"Berlim" (ou, no original espanhol, "Berlín") chega à Netflix ainda este ano. O primeiro trailer foi lançado este sábado, 17 de junho, no evento global TUDUM, e já é possível tirar algumas dúvidas sobre o conteúdo da série. No dia anterior, a MAGG viajou até à Madrid Content City, o centro de produção de conteúdos espanhol, para participar na conferência de imprensa com os criadores e o elenco principal da série, encabeçado por Pedro Alonso.
Aléx Pina e Esther Martínez Lobato são os criadores e guionistas de “Berlim”, que chega em dezembro à Netflix. Depois de terem escrito “La Casa de Papel” e “Sky Rojo”, os autores contam queriam fazer algo mais divertido. “Esta é uma série muito mais luminosa, lúdica e absolutamente hedonista”, conta Pina. Esther Martínez Lobato destacou a importância de se afastarem de “La Casa de Papel” para criarem “um mundo próprio” para Berlim. “Na série, já tínhamos contado muita coisa sobre ele, então tivemos de puxar pela cabeça para pensar que mais podíamos saber sobre ele. Nesse processo, descobrimos a sua história”, diz a autora.
1. Quem é quem em "Berlim"?
Michelle Jenner dá vida a Keyla, a nerd do grupo. “É uma personagem muito divertida. É uma engenheira eletrónica, perita em código e em cibersegurança, mas também é muito sensível e pouco experimentada na vida real. Isso faz com que se envolva em situações com as quais não sabe lidar”, explica a atriz de 36 anos. Tristán Ulloa é Damián, o braço direito de Berlim. “Além de amigo, ele é o homem que executa os planos de Berlim. Tem algo de escudeiro. Ele é D. Quixote e eu sou Sancho Pança. Ele vê gigantes, eu vejo moinhos (risos)!”, conta o ator de 53 anos.
Begõna Vargas é Cameron, uma jovem atraída pelo perigo. “É uma mulher muito livre, algo que admiro muito nela. Ao fim de contas, todos nós temos tendência a julgar-nos e a pensar demasiado no que fazemos. É pura, faz o que sente e dá 100% em tudo. E esse aspecto é muito bonito, além de ser muito divertida”.
Julio Peña é Roi, um jovem que encontra em Berlim “alguém em quem se apoiar”. “Berlim está muito próximo do seu coração”, conta o ator. O estreante Joel Sanchéz entra pela porta grande da televisão, ao dar vida a Bruce na série da Netflix. “Inicialmente parece uma pessoa superficial, o típico bombado, mas vai ser interessante ir além desta capa. Ele tem um fundo muito bonito, mas é uma pessoa que se vai relacionando através da brincadeira, porque custa-lhe libertar os sentimentos. Mas é uma pessoa encantadora”, explica o jovem ator.
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2. E o Berlim do passado, quem é?
“Não deixa de ser um psicopata, com as suas luzes e sombras, mas numa época em que era muito mais dandy e que desfruta mais dos prazeres da vida”, revela Aléx Pina. Pedro Alonso explicou como foi voltar a interpretar Berlim, que [alerta, spoiler se é das poucas pessoas no mundo que ainda não viu a série original] morre no final da segunda temporada de “La Casa de Papel”.
“Ele esteve vivo, era denso e perigoso. Morreu e isso fez-me descobrir uma vertente da personagem mais luminosa. E, nesta espécie de tempo quântico, volta a estar no presente. Estar com ele no presente foi incrível, foi reencontrar-me”.
O ator de 51 anos salientou ainda que o mais difícil foi encontrar “o tom” de Berlim. “Foi feito um corte enorme com a série anterior. Tentámos honrar o que fizemos de bom, mas a série é outra. Embora haja ecos, porque as pessoas conhecem a personagem, mas não tem nada que ver”, explica ainda Pedro Alonso. “O que me ficou, no final das gravações, é a alegria de viver dele, a 'joie de vivre'. É uma personagem muito ambivalente e, às vezes, perigoso, que te perturba. Mas ele tem um afã para agarrar a vida desde o primeiro momento”, explica o protagonista da série.
3. Que assalto é que Berlim quer fazer?
O objetivo do grupo é assaltar a Chez Vienot, a maior leiloeira de Paris, onde estão 44 milhões de euros em joias. Aléx Pina revelou que, antes de começarem a fazer a série, tinham “um portefólio de assaltos” passíveis de serem postos em prática. “Pensar em assaltos é muito complicado (risos)!”, atira Aléx Pina.
4. Onde se passa o spin-off da série?
Paris é o cenário escolhido para grande parte da ação. Há muitas cenas de exteriores, mas os atores também desenvolveram grande parte do seu trabalho nos cenários virtuais, criados no centro de produção de Madrid.
5. A nova canção (que transformou Pedro Alonso e Tristán Ulloa numa boysband)
Em 1982, o cantor italiano Al Bano e a então mulher, a norte-americana Romina Power lançavam "Felicitá", um dos maiores êxitos da música italiana. A canção será a que ouviremos mais vezes em "Berlim", à semelhança do que aconteceu com "Bella Ciao" em "La Casa de Papel".
E o tema não surge apenas na série, mas é interpretado por Pedro Alonso e Tristán Ulloa, “uma dupla nova da música mediterrânea”, brinca Pedro Alonso. Os dois atores foram desafiados a ir para estúdio gravar uma nova versão de "Felicitá".
“Foi uma prenda maravilhosa. Falámos com o Pedro e ele disse ‘mas eu não canto nada!’”, começa por contar Tristán. “Sempre tivemos essa vontade de cantar mas nunca tivemos coragem e, de repente, deixam-te brincar com esse boneco. Começas a cantar e já não queres parar”, recorda o ator que dá vida a Damián. “Foi uma viagem extraordinária. Antes de nos encontrarmos com o Aléx [Pina], eu trauteava a canção, em casa, baixinho, por pura vergonha. E, quando a cantei pela primeira vez, fui buscar coisas da personagem…e já somos cantores! Somos uma boysband (risos)!”, recorda Pedro Alonso. Aléx Pina revela que há mais covers em “Berlim”, além de músicas bem conhecidas do público.
6. Que personagens voltam de “La Casa de Papel”?
As inspectoras Raquel Murillo (Itziar Ituño) e Alicia Sierra Montes (Najwa Nimri) vão fazer aparições especiais em “Berlim”. Esther Martínez Lobato explica que estas participações tiveram de ser muito bem pensadas, porque havia uma série de constrangimentos temporais da história. “Se aparecessem certos personagens, íamos ser infiéis a 'La Casa de Papel', porque eles não se conheciam. Tivemos de descartar alguns e, finalmente, acho que ele cruzar-se no passado com as inspectoras Murillo e Sierra será muito estimulante e refrescante. Em ‘La Casa de Papel’ insinuámos que eles tiveram uma relação no passado, o que nos deu vontade de explorar como eram naquele tempo”, explica a criadora da série.
7. Vai haver segunda temporada?
“Temos muitas ideias, mas é preciso estrear. Ao fim do dia, é o público que decide se há ou não uma segunda temporada. Não há nada definido”, conta Aléx Pina, garantindo que ainda nada foi discutido com a Netflix.
8. E romance, vai haver?
Aléx Pina explicou que, juntamente com Esther, se sentiram atraídos para explorar “a perspectiva romântica” de Berlim. “Ele pode ser absolutamente encantador, sentimental e realmente sensível e, ao mesmo tempo, um ogre, com uma escuridão enorme”.
Em “La Casa de Papel”, Berlim tem relacionamentos com homens e mulheres, usando o seu poder e capacidade de manipulação para controlar emocionalmente as pessoas com quem se relaciona. Mas, em “Berlim”, o protagonista não vai estar nesta posição de controlo.
“Vamos metê-lo em apuros, explorar um Berlim perdedor em termos românticos. Isso mostra-nos um animal que podemos moldar de muitas formas”, conta o autor, explicando ainda que o protagonista vai ver-se envolvido em situações complexas em termos românticos, o que vai ter “grandes consequências no roubo”. “O romantismo que explorámos tem muitos arcos, muitos lados e é completamente inapropriado. Não podíamos fazer uma história apropriada. Ele mete-se sempre onde ninguém se deve meter”, salienta Pina.
Esther Martínez Lobato explica ainda que, em “La Casa de Papel”, Berlim é um homem “apaixonado pelo amor”. “Mesmo quando fala das mulheres do seu passado e dos seus cinco divórcios, diz que foram cinco vezes em que acreditou no amor. O que ainda não vimos é a forma como conquista. É o que vamos ver nesta temporada”, revela a autora.