Esqueça a ideia de que "Rua das Flores" é uma "Festa é Festa" número dois. Não é. É certo que o guião tem mão de Roberto Pereira e Eva Gonçalves, autores da novela do horário nobre da estação, mas desta vez o conceito é bem diferente. Ah, e conta com uma esperança média de vida, no mínimo, promissora.
"É uma comédia. Vai na linha da aposta que a TVI tem feito, que começou com o 'Festa é Festa' e que acabou por conquistar a liderança na ficção, sendo que é muito, muito diferente", começa por explicar Cristina Ferreira, que, na verdade, foi quem teve a ideia de criar esta rua fictícia, que dá vida à nova novela das 19h da TVI, já a partir de 18 de abril.
Cristina já sabia qual seria o elenco desde o primeiro dia
"Em outubro, há um dia em que me surge a 'Rua [das Flores]'', mando uma mensagem ao Roberto [Pereira] e à Eva [Gonçalves] e digo: 'preciso de falar com vocês, urgente'", começa por explicar Cristina Ferreira. "E a 'Rua [das Flores]' começou aí".
Cristina Ferreira explica que trocou várias mensagens com os autores e garante que, nesse mesmo dia, os nomes de todos os atores que fazem parte do elenco já estavam em cima da mesa. Ainda antes de a escrita do guião arrancar, o trio que esteve por detrás da criação deste projeto já sabia quem queria convidar para vestir a pele destes inquilinos.
Ainda assim, Ana Bola, a protagonista desta história, esteve em vias de recusar. "Só para vocês terem uma ideia, a 'Rua' nasceu com tão boa energia desde o primeiro minuto, que a Ana Bola, que é a nossa Tília, vinha preparadíssima para dizer que não. E saiu de lá sem hipótese de o fazer", brincou Cristina Ferreira.
"Rua das Flores" veio para ficar por "muitos e muitos anos"
"Construímos esta que é talvez a maior construção cénica de sempre feita em Portugal. Esta rua é de verdade. Esta rua existe", conta Cristina Ferreira. "Já há uma tradição de fazer grandes coisas em exteriores por parte da TVI, esta maior do que qualquer uma das outras, com uma exploração comercial que nenhuma das outras teve e esse é, sem dúvida, um dos grandes méritos desta operação", acrescenta Eduardo Moniz, diretor geral da TVI.
"Rua das Flores" só estreia a 18 de abril, mas podemos desde já revelar que vai encontrar marcas como McDonald's, Continente, Bertrand e até clínicas Joaquim Chaves nesta nova rua fictícia da TVI.
Agora, de que forma é que serão incluídas na ação? É esperar para ver.
"É aqui que eles vão viver durante muitos e muitos anos", avança Cristina Ferreira, ainda que sem confirmar oficialmente que esta nova novela da TVI vai ter várias temporadas.
"O 'Festa [é Festa] também era para ser três/quatro meses e já leva quase um ano de antena. Portanto, depende muito da perceção que o público vai ter da novela", explica a diretora de entretenimento e ficção da estação.
"Se quiserem vibrar mais tempo...e não sou eu que digo, os atores é que dizem que vão andar aqui quatro anos. E, portanto, se isso acontecer, tal como foi o sucesso dos 'Morangos com Açúcar', que teve nove temporadas, nós achamos que esta rua tem muito potencial", explica. "Há aqui zonas [no cenário] que têm fortes possibilidades de crescimento. Se tiver de ter várias temporadas, terá", remata.
Atenção, fãs das novelas da estação
Mas, calma, a hipótese de a novela durar "muitos e muitos anos" não é o único detalhe que pode deixar o público expectante. É que Cristina Ferreira já revelou que a "Rua das Flores" é, digamos, "uma rua aberta".
E o que é que isto significa? Significa que "é uma rua que se vai cruzar até com a realidade". "O Futre, que é maluco, já disse que vai trazer toda a gente, do Messi ao Ronaldo, só não sei se ele o vai conseguir", conta Cristina Ferreira, em tom de brincadeira. "E é óbvio que pode haver aqui personagens de outras novelas, que venham a esta novela e a esta rua e que se percam por aqui", remata.
"Esta rua é um mundo, como se diz nas promoções que já passam em antena, mas é um mundo muito especial. E muito diferentes daqueles que se calhar estão habituados a ver".
A forte competição no horário das 19h não assusta a TVI
"Rua das Flores" vai ocupar o horário das 19h na grelha da estação. O que significa que, em termos de audiências, vai competir diretamente com o programa "Preço Certo", da RTP, e com os diários do reality show romântico da SIC, "Casados à Primeira Vista". Ainda assim, Eduardo Moniz, diretor geral da TVI, não se mostra preocupado.
"É um horário difícil. E para um horário difícil tinha de ser uma coisa arrojada. Quem não tenta inovar não vai a lado nenhum. Inovação é a palavra-chave no nosso lado", explica. "A TVI está a fazer o seu caminho. Nos seus ritmos e nos prazos que define para ela própria. Os outros que se preocupem com eles e nós preocupamo-nos connosco", remata.
Já Cristina Ferreira não comenta a concorrência, mas mostra-se confiante com o horário eleito para este novo projeto.
"É o regresso da ficção a um horário que, para a TVI, é tão importante e onde já esteve um dos maiores sucessos de sempre. Os 'Morangos com Açúcar' estiveram neste mesmo horário, portanto, aquilo que nós sabemos e acreditamos é que esta rua vai permanecer vossa durante muitos e muitos anos".
"Está num horário em que sabemos que as pessoas se vão divertir quando chegam a casa. O horário das 19h é aquele horário em que 'acabei de chegar, estou aqui a fazer as minhas coisas e ligo a televisão'. Acho que, acima de tudo, as pessoas vão viver todos os dias com estas personagens", explica. "E vão perceber que algumas, tal como no 'Festa [é Festa]', tocam a realidade de algumas das pessoas que conhecem"
"Estamos muito confiantes. Acreditamos mesmo que toda a gente vai falar desta rua", reforça.
Afinal, qual é a história de "Rua das Flores"?
Já explicámos como surgiu o conceito e Cristina Ferreira até já deixou em aberto a hipótese de esta "Rua das Flores" continuar a marcar presença na grelha da estação durante anos.
Mas, afinal, qual é a história desta nova novela? É simples: "Rua das Flores" leva-nos até uma rua no distrito de Lisboa, "que podia ser como tantas outras, mas que não é igual a nenhuma. Isto porque é uma rua onde todas as mulheres têm nomes de flores. Começando pela grande figura dessa rua: a dona Tília", avança a estação de Queluz de Baixo.
E porque é que a dona Tília é a principal figura desta rua? É simples: é cartomante e todos naquela rua a procuram, embora ninguém o admita. Tem um alegado dom, que faz com quem seja capaz de deitar as cartas e, ainda, com que tenha premonições. Quer com eventos quer com pessoas.
Até aqui, tudo bem. O problema é que esta cartomante escreve todas as suas premonições e os dilemas de quem a procura num caderno secreto, que guarda religiosamente em sua casa. Sendo que, naquela panóplia de páginas, guarda o maior de todos os segredos da Rua das Flores. Ou melhor, guardava.
É que, às tantas, o caderno desaparece e todos os clientes da dona Tília ficam à mercê de quem o encontrar. Logo aqui, já está o caldo entornado, mas, calma, há mais dramas à mistura. E a "Rua das Flores" é muito mais do que a dona Tília.
"É uma rua invulgar, onde, numa das pontas, está a ser construído um prédio, que fará daquela rua uma rua sem saída", avança a TVI. "E se aquela população já tinha guerras de sobra por cada um dos lados da rua pertencer a freguesias diferentes, agora terão um conflito ainda maior: é que a rua vai passar a ser um beco", com todos os inconvenientes que as obram implicam.
Há dramas, há amores, há traições, sendo que, segundo Cristina Ferreira, nesta rua, "não há ninguém normal".