No mês que marca o regresso de Fátima Lopes à SIC, a apresentadora de 52 anos foi a convidada de Daniel Oliveira no programa de entrevistas "Alta Definição" este sábado, 11 de dezembro.
A conversa acontece quase um ano depois de Fátima Lopes ter anunciado a saída da TVI, altura em que revelou que saía "sem um projeto futuro definido". Questionada por Daniel Oliveira sobre o que significaram para ela estes meses em que esteve sem vínculo a nenhuma estação televisiva, Fátima Lopes respondeu: "Foi o meu maior desafio."
"Durante 30 anos, habituei-me a trabalhar de uma determinada maneira, num determinado sítio. Neste caso, a televisão. Acho que essencialmente [este tempo] obrigou-me a ir à procura de competências que eu não sabia que tinha. Tive de mergulhar em mim", afirmou Fátima Lopes.
Depois de, em janeiro, ter chegado ao fim a sua relação de cerca de 11 anos com a estação de Queluz de Baixo, em novembro foi anunciado que Fátima Lopes estava de volta à casa em que se profissionalizou, a SIC. Mas antes a apresentadora esteve dedicada vários projetos: como palestras que foi realizando em empresas e universidades. "Humildemente, tive de começar um caminho em que houve situações em que tive de procurar oportunidades. Se tu vais começar num caminho novo, tens de provar que és merecedor das oportunidades que te vão dar", revelou a Daniel Oliveira.
Sem mencionar o canal concorrente, a apresentadora referiu ainda que, se fosse hoje, gostava de ter tido coragem de dizer que não a alguns projetos profissionais. "Faltou-me a capacidade de dizer 'eu não faço isso'. Mas como na minha cabeça isso soa a vedetismo (erradamente), para não comprar essa guerra acabava por aceitar."
"Eu sou pouco dada a guerras. Sou uma mulher que faz. Não lido bem com ambientes de hostilidade em que entro e não me sinto confortável. Não consigo trabalhar num sítio onde não sinta que sou bem-vinda ou que as pessoas não estão de bem comigo. Isso faz-me mal. Acabo sempre por me ir embora, mas isto é em tudo: nas amizades e vida amorosa a mesma coisa", confessa, referindo que não deixa ninguém para trás sem antes dar várias oportunidades às pessoas.
Apesar do percurso de sucesso, Fátima Lopes confessa que a vida a ensaiou "sempre a lutar por tudo" e que nem todos os momentos foram fáceis.
Apresentadora frisa o valor que passou a dar à saúde mental desde muito cedo
"Nesta questão da saúde mental, eu acho que tive sempre a noção de que tu tens de trabalhar isso. Tens de trabalhar ferramentas e competências para ires buscar mais equilíbrio do que tens, porque ninguém é totalmente equilibrado nem está sempre totalmente bem", diz, revelando que foi por volta dos 27 anos que começou a aprender técnicas de desenvolvimento pessoal com a ajuda de profissionais.
Tudo começou, como revela, depois de ter tido consciência de que não estava bem. "Eu era uma miúda e sabia que estava infeliz, só não conseguia perceber porquê. Então comecei à procura e quando me cruzei com algumas ferramentas de desenvolvimento pessoal percebi que isso me podia ajudar a perceber o que se passava."
Nesta altura, ganhou consciência de que precisava de estar bem com ela própria para conseguir estar bem com o mundo. "A mulher que vês aqui hoje é fruto deste trabalho. Quando tu fazes programas em que lidas com as emoções das pessoas todos os dias, tu tens de estar bem porque, senão, numa pessoa empática como eu, aquilo tem um efeito que pode ser devastador."
Fátima sente que deu uma grande lição aos filhos após a saída da TVI
Numa conversa emotiva, houve ainda tempo para falar sobre o orgulho que tem dos pais e a grande relação que tem com os dois filhos: Beatriz, de 21 anos, e Filipe, de 12. A Daniel Oliveira, Fátima admite que considera ter-lhes deixado uma grande lição ao abandonar o lugar confortável na TVI.
"Quando olho para estes meses, das coisas que me deixam mais feliz é pensar que acho que dei uma grande lição aos meus filhos. Primeiro, que não há uma idade para recomeçar. Segundo, que se não estás bem tens de ir à procura de ficar bem", afirmou, salientando ainda a importância de lhes ter passado a ideia de que é essencial valorizar o dinheiro fruto do "suor do trabalho".
Apesar de ser uma pessoa que sempre ensinou os filhos a poupar, assume que, durante este período, apesar de ter havido meses com mais trabalho e outros com menos, houve também momentos em que teve medo e pensou se iria conseguir. Ainda assim, isso não fez com que deixasse de lutar por aquilo em que acredita.
Ainda assim, não deixa de frisar a gratidão pelo percurso que conseguiu fazer na televisão. "Sou profundamente grata (e vou ser sempre) por todos os anos que fiz daytime. Foi lá que me construi como pessoa e profissional. Fico feliz de pôr lado a lado programas de dois canais diferentes porque eu sou mulher de pontes. Não sou uma mulher de guerras nem ressentimentos e doeu-me bem com as pessoas nos vários canais porque é a minha maneira de ser", afirma.
No regresso à SIC — que ficou marcado pela condução da Gala do Sonhos da Associação Sara Carreira — Fátima Lopes mostra-se contente com os novos desafios profissionais.
"Disse sempre que voltarei no dia que me fizesse sentido. Deu-me especial alegria poder regressar para apresentar esta gala e poder pôr todo o meu amor nesta gala. Embora quando falamos na Associação Sara Carreira saibamos que está por trás uma grande dor, sabemos que também está uma família que conseguiu transformar a dor em amor. Só me senti honrada e agradeci-lhes muito por terem confiado em mim", rematou.