Em agosto de 2020, Ljubomir Stanisic saía de forma inesperada da TVI rumo à SIC, deixando por cumprir um contrato que incluía mais uma temporada do êxito de audiências "Pesadelo na Cozinha". E se a relação com Queluz de Baixo terminou de forma azeda, o mesmo não se pode dizer da ligação do chef jugoslavo com Paço de Arcos.

Quatro anos volvidos, Ljubomir Stanisic já fez três temporadas de "Hell's Kitchen" e prepara-se agora para voltar às gravações, desta vez de um novo formato, "Hotel Hell", em que vai ajudar proprietários de pequenos negócios da área da hotelaria.

Questionado sobre esta relação frutífera com a SIC, o chef de 45 anos revela um pormenor até agora desconhecido: a condição que impôs à estação liderada por Daniel Oliveira cada vez que lhe é proposto um novo programa. "A SIC tem um lado que me aceita. Quando eu digo, quando acaba um programa, que vamos ter de doar a uma associação que se chama Vida e Paz, que precisa de ajuda neste País, porque existem, só na zona dos Anjos [Lisboa], 3700 sem abrigo, de 1300 em janeiro passou para o dobro... Eu digo à SIC 'vamos, no final, doar o dinheiro para isso' e eles doam, e desde aí a nossa relação vai sempre correr bem. Não vamos discutir. Desde que haja o lado humano, o lado social e o lado do trabalho, vai sempre correr bem", começa por explicar Stanisic.

A Comunidade Vida e Paz é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, que tem como missão ajudar pessoas em situação de exclusão e marginalidade social.

O chef, que lidera as cozinhas do 100 Maneiras e Bistro 100 Maneiras, detalha ainda como funciona esta condição. "O valor é estipulado com a SIC. Isso foi a condição de programas anteriores e vai sempre acontecer. É uma das regras do meu trabalho. Neste caso é sempre a mesma associação, porque não tem fins lucrativos, e é uma associação com quem eu trabalho, com quem os meus filhos trabalham. Nós não queremos levantar bandeira disso mas isso faz parte da minha boa relação com a SIC", explica.

"O que faço na televisão, poder ajudar pessoas, é melhor coisa do mundo"

"Hotel Hell" marca também o regresso de uma relação profissional de longa data, a de Ljubomir Stanisic com o realizador Manuel Amaro da Costa. Esta parceria, que começou em 2011 no formato da RTP "Masterchef Portugal" e que continuou no formato da TVI "Pesadelo na Cozinha", foi mais um motivo de regozijo para o chef jugoslavo.

O conflito entre a razão e o coração vai estar presente em "Hotel Hell", tal como esteve em formatos como "Pesadelo na Cozinha" e "Hell's Kitchen". Um equilíbrio frágil, que o chef reconhece acontecer também na sua vida. "Eu acho que o que me salva na vida é o meu coração, que escolheu a família que tem. A parte mais estável é a mulher que tenho, a melhor pessoa do mundo, são os meus filhos, e os amigos que me rodeiam. O meu coração escolhe as coisas boas da minha vida. Se fosse apenas a cabeça, só tinha feito merda. Ou não! O meu coração é muito bom a lidar com as coisas da minha cabeça. É um equilíbrio, como dizem, um guerreiro com o coração mole", salienta. Casado com Mónica Franco, com quem também trabalha, Stanisic é pai de Mateus, de 18 anos, e de Luca, 12.

Entusiasmado por regressar à TV, Ljubomir diz ainda que quer dedicar-se a 100%, deixar a estação de Paço de Arcos "orgulhosa" e também orgulhar-se do trabalho. "Trabalho humano e social, que é o que vou fazer, ajudar pessoas, é o que me põe mais feliz da vida. A trabalhar já sabem que sou bruto, já todos sabem que vai haver sangue, lágrimas, felicidade, suor, trabalho, abraços... vai haver tudo. Mas sou eu a tentar ajudar pessoas. É o melhor lado de mim que podem tirar. Fazer televisão só por fazer, faço, mas não é o que me identifica como ser humano. Como ser humano sou pai de família, sou empresário, patrão, chef e colega dos meus empregados. O que faço na televisão, poder ajudar pessoas, é melhor coisa do mundo", conclui.