Depois de escolhidos todos os concorrentes que passaram as Provas Cegas e dos mentores terem as suas equipas completas, este domingo, 15 de outubro, foi emitida a segunda fase do talent show da RTP1, "The Voice Portugal". Nas batalhas, o talento continua a ser evidente e as escolhas tornam-se cada vez mais difíceis.
Íris Silva e João Amaral, concorrentes da equipa de Marisa Liz, defrontaram-se numa batalha que foi considerada por Diogo Piçarra como uma final. "Não há palavras , isto para mim foi uma final. Fizeram os dois uma interpretação exemplar", afirmou o mentor. Mas, apesar do talento, Marisa teve de optar por um dos concorrentes e João acabou por ser o escolhido. Íris foi salva por António Zambujo e continua assim a poder seguir com o seu sonho.
"Eu canto desde que me lembro. Foi sempre isto a minha vida toda. Grande parte da minha infância e as melhores memórias até agora era sempre que estava a cantar ou que tinha música ao pé de mim", começa por dizer à MAGG. Íris Silva tem 17 anos, é natural de Pombal e começou a estudar música logo aos quatro anos. De uma forma natural, foi percebendo que existia um gosto especial pela arte.
Já no ensino primário, surgiu a oportunidade de frequentar um concurso da sua cidade chamado "Crianças ao Palco". "É mais ou menos como no 'The Voice', em que vamos passando as fases até chegar à final. Eu era muito pequenina e na altura nem queria cantar", recorda. Mas cantou e acabou por chegar à final, aí percebeu que, para além do gosto, existia também talento.
Continuou a frequentar a escola de música e em 2014 decidiu inscrever-se pela primeira vez num programa de televisão. O "The Voice Kids" foi o primeiro grande palco que pisou. "Lembro-me de estar sentada no sofá com os meus pais a ver televisão quando apareceu o anuncia a dizer 'candidaturas abertas'. Eu virei-me para os meus pais e disse 'eu quero participar'. Eles ficaram a olhar para mim com um ar muito sério e perguntaram-me se tinha a certeza", confessa Íris explicando que foi alertada para as implicações de teria participar num programa de tanta dimensão. Mas mesmo assim decidiu arriscar e com apenas 10 anos mostrou o sei talento ao País.
"Lembro-me perfeitamente de entrar no palco do 'The Voice Kids', ter aquele nervosismo todo de ter de entrar e lembro-me que a sensação que tive foi super parecida à sensação que tive agora." Na altura, ainda com pouca maturidade, confessa que a impressionou a quantidade de crianças que já lutavam pelo mesmo objetivo. "Eu acho que entre nós, crianças, a competição era saudável mas ao mesmo tempo havia muita rivalidade boa. Sentia-se que o pessoal mais novo queria mesmo ganhar ou queria chegar o mais longe possível que conseguir e lembro-me que quando saí nas batalhas fiquei mesmo desolada", recorda a jovem de 17 anos.
Ganhou maturidade e teve de lidar com a situação da melhor forma. Os pais, foram sempre o maior apoio e, na altura, fizeram-na ver que o facto de ter saído do programa "não era o fim do mundo". "É muito fácil uma criança desmoronar-se com esta beleza toda da televisão. Quando acaba é um choque muito grande, mas eu acho mesmo que a partir daí a minha maturidade acabou por crescer naturalmente", afirma Íris.
Desta vez, inscreveu-se sem qualquer expectativa, mas nas Provas Cegas acabou por revelar um grande talento virando as quatro cadeiras. Subiu a palco com o tema "Mar Salgado", de Marisa Liz, e o dueto com a mentora acabou por ditar a escolha. "A Marisa preencheu o meu coração de uma forma muito especial".
Para além de cantar, Íris começou a aprender a tocar piano, tendo o quinto grau do conservatório, no qual frequenta também aulas de canto lírico. A estudar economia, a jovem afirma: "sem dúvida, que o grande plano A é a música". "Os meus pais apoiam-me imenso e ao mesmo tempo também me dizem que se é mesmo isto que eu quero devo seguir os meus sonhos. Por outro lado, eu adoro a escola, estudar, adoro economia, gestão e até a parte da comunicação, mas, sem dúvida que quero que a minha vida tenha música".
A forma como os artistas foram afetados devido à pandemia é algo que a assusta, mas, por outro lado, tem esperança de que as coisas vão por um bom caminho e que a situação sirva também como uma forma de adaptação. "É estranho porque a cultura cá em Portugal também já não é propriamente tão valorizada quanto devia. Acho que é uma opinião geral".
A jovem de 17 anos considera que, com a situação atual, a essência da música também se perde um bocadinho. "Se uma pessoa tem de estar a ver um concerto com distanciamento social, saber que pode estar ali alguém infetado, com aquele medo, automaticamente essa magia já não é conseguida. Eu acho que é como tudo na nossa vida, estas situações que ninguém estava à espera que acontecessem mexem muito com o nosso psicológico e a forma como nós pensamos".
Apesar disso, continua a acreditar que as coisas vão melhorar e afirma que música nunca vai deixar de fazer parte da sua vida. "A música é quase a minha bengala e o meu abrigo para todas as situações que existem".
Este domingo, Íris viu a sua participação no programa ser posta em causa, mas considera que, apesar de tudo, o que importa é dar sempre o seu melhor. "Claramente temos sempre aquela coisa de querer ganhar, mas eu penso mesmo genuinamente que, independentemente, do João ficar ou eu ficar e de um de nós ter de ir embora, eu acho mesmo que íamos ficar orgulhosos pelo que estávamos ali a fazer". Ambos passaram à fase seguinte, depois de Íris ser salva por António Zambujo. Marisa aproveitou o momento para fazer uma confissão: "Eu acho que nunca disse isto em sete temporadas. Acho que nunca afirmei isto desta forma, mas tanto a Íris como o João são dos meus concorrentes preferidos. Por tudo. Porque têm personalidade, porque arriscam, porque escolhem coias que não são fáceis".