Favela Lacroix nasceu em Minas Gerais, no Brasil e, aos cinco anos, foi viver para Lisboa com os pais. O gosto pela música surgiu aos 10 anos, quando começou a fazer parte dos grupos de louvor à igreja, mas foi em 2015 que mostrou a sua veia artística ao mundo.
"Sempre gostei de cantar e qualquer pessoa que se imagina como artista, vê o 'The Voice' como uma boa plataforma de visibilidade. Na primeira vez foi totalmente isso, mas eu era um pouco imaturo e tinha muito a ilusão de que ' vou para o The Voice, vai correr tudo super bem e vou sair de lá uma estrela', mas as coisas não funcionam assim. Tem de haver algo diferente", conta Junior Oliveira, agora Favela Lacroix, à MAGG.
Em 2015, apresentou-se ao País como Junior Oliveira e, apesar da voz incrível que ainda hoje mantém, não tinha uma identidade artística definida nem sabia muito bem o que queria fazer com a música. Nos últimos, descobriu a arte das drag queens e foi assim que surgiu a Favela Lacroix. "Encontrei na Favela o meu alter ego, ou seja, uma personagem que pode ser tudo aquilo que eu sempre sonhei. Sempre fui apaixonado por todas as divas", afirma a jovem de 22 anos.
Hoje em dia, tem como inspiração vários nomes fortes da industria musical como Lady Gaga ou Pablo Vittar. Foi apenas há três anos que Favela se assumiu como drag queen. Na altura estava desempregada e surgiu uma proposta que decidiu aceitar.
"Eu sempre fui aquela gay que ia para a frente do palco nas discotecas para dançar muito, curtir muito e fazer as coreografias. Houve um dia em que o dono da discoteca me disse 'eu sei que já estiveste no The Voice e queria que viesses trabalhar connosco, mas tinhas de ser produzida' eu nunca tinha visto isso na minha vida. Nunca tinha tido um contacto próximo com a arte drag porque é uma coisa ainda muito inovadora para todo o mundo", conta Favela à MAGG. Em Portugal, naquela altura, a arte drag queen ainda era bastante desconhecida. "Eu aceitei, mas não entendia nada sobre o assunto", revela Favela referindo que depois de assumir a sua personagem nunca mais a quis largar.
Favela Lacroix tem já três singles lançados, duas colaborações e um a solo, e no ano passado fez a sua primeira digressão por Portugal, onde cantou em festivais como o Meo Sudoeste, Sol da Caparica e Festival F. Contudo, com o início da pandemia e tal como aconteceu com a maioria dos artistas, viu muitos dos seus concertos serem cancelados e a decisão de regressar ao "The Voice" está também relacionada com isso.
"Estamos a viver um tempo nada fácil. Eu tinha a minha agenda cheia desde o ano passado de shows, eventos, participações, mas a Covid-19 veio atacar e eu precisava de continuar a manter o meu nome na indústria. Não podia deixar isso morrer então achei que o 'The Voice' seria uma plataforma grande e impactante porque as pessoas também iriam descobrir que eu era o Junior e agora eu sou a Favela Lacroix" .
O facto de ter voltado ao talent show como drag queen dá também visibilidade a esta arte ainda desconhecida. "Existem muitas pessoas ignorantes que não sabem diferenciar uma drag de uma trans, ou uma drag de um travesti. Existe muito ignorância quando se fala nesse assunto. Drag Queen é mesmo uma parte artística e as pessoas não sabem isso", afirma Favela.
Tendo em conta que grande parte do seu reportório musical está ligado ao funk e ao pop, músicas mais comerciais, com esta participação no programa pretende também mostrar a versatilidade da usa voz. "Não quero deixar para trás a parte do vocal que eu sei que tenho. O objetivo é que as pessoas em casa percebam que a Favela é muito mais do que funk. Que ela realmente canta e não faz só playback".
Favela Lacroix subiu ao palco do "The Voice" no domingo, 1 de novembro, e foi a última corrente a escolher Marisa Liz, fechando assim a equipa da mentora. Nos últimos dois dias, a artista tem recebido dezenas de mensagens de fãs a demostrar apoio. "Eu nunca senti muita discriminação por ser Favela, pelo contrário. Sempre fui muito apoiada por todos os meus fãs e pelos meus amigos, pela cultura da noite e da magia", confessa à MAGG a acrescenta que a artista Blaya é uma das pessoas que sempre a apoio. "É claro que nem sempre é fácil como nada na vida é fácil. Mas temos de batalhar e conseguir enfrentar todos e ir ao encontro dos nossos sonhos."
A voz da concorrente fez virar as quatro cadeiras e Marisa Liz não disfarçou a emoção. "Quando eu viro a cadeira e me apercebo que a Favela era o Junior, foi um momento intenso e emocional. Eu tive provavelmente um dos momentos mais emocionantes numa prova cega e foi com o Junior. Já tocámos nos mesmos palcos. Gosto muito de ti. Tu sabes que eu gosto muito de ti. Tu fartas-te de trabalhar, tu não desistes. Tu não vais contra ninguém, tu vais a favor de ti mesmo e nem sempre as pessoas deixam as outras ir a favor delas mesmas, mas tu não paras. És uma inspiração, sabes? Eu só estou feliz que tu estejas aqui e a cantar da maneira que tu cantaste. A evolução é tremenda", afirmou Marisa Liz após a atuação de Favela Lacroix.