"Radicalmente diferente" e "nunca antes experimentado na televisão portuguesa". É assim que Filomena Cautela descreve "Programa Cautelar". Assim se chama o seu novo programa para a RTP1, que vai estrear-se já na próxima semana, a 29 de maio. Na conferência de imprensa que decorreu esta segunda-feira, 17, no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa, o formato foi apresentado por José Fragoso, diretor de programas do canal público, que descreve a aposta como "um dos elementos centrais da televisão portuguesa".
Ao longo destes meses, segundo conta, "a equipa foi trabalhando no projeto e nós fomos mantendo tudo em segredo, de vez em quando lançando alguns materiais promocionais para que as pessoas soubessem que estava um programa novo a caminho".
E a confiança no formato é elevada, já que passará todos os sábados, em horário nobre, logo após o "Telejornal". Ainda sem se ter estreado, Fragoso fala em "orgulho" em poder voltar a contar com a apresentadora "na grelha de programação do canal".
Um formato "radicalmente diferente" que acrescente à televisão nacional
Contrastando com o registo mais institucional, Filomena Cautela fala aos jornalistas de forma mais efusiva e entusiasmante — convicta de que, assim que "Programa Cautelar" for para o ar, vai surpreender quem o vir, numa experiência que considera "muito rara" no paradigma atual da televisão.
"É muito raro tudo o que aconteceu e está a acontecer", explica a apresentadora. Cautela refere-se à abertura que a RTP lhe mostrou após a saída do "5 Para a Meia Noite", ou seja, na disponibilidade do canal em apostar em conteúdos que "acrescentassem à televisão nacional" e que, por isso, consistissem numa "alternativa face ao que está a passar nos restantes canais". Uma alternativa "radicalmente diferente", como a descreve.
"É um formato que nunca foi experimentado em Portugal e que, por estar a ser feito agora, nos faz sentir que estamos do lado certo da História", diz.
Sobre o que esperar, Filomena Cautela é assertiva: "É um programa de humor", mas desencoraja quem possa sentir-se tentado a reduzi-lo apenas a isso. "É um programa de humor, sim, mas é mais vasto do que isso. Queremos trazer uma nova visão, aguçar a curiosidade [de quem vê], mas sempre com um sorriso na cara."
Por isso, cada episódio tratará um tema por semana que esteja ou tenha marcado a atualidade portuguesa. O primeiro episódio tratará a desinformação online; o segundo, a guerra das audiências (e qual o impacto disso na vida dos portugueses); e o terceiro, a questão do racismo. De forma a garantir que qualquer assunto seja abordado da forma mais "factual", mas também "divertida possível", a equipa — que Filomena Cautela descreve como sendo a mais vasta com quem trabalhou até agora — é composta por vários argumentistas e jornalistas.
Quanto ao paradigma atual do meio por que se movimenta, Cautela não tem dúvidas de que "a televisão precisa de mais verdade". Talvez por isso lhe diga tanto a ideia de, todos o sábados, em horário nobre, poder "dar voz a quem nunca a teve, especialmente naquele horário", e que quase sempre pertenceu "aos privilegiados" da sociedade.
"É tudo diferente em termos de conteúdo, horário e abordagem"
Quando, após a conferência, lhe pedimos para traçar um paralelismo entre o seu novo programa e aquilo que tem vindo a ser feito em programas tradicionais das noites, a apresentadora não consegue. Não porque não saiba, mas porque "é tudo muito diferente, não só em termos de temas, mas também em termos de estrutura."
"É tudo diferente em termos de conteúdo, horário, linguagem, e abordagem... principalmente quando comparamos com aquilo que estamos habituados a ver num sábado à noite e esse será o nosso grande desafio: fazer com que temas deste género, num programa que não é de humor puro e duro, funcione num horário tão competitivo como aquele", diz à MAGG.
Também por isso, aquelas que são as diretrizes comuns deste tipo de programas, como as atuações ao vivo, por exemplo, não farão parte de "Programa Cautelar". "Vai haver momentos musicais, mas não serão atuações". A razão é simples. "Temos cerca de 45 minutos para nos debruçarmos sobre um tema, mas não podemos falar de tudo e temos de escolher até onde queremos ir. Fazer isso não deixa tempo para outras coisas. Este programa passa por analisar um bocadinho do que fica daquilo que passou", explica.
"O nosso trabalho aqui é fazer ligações entre factos que às vezes nos passam ao lado porque estamos sempre à procura do que aconteceu hoje ou do que aconteceu ontem". No fundo, é um espaço que sirva para a reflexão, por vezes "com temas sobre os quais não sabemos o suficiente", mas sempre com humor.
Por considerar que o jornalismo é, atualmente, o último reduto de informação e, por isso, de extrema importância, a equipa é, também ela, composta por jornalistas. "Quanto mais faço este programa, mais compreendo o quão importantíssima é a profissão de jornalista. Os jornalistas são o último reduto da verdade e, portanto, quando nós conseguimos perceber o trabalho que envolve procurar uma verdade sem poluição de lado nenhum, é muito difícil e complexo."
Sabe-se que além dos temas, que vão misturar o humor com a crítica social que é inerente a qualquer sátira, estão também previstos vários convidados. Sobre aquele que aparecerá no primeiro programa, Cautela descreve-o como "um convidadão", mas prefere não revelar o nome.
Quanto à longevidade do formato, Filomena Cautela fala em "seis programas". "Para já, é o que temos".