A segunda temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” ficou disponível na passada quinta-feira, 29 de agosto, e continua a fazer um enorme sucesso. Com uma história que se passa mais de quatro mil anos antes dos eventos de “O Senhor dos Anéis” e de “Hobbit”, é nesta série que todos os fãs deste universo (para quem não leu o livro homónimo de J. R. R. Tolkien) ficam a conhecer a grande história por detrás dos filmes, numa produção que promete muita ação e mistério.
Mas não vamos falar sobre o que aconteceu ou vai deixar de acontecer nesta nova temporada — para isso temos toda uma crítica sobre os primeiros episódios. A MAGG, enquanto esteve em Madrid para ver o início desta segunda temporada a convite da Prime Video, teve a oportunidade de falar com a equipa de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”, que desvendou tudo o que os fãs precisam de saber se ainda não viram a estreia. E sim, há muito para contar.
“Na segunda temporada estamos a brincar com todas as histórias da primeira. Sauron está de volta, continua a ser bastante manipulador e psicopata, ele é que está certo e todos estão errados. Vamos estar muito mais dentro da sua mente e vamos perceber como é que a sua manipulação vai afetar todos os outros mundos, algo que depois vai resultar na grande guerra de Eregion”, disse Sanaa Harris, a realizadora que se juntou a este projeto apenas nesta segunda temporada.
No entanto, se não se lembra de como acabou a primeira, nós explicamos muito brevemente: Celebrimbor dá, finalmente, vida aos três primeiros Anéis do Poder, que foram dados aos elfos, mas tudo se desmorona a partir daí, uma vez que as desconfianças aumentam e o poder de Sauron também, mesmo que de forma invisível. Agora, o grande Senhor das Trevas está disfarçado de Annatar, e é com esta personagem que vai conseguir manipular tudo e todos para que a construção dos restantes 16 anéis (nove para os Homens e sete para os Anões) seja possível.
“A Terra Média está mais escura desta vez e fá-la nascer de uma maneira diferente”, disse Patrick McKay, um dos showrunners desta série. “A segunda temporada é uma expansão, é continuar a caminhada da primeira onde algumas perguntas vão ser respondidas, outras vão ficar ainda mais complicadas e algumas respostas não vão ser o que os espectadores estão à espera. O elemento psicológico de Sauron com a manipulação de Celebrimbor vai dar muito que falar e acho que vão existir muitas mudanças”, acrescentou Sanaa Harris.
É também nesta temporada, como escrevemos na crítica feita aos primeiros episódios, que existe o cuidado de colocar o espectador dentro da sala de decisões, para que perceba todos os detalhes desta série. Além disso, Patrick McKay admite que isso lhes roubou muito tempo, mas para que o sentimento fosse de compreensão, uma vez que o objetivo era claro: fazer com que quem está a ver pense que faria exatamente as mesmas escolhas no que toca aos famosos anéis.
“Sempre quisemos ser subversivos, e parte disso fazemos com os visuais e com as emoções. É uma forma de magia e queríamos que as pessoas sentissem o quão forte é a manipulação destes anéis e que pensassem no porquê de serem manipuladas, porque as pessoas cada vez que fazem uma escolha pensam sempre que é a certa. Uma grande parte do nosso tempo foi meter as pessoas dentro da sala de decisões para que, quando lá estivessem, saberem que tomariam a mesma decisão”, disse o showrunner.
No entanto, algo que esta série fez que também teve, com certeza, muito trabalho, foi a construção das personagens. Isto porque a verdade é que todos os espectadores de “O Senhor dos Anéis” e de “Hobbit” já sabem o futuro de muitas das personagens que aparecem na série, mas desconhecem o seu passado. Este reverso no enredo fez com que os showrunners, Patrick McKay e JD Payne, tivessem de pensar ao mais ínfimo detalhe o que é que podiam colocar de diferente e de surpreendente numa personagem que as pessoas já sabem o fim, e de certa forma estão a conseguir fazê-lo com sucesso.
“Nós sabemos quem é Elrond e que vai ajudar Frodo e Bilbo nas suas aventuras [nos filmes anteriores], mas quem era Elrond há cinco mil anos? Temos o caso do Isildur também, que vai manter o anel, mas e se essa foi a última escolha que ele fez numa trajetória de vida que nem sempre foi a melhor? Começamos a pensar nisso e acabamos por reverter as coisas e chegar ao ponto inicial. Esperamos que quando todas essas setas chegarem onde é suposto chegarem as pessoas sintam que o percurso foi inevitável e surpreendente ao mesmo tempo”, acrescentou Patrick McKay.
E por falar em Isildur, Maxim Baldry é quem interpreta este Homem na série, que depois vai chegar aos filmes e ser o ponto inicial para toda a destruição, e o ator também esteve presente na conversa. Ao desvendar poucos pormenores sobre a sua personagem nesta nova temporada, Maxim Baldry refere que, no fundo, Isildur tem um coração bom, e é na nova produção que vamos ver a sua evolução “de menino para homem”. “Conseguimos perceber melhor quem ele é e o porquê de fazer as coisas que faz. É uma evolução de menino a homem, sou sugado para muita ação e acho que isso faz da personagem ainda melhor”, disse o ator.
“Temos aquilo que ele vai fazer no futuro, mas não sabemos como é que ele foi lá parar, e temos sempre a conversa de se ele é bom ou não no seu fundo, e eu acho que ele é bom. Vamos ver como é que ele trabalha, ele apaixona-se e começa a trabalhar a partir daí, mas como é que perder algumas coisas o afetam? Vai ser uma jornada, é uma personagem muito complexa”, acrescenta o ator.
Outra personagem bastante complexa, e que parece estar constantemente a carregar um peso nos ombros, é Arondir, interpretado por Ismael Cruz Córdova, que revela que também vão existir muitas surpresas nesta temporada, depois de ter perdido a sua amada no final da primeira.
“Arondir tem um peso muito profundo, ele é uma representação de um elfo muito distinto daquilo que temos visto anteriormente. Já vimos elfos como a Galadriel, Elrond, pessoas da realeza, políticos. Nunca tínhamos visto um elfo comum e ele já sofreu muita perda, e fazer a conexão com esse peso existencial é um ponto principal que faz do Arondir um personagem com que todos simpatizam. Ele está sempre a questionar-se sobre o que é que está ali a fazer, qual é o seu propósito, e quando finalmente tem algo muito apreciado, o amor, perde-o e vai embora. Ele vive na pergunta e não tem respostas”, explicou o ator.
“Vai existir uma evolução muito grande. Vai ser o Arondir clássico mas com uma perda gigante, o seu amor já não está, e dentro das circunstâncias que a Terra Média enfrenta ele, mesmo com esse luto, tem segundos para perceber as coisas e para se recompor e lutar. Ele vai estar mais profundo, na minha opinião, e vai chegar ao ponto em que pensamos sempre que Arondir está a ir por um lado quando pode ir por outro, mas isso é a vida no geral também”, acrescentou Ismael Cruz Córdova.
O ator, que sofreu bastantes críticas quando foi escolhido para representar Arondir, uma vez que é porto-riquenho e é o primeiro elfo-latino no franchise, falou ainda sobre a importância da diversidade no elenco, garantindo que esta série nunca se tratará da cor da pele de ninguém, mesmo que alguns espectadores queiram ser desagradáveis.
“É um casting de almas, todas as personagens fizeram match perfeito com o seu ator e eu não via outra pessoa a interpretar estes papéis. Se as pessoas leram bem a obra de Tolkien, sabem que o seu fundo é a diversidade, são pessoas de todas as raças a lutar pelo mesmo objetivo, e ninguém consegue ir de um ponto para um outro sem a ajuda de ninguém”, disse.
“A diversidade está cá porque deve estar, também o nosso mundo é diversificado. Não estamos só a fazer uma série como estamos a fazer uma série de fantasia, e se estamos a trabalhar com fantasia, porque não fazermos tudo o que queremos? É algo que deve ser evidente e não surpreendente. Os showrunners fizeram o seu trabalho muito bem e tu vês a beleza de todos, é uma parte importante da vida que precisamos de não estar a ignorar”, finalizou Sanaa Harris.
A segunda temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” chegou à Prime Video na passada quinta-feira, 29 de agosto, com o lançamento dos três primeiros episódios. A partir daí, sairá um episódio por semana à quinta-feira até ao grandioso final no dia 3 de outubro. De acordo com o site norte-americano “Screen Rant”, estão pensadas cinco temporadas para esta série.