A nova edição do "Ídolos" chega à SIC sete anos depois da última. Traz muitas novidades, sendo uma delas o painel de jurados, que, para Daniel Oliveira, diretor de programas do canal, "aporta valor ao programa e à forma como os participantes vão ser enquadrados".
Este painel é composto pelo líder dos Black Mamba, Pedro Tatanka, pela vocalista dos Deolinda, Ana Bacalhau, pelo maestro Martim Sousa Tavares e pela humorista Joana Marques. Aos 35 anos, Joana conduz a rubrica "Extremamente Desagradável" na Rádio Renascença e é uma das guionistas do programa de Ricardo Araújo Pereira "Isto é Gozar Com Quem Trabalha".
Parece unânime entre os envolvidos que Joana Marques vai surpreender. Sara Matos, atual apresentadora, destaca o "humor da Joana, que, afinal, não é assim tão extremamente desagradável".
"Não levo nada a mal que pensem que não estou ali a fazer nada. De facto, não estou"
A escolha de Joana Marques para membro do júri de um programa de talentos ligado à música deixou muitos espectadores confusos. Para Daniel Oliveira, esta aposta fez todo o sentido, já que a humorista "cumpre o papel de conhecer os Ídolos de Portugal como ninguém e de os poder escrutinar como ninguém".
Como se não bastasse, "é outsider e, portanto, não está totalmente inserida no meio musical", pelo que "tem uma visão que pode ser a do espectador", o que "traz um valor acrescido". "Sou muito irresponsável", disse Joana, sobre o "sim" à proposta sem hesitar, apesar de ter ficado "espantada" e de ter questionado Daniel Oliveira. "Porquê eu?", perguntou.
"Não percebo nada de música", salvaguarda, adiantando que foi precisamente por isso que foi escolhida. Por este motivo, entende a reação do público quando foi anunciado o júri. "E eu pensei: 'não estão mais surpreendidos do que eu'", contou, provocando gargalhadas gerais. "Percebo perfeitamente as pessoas e não levo nada a mal que pensem que eu não estou ali a fazer nada. De facto, não estou", admite.
Ainda assim, garante que "está a ser divertido não fazer nada". "Deixo os conhecimentos técnicos para os meus colegas e dou um bocadinho a visão da pessoa que, de facto, não percebe nada disto e que podia estar em casa a ver, mas, por acaso, está ali", compara.
"Às vezes, se calhar, a minha opinião até vai ser mais parecida com a do público que está em casa e que não sabe ao certo se eles acertaram nas notas", exemplifica. "Há coisas que não me parecem nada de especial e vejo os meus colegas rendidos, porque tecnicamente foi perfeito", revela. "Três entendidos em música já têm".
"Quero falar mal deles no futuro. Será sinal de que são já Ídolos firmados"
E todos estão a divertir-se muito, segundo conta Joana Marques, que considera que "isso é meio caminho andado para as pessoas se divertirem também". "Se estivéssemos a apanhar uma seca, talvez isso depois passasse lá para casa. Está a ser, de facto, muito giro", apesar de por vezes serem bastantes horas seguidas, "uma coisa bastante intensiva". "Às tantas, não damos por o tempo passar".
Para Joana Marques, enquanto jurada, Ana Bacalhau "é tipo a mãe, que quer abraçar toda a gente e levar todos para casa". Tatanka "é muito peculiar, mesmo" e Martim é "de facto, implacável". Ainda assim, asseguram aos concorrentes que "ninguém vai ser mau".
"Na avaliação, o mais rigoroso é o Martim, porque o Tatanka e a Ana são uns corações de manteiga. Eu estou ali no meio. Não sou tão dura como o Martim", compara. "Até porque o Martim tem uma coisa que eu não tenho, que é conhecimento de causa. Sabe mesmo do que está a falar, portanto tem propriedade para criticar."
Foram vários os candidatos que confessaram estar com medo de Joana, que esclarece: "Quero falar mal deles no futuro. Será sinal de que são já Ídolos firmados, já com álbuns e com muitos anos de carreira. Depois, dão entrevistas e dizem uma coisa ou outra mais ao lado, e aí sim eu quero fazer um bocadinho pouco deles".
"Vão ficar um bocado desiludidos, porque não sou assim tão desagradável"
"Se calhar, vão ficar um bocado desiludidos, porque não sou assim tão desagradável. Gosto de esperar que as pessoas tenham uma carreira para, então, depois mandar a baixo", confessou. Entretanto, admite estar a recolher material para o "Extremamente Desagradável", porque "obviamente, houve momentos que correram menos bem", inclusive do júri.
"Estou mais interessada em gozar com os meus colegas e com a Sara do que com os concorrentes", afirma a humorista, que até agora ainda não se emocionou. "Cada um de nós tem os seus favoritos, para já, que podem ser o próximo Ídolo de Portugal. Têm aquele fator que os diferencia do resto", confidenciou.
"Torna-se difícil" quando os concorrentes cantam, de forma sistemática, os mesmos temas. "Parece que estamos a ver a repetição do mesmo filme", compara. "E por isso é que é tão bom para nós quando entra um concorrente completamente diferente, para o bem ou para o mal. Alguém que se distinga muito da média, que não seja igual. É um bocadinho isso que nós procuramos aqui."
De segunda-feira a sexta-feira, Joana Marques está na rádio. "Ao sábado, é tipo uma saída à noite com os amigos, com estes amigos que arranjei aqui. Nem vou sentir que estou a trabalhar, porque é, de facto, divertido", assegura, afirmando que descansa de um trabalho no outro. "Não implica as horas todas a escrever e a pesquisar. Aqui, o material vem ter comigo."