A segunda temporada de "Abbott Elementary" já está em exibição na FOX Comedy mas, para quem nunca viu a série, temos aqui os resumos. A comédia em estilo mockumentary (falso documentário, em português) passa-se numa escola primária pública da cidade de Filadélfia.
Apesar de ser nos Estados Unidos, os problemas destes professores são exatamente os mesmos dos seus congéneres portugueses: demasiados alunos, poucos professores, escolas sem dinheiro nem equipamentos básicos. Isto poderia ser trágico se não fosse muito cómico.
Os professores (e a alucinada diretora da escola) são as estrelas de "Abbott Elementary". Quinta Brunson (que é também a autora da série) dá vida à irritantemente positiva e muito ingénua Janine Teagues, professora do segundo ano. Sheryl Lee Ralph é Barbara Ralph, professora do pré-escolar e a veterana da escola (que gosta de fazer as coisas à moda antiga).Chris Perfetti é Jacob Hill, um tímido professor de História e, tal como Janine, novato na escola.
Lisa Ann Walter é Melissa, uma professora do segundo ano com ligações misteriosas a pessoas do submundo de Filadélfia. Tyler James Williams é Gregory, professor substituto (que acaba por ficar na escola) e Janelle James é Ava Coleman, a diretora, que faz de tudo um pouco, menos gerir a escola. O elenco está completo com William Stanford Davis no papel de Mr. Johnson, um excêntrico auxiliar de educação que é também um poço de sabedoria.
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Em conferência de imprensa internacional na qual a MAGG participou, Quinta Brunson falou sobre a segunda temporada e também sobre a sua visão em relação aos desafios que professores, um pouco por todo o mundo, enfrentam. Guionista, atriz e produtora, Quinta Brunson nasceu há 33 anos em Filadélfia. Inspirou-se na sua infância e também na sua mãe, que foi professora do pré-escolar, para criar "Abbott Elementary". Tornou-se conhecida por criar conteúdos digitais, primeiro no Instagram, depois na plataforma Buzzfeed, e a sitcom é o seu primeiro projeto para uma cadeia de televisão generalista, a ABC (canal no qual a comédia é emitida nos EUA).
A segunda temporada da sitcom conta com 22 episódios, mais nove do que a primeira, o que a criadora achou "entusiasmante, mas desafiante". Quinta Brunson diz que, após o medo inicial, decidiu explorar episódios menos centrados nas histórias de cada personagem e mais em momentos disparatados, em que todas as personagens são "o mais tolas possível".
Desde que começou a ser emitida, Brunson explica que tem-se apercebido ainda mais da paixão que os profissionais do ensino têm pelo que fazem. "O facto de as pessoas estarem motivadas foi um choque para mim porque somos honestos com o que eles ganham e as dificuldades que enfrentam. Mas não me choca muito porque conheço pessoas que adoram ensinar. É uma daquelas profissões que, quando amas, amas. É cansativo. Conheço pessoas que se tornaram professores e já não o são, mas acho que está no coração de uma pessoa ser educador", conta.
Quinta Brunson solidária com os professores portugueses. "Têm o meu apoio"
As críticas da comunidade escolar, tanto dos EUA como internacional, têm sido maioritariamente incentivadoras, revela a atriz que dá vida a Janine. "Recebemos muito feedback positivo de professores, educadores e de pessoas que trabalham no sistema público de ensino. É sempre maravilhoso quando vêm ter comigo na rua e dizem que são professores ou que um familiar é, e que lhes traz alegria ver como estamos a acertar no que mostramos", explica Quinta Brunson, salientando: "o nosso objetivo não é acertar, acho que isso é uma armadilha, querer ser 100% verosímil".
E recorda que, na primeira temporada, houve críticas negativas à personagem Ava Coleman, a displicente diretora da escola, mais preocupada em criar conteúdos para as redes sociais do que em gerir o estabelecimento de ensino. "Quando a série começou houve pessoas que não gostaram da forma como retratámos a Ava. Acharam que ela não era um exemplo para os diretores. E o que eu disse é que não estávamos a tentar que ela fosse. Em última instância, estamos apenas a fazer um programa de televisão", salienta a atriz norte-americana.
Consciente das dificuldades que os professores enfrentam um pouco por todo o mundo, Quinta Brunson disse estar a par dos protestos em Portugal. "Ouvi falar sobre essa greve e os trabalhadores têm o meu apoio", salientou. Questionada sobre o facto de esta ser uma profissão socialmente tão importante mas, ao mesmo tempo, tão desvalorizada, a atriz diz que pensa bastante sobre o assunto e que, na sua opinião, há duas razões para isso acontecer. "Em primeiro lugar, é uma profissão maioritariamente feminina. Nas suas origens, era fácil subvalorizar o trabalho das mulheres e não o considerar importante. Em segundo lugar, por vezes, os trabalhos mais importantes são os que mais facilmente são desvalorizados. Porque não há glamour no ensino", reflete.
"As pessoas olham para os professores como um micro-ondas ou um fogão. Mas estes elementos são importantes numa casa, senão não consegues cozinhar", diz, relembrando um episódio hilariante, em que foi visitar uma casa com o marido e a cozinha não tinha fogão.
Quinta recorda ainda quando, na pandemia, as pessoas começaram a "perder a cabeça" por terem de ensinar os filhos. "Agora imaginem um professor a fazê-lo com 30. E fazem-no todos os dias, sem falhas."