho”, no cinema, ou “Os Sopranos”, na televisão. E porque quem se deixa seduzir por gangsters enfiados em fatos de milhares de dólares, comprados com dinheiro sujo, já sabe exatamente que tipo de história vai encontrar, aqui há um bocadinho de tudo para garantir que não se aborrece.

Desde relações de poder a conflitos entre organizações criminosas, “Bad Blood” foca-se nos chavões do género à medida que acompanha Vito Rizzuto, um chefe da máfia (interpretado por Anthony LaPaglia), que enfrenta problemas dentro da sua família — termo que, ao longo das várias décadas no submundo do crime, e por influência italiana, se foi tornando sinónimo de organização criminosa.

Além de um filho insubordinado, com sede poder, com vontade de arriscar estragar tudo aquilo que o pai construiu durante anos, Vito vê-se a braços com o dilema de não saber exatamente como proceder quando organizações rivais se juntam para o matar. Tudo isto cria um clima de instabilidade constante que ameaça a base dos negócios da organização e a sua relação com as autoridades e altas figuras da sociedade canadiana.

E apesar do glamour já muito típico em histórias com protagonistas posicionados à margem da lei (que faz parecer cool um estilo de vida errático), “Bad Blood” não cai no erro de glorificar os mafiosos ou a violência, sempre gratuita, que estes vão perpetuando ao longo dos episódios.

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No entanto, e porque a televisão serve para isso mesmo, a série faz uso da violência, da criminalidade e da transgressão para entreter. E entretém, ao ponto de deixar qualquer espectador sem unhas para roer até ao último episódio.

Estreada em 2017, e com as duas temporadas disponíveis na Netflix, “Bad Blood” é só mais uma das produções a ser ignorada num serviço repleto de coisas novas e com um algoritmo que nem sempre sugere conteúdos com base nos hábitos de visualização do utilizador. Com um elenco de luxo, com nomes sonantes como Kim Coates (“Sons of Anarchy“) e Anthony LaPaglia (“Sem Rasto“) nos papéis principais, esta será provavelmente a série que vai ter vontade de comentar com amigos e família ao jantar.