Arrisco dizer que há já pouca paciência para o polícia bonzinho de séries como "CSI" e similares. O espectador sabe, talvez por influência da própria televisão, que não há pessoas inteiramente boas ou más e que, por isso mesmo, aqueles que aplicam a lei não têm (nem devem) ser o arquétipo da perfeição. Assim, a ficção foi encontrando os seus polícias carismáticos, geralmente sofridos, moralmente complexos e de conduta ética muitas vezes questionável.

"Hinterland", inteiramente disponível na Netflix, é um desses exemplos. A história acompanha os esforços de um detetive especial da polícia que tenta, a todo o custo, resolver casos complexos e macabros. Embora seja galesa, a compra dos direitos pela BBC implicou que a série tivesse de ser filmada uma segunda vez e inteiramente em inglês.

E esse esforço é capaz de transparecer no rosto do protagonista, Richard Harrington, que só teve direito a um dia de folga durante os 124 dias de gravações. A sua personagem, como qualquer polícia da ficção moderna, é sofrida, enigmática, errante e com um passado difícil com o qual precisa de se reconciliar. E isso faz dele um agente perspicaz, brilhante e pouco impressionável quando os cenários de crime que encontra são sangrentos e violentos.

Tal como "Broadchurch" ou "Luther", outras duas das sugestões da MAGG para um serão bem passado em frente à televisão, "Hinterland" distingue-se por ter personagens com várias camadas, uma história mais negra do que o costume e uma densidade pouco habitual quando o tema é o típico dilema de polícias em busca de criminosos.

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Mas também sugerimos "Line of Duty", da mesma mente que criou "Bodyguard". Aqui acompanha-se o departamento de anti-corrupção da polícia britânica que, logo na primeira temporada, se vê a braços com a revelação de que outros agentes podem estar envolvidos numa ampla rede de crime organizado. E se já está a torcer o nariz com a ideia, continue a ler.

É que aqui não há perseguições a alta velocidade nem reviravoltas clichés (embora os twists na história sejam vários e façam a história ir dos 0 aos 100 muito depressa), e toda a tensão dos episódios acontece durante as sessões de interrogatório que devem ser das mais duras que alguma vez foram feitas em séries de televisão.

Além de ser uma série britânica — o que implica um mood e um ambiente mais negro e denso —, o argumento não tem falhas e os diálogos são pensados ao pormenor para que cada interação entre as personagens seja irrepreensível e sirva para avançar a história e nunca recuar. O que significa que também não há episódios chatos e que nada acrescentam à narrativa. Mas há mais coisas para ver além de séries britânicas e galesas.

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