Por um dia, Cristina Ferreira foi substituída por Manuel Luís Goucha. Esta quarta-feira, 14 de julho, o apresentador esteve aos comandos de "Cristina ComVida" e a MAGG esteve, em exclusivo, nos bastidores do programa.
Ao longo de quase uma hora, Goucha recebeu a cozinheira Maria José Sousa, Sílvia Silva, produtora de chapéus da marca Lemonade Collective, Luísa Castel-Branco e Rosinha. Sempre com Cristina Ferreira nos bastidores e que, no final da emissão, fez questão de cumprimentar os convidados.
Um programa que passou a voar e, como explica o comunicador, tem uma dinâmica muito diferente de "Goucha". "Preparar diariamente duas conversas de 40 minutos ocupa-me a manhã toda. Conversas de oito minutos, neste registo, é peanuts, como se costuma dizer".
"O desafio é ser natural, partindo de uma ação que não é como se estivesse a fazer televisão", explicou Manuel Luís Goucha, antes da emissão começar. O apresentador considerou "puro divertimento" o dia em que a TVI trocou os anfitriões e pivôs dos respetivos formatos. "É divertido para nós, que fomos todos trocados dos seus programas, e espero que seja divertido para quem está lá em casa".
Em janeiro deste ano, o apresentador de 66 anos deixou as manhãs da estação de Queluz de Baixo e rumou às tardes. "Goucha", um formato de conversas, tem deixado o comunicador "felicíssimo". "Há muito tempo dizia que gostava de ter tempo para conversar e o programa da manhã não tem esse ritmo, esse registo. Sentar-me à conversa, com calma, uma na primeira parte, uma na segunda, cada uma delas com 45 minutos, às vezes, é mesmo um luxo! Mas é um luxo que eu já tinha a fazer o 'Conta-me'. Se bem que os temas sejam muito diferentes, porque o 'Conta-me' é centrado em figuras conhecidas, mas depois a conversa pura e dura, esse exercício de estarmos atentamente a ouvir... uma coisa que eu aprendi foi a ouvir", confessa Goucha.
O apresentador reflete que, no passado, era acusado de não saber ouvir os convidados, e explica porque é que isso acontecia. "Quando o convidado não dá aquilo que eu quero... o mal é eu estar muito bem preparado. Às vezes eu quero ouvir tudo aquilo que eu sei que aquele convidado pode dar. Mas em 10 minutos não se consegue porque, muitas vezes, não se vence a timidez do convidado face a uma câmara de televisão".
Desde que Júlia Pinheiro e Manuel Luís Goucha passaram a disputar o mesmo horário, têm-se sucedido as entrevistas exclusivas, tanto na SIC como na TVI. Casos como os de Tony Carreira, Hugo Strada ou, mais recentemente, João Soares (viúvo de Maria João Abreu que, esta semana, concedeu a primeira entrevista após a morte da atriz, o que aconteceu no programa da SIC "Júlia).
O apresentador explica que estas entrevistas exclusivas acontecem por iniciativa dos convidados. "Nós não fomos à procura nem do Hugo Strada nem eu me atreveria a pedir ao Tony Carreira, foi ele que manifestou, ele é que fez chegar à direção de programas da TVI que, um dia que estivesse com capacidade para falar, seria comigo. Isso tem a ver com uma relação de amizade de muitos anos. Eu acho que os exclusivos que temos conseguido têm mais a ver com a vontade que eles têm em falar com a Júlia ou comigo", continua Manuel Luís, afiançando: "eu não sinto pressão alguma de lado algum em relação ao que quer que seja".
Algo que, garante, acontece desde sempre. Mesmo em relação às audiências. "Durante 14 anos ganhámos. Durante um ano e meio o 'Você na TV'! perdeu quando a Cristina foi para a SIC. Eu nunca fui pressionado pelas audiências! Nunca, mesmo. E muito menos agora".
Em jeito de brincadeira, e confidenciando que Cristina Ferreira "odeia" que profira esta frase, o comunicador garante: "eu estou-me nas tintas para as audiências". "Nunca me há-de ouvir dizer 'ai, ganhámos!', ou 'ai, perdemos!'. Eu tenho é que sair de lá a dizer 'grande programa, grandes conversas!'. Isso, para mim, é o suficiente".
"Aquilo que se fez em relação à Cristina devia ser estudado"
Há um ano, Manuel Luís Goucha recebeu de volta aquele que é o seu grande amor televisivo, Cristina Ferreira. Em 12 meses, o tumulto mediático em torno do regresso da apresentadora à TVI, após a saída inesperada da SIC, foi tema de milhares de notícias, conversas, comentários. Questionado sobre se acha que já se está numa fase de maior acalmia, Goucha responde de forma perentória: "Não. Aquilo que se passou neste último ano, mas sobretudo a partir de setembro do ano passado, é um caso que devia ser estudado. Eu acho que se fez um verdadeiro assassinato de caráter. E agora estou a distanciar-me do amor profundo que tenho pela Cristina. Aquilo que se fez em relação à Cristina devia ser estudado", diz.
O apresentador faz uma analogia com a série da HBO "The Loudest Voice", que conta a história da fundação do canal de cabo norte-americano Fox News, "O fundador [Roger Ailes, interpretado por Russell Crowe], a dado momento, diz assim: 'não importa se isto é verdade ou mentira. O que interessa e apenas isso é que coloquemos na cabeça de quem nos vê o que queremos que ele venha a sentir'. E eu acho que, neste momento... Isto foi tão bem feito!".
Questionado sobre quem é que terá feito "isto", o apresentador atira. "Então, por quem? Foi muito bem feito. Basta ver os órgãos de comunicação e a quem pertencem. É incutir que é a má da fita, é a malvada, é a que despede. Isto é uma fase mas — oxalá eu esteja enganado — a sensação que me dá é que tudo o que cheire a Cristina Ferreira é rejeitado. E agora porquê, se ela já foi a mais amada de todas? Tem legiões de pessoas que continuam a amá-la. Mas eu acho que foi uma verdadeira campanha de assassinato de carácter. O que é muito interessante para ser analisado", garante.
Goucha sobre apoio a Suzana Garcia. "Sou um homem livre, um democrata. Para mim, a democracia é isto"
No último ano, a TVI tem vindo a encurtar a distância em relação à SIC. Algo que o comunicador considera que tem passado despercebido. "Mas não se fala disso! Por exemplo, em relação ao dia de hoje. Eu li coisas absurdas, que é um desrespeito pelo telespectador... é um dia! Não é daqui para a frente. O que eu noto é este sentimento de rejeição a tudo o que saia daquela direção. Eu acho que isto é um trabalho muito bem feito. O dia de hoje, se fosse feito por outro canal, era capaz de ter grandes parangonas! Não interessa por quem. São fases. As pessoas têm de pensar pela cabeça delas. Mas as pessoas não pensam, as pessoas vão atrás de um título fora do contexto, de uma frase fora do contexto, não se dão ao trabalho de ir ver, é logo juízos de valor... Se me sinto apoquentado com isso? Não!".
E, por falar em apoquentações, quisemos saber se o apresentador as sentiu quando, na semana passada, foi criticado por ser presidente da Comissão de Honra da candidatura de Suzana Garcia à câmara municipal da Amadora. "Não me sinto em nada apoquentado e não falo sobre isso, porque isso era dar muita confiança a essas pessoas (risos)! Eu só dou importância ao que tem importância, e isso não tem importância nenhuma. Não têm importância os comentários porque eu sou um homem livre, um democrata. Para mim, a democracia é isto", finaliza.