Estreou-se neste domingo, dia 13 de setembro, o "Big Brother - A Revolução", um programa há muito esperado por várias razões, mas principalmente pelo regresso de Teresa Guilherme à condução do formato. A rainha dos reality-shows voltou depois de um hiato de três anos fora da apresentação, e de tanto a "Casa dos Segredos" como o "Big Brother" terem tido outros mestres de cerimónias: falamos de Manuel Luís Goucha e Cláudio Ramos, respetivamente.
Mas nem só a apresentação causou curiosidade nas últimas semanas. Teresa ia voltar com os trocadilhos e piadas do passado, depois do formato ter passado por uma renovação com o "Big Brother 2020"? A casa da Ericeira ia manter-se com aquele pôr do sol incrível? Ana Garcia Martins, "A Pipoca Mais Doce", ia estar presente nas galas e retomar o seu lugar como comentadora? E os concorrentes? A linha ia manter-se em concordância com o casting da última edição, ou a TVI ia decidir regressar aos "suspeitos do costume", com músculos e extensões?
Pois, meus amigos, não tenho boas notícias: é certo que isto ainda agora começou e, como o lema do programa indica, "a única regra é que não há regras", o que quer dizer que o jogo pode mudar de um dia para o outro. Mas não prevejo nada de bom, principalmente porque assim que o monólogo inicial de Teresa Guilherme começou, achei que tinha regressado a 2013 e a Érica ia aparecer a qualquer momento à batatada com alguém.
E esse é justamente o problema número 1 deste "Big Brother - A Revolução", pelo menos analisando esta primeira gala. De revolucionário tem muito pouco (embora a produção tenha feito todos os esforços para isso, o que resultou numa salganhada de coisas que ninguém entende, mas já lá vamos), e a renovação conseguida com a edição apresentada por Cláudio Ramos saiu a correr pela janela.
Teresa Guilherme apresenta o "Big Brother" como ninguém. Mas isso não é necessariamente bom depois de 20 anos de reality-shows
Na noite da estreia, uma amiga enviou-me uma mensagem a dizer que não há ninguém que apresente reality-shows como Teresa Guilherme. Concordei, mas a questão ficou-me na cabeça: e isso será necessariamente bom em 2020, depois de anos deste tipo de formatos sempre levados nas mesmas linhas?
É verdade que não é à toa que a apresentadora tem o título de rainha destes programas, e é certo que, mesmo afastada dos ecrãs durante três anos, quem viu a gala de ontem diria que Teresa Guilherme tinha apresentado uma ainda no dia anterior. Não há cá silêncios ou momentos desconfortáveis, não perde a calma ou a postura, faz ali três horas de direto com a facilidade de quem vai ao pão, e vamos falar sobre aquele cabelo? Im-pe-cá-vel.
Mas, mesmo assim, quem assistiu ao "Big Brother 2020", fosse fã de realitys ou tendo começado a seguir o programa pelas diferenças que essa edição marcou, tem de ter tido um sentimento de vazio na noite deste domingo. Não estamos aqui a tentar fazer comparações diretas, porque os estilos são incomparáveis: mas Cláudio Ramos, com todos os seus defeitos e fragilidades na condução do formato, trazia vigor a uma produção que se queria diferente.
Ontem senti que tinha regressado no tempo, e pior, ao programa errado. Ou fui só eu que achava que estava a ver a "Casa dos Segredos" e não o "Big Brother"? Ora atentem: há ex-casais que tentam disfarçar que se conhecem cá de fora? Há (btw Joana, querida, fofa, nem os teus costumes e valores de Cascais conseguiram ajudar-te a afirmar que nunca tiveste nada com o Michell). Há elementos da mesma família e quartos secretos? Há. Há toda uma legião de musculados das discotecas de Rio Tinto que mais valia chamar Ruben ou Sérgio a todos? Check. Ah, e temos também divisões na casa, toda uma tentativa de criar grupos à força toda, e concorrentes a dormir cá fora com uma casa de banho para aí para 10? Perdão, afinal estou a ver a "Quinta das Celebridades" e não apanhei.
Os concorrentes são versões 2.0 de outros participantes. Mas é verdade que mal os ouvimos falar
Sim, eu sei, estou a bater na mesma tecla, mas uma coisa que se diz revolucionária, não tem que se auto-intitular como tal, tem é que fazer ver essa diferença. É quase como aquela máxima que beto que é beto não se intitula de beto, entendem? E se os concorrentes da edição passada tinham alguma variedade, aqui é mais do mesmo.
Salvo raras exceções, como Sofia que aparenta ser algo normal, praticamente todos os outros são cópias de um tipo de personagem muito ligada a estes formatos. Temos os bombadões do ginásio que se vestem todoooooos de igual, temos aquela diva que faz o que quer, as concorrentes que estão a um dedo mindinho de descer do salto alto e fazer as peixeiradas do costume, o ex-casal que se está mesmo a ver que vai dar molho (#alertasavate), os coitadinhos e aqueles (vários) que são muito diretos, dizem tudo na cara, são frontais e estão ali para liderar e ganhar. Ao menos o André Filipe tem dois pentes, um para esticar o cabelo e outro para encaracolar. Vá, marca pela diferença.
Mas também é verdade que posso estar a ser muito injusta e os participantes se podem revelar umas jóias de moços. Isto porque, com tanta revolução, mal os ouvimos falar. Para além dos vídeos de apresentação (que valem o que valem) e do momento no confessionário com Joana e Michell — que teria resultado 10 vezes melhor se tivessem mostrado imagens do casting para os concorrentes comentarem e Joana tirar aquela cara de "quem? não conheço, só cá vim ver a bola" —, não faço a menor ideia de quem está lá dentro, quem está no jardim e quem está dentro das paredes.
Ainda não apanhei o conceito de infiltrados, o que estão a fazer e como é que podem vir a ser concorrentes. E pobre André Filipe, que supostamente é aliado dos infiltrados (será ele próprio um infiltrado?), mas passeia-se pela casa com a mesma cara de confuso do que eu depois de ver o "Tenet"? Não tenho estudos para compreender estas dinâmicas e quer-me parecer que, com tanta vontade de inovar, está tudo a perder o fio à meada.
O mistério foi revelado: "A Pipoca Mais Doce" regressa aos domingos com um programa especial
Outro drama sobre a estreia do "Big Brother - A Revolução" girou muito à volta de Ana Garcia Martins, a comentadora que marcou a última edição do programa, com presença assídua nos "Extra", mas também no sofá das galas de domingo, onde se mantinha fiel ao seu estilo de análise cáustico e hilariante, amado por uns, odiado por outros. E desfilava vestidos e brincos de encher o olho (alguém me faça parar de babar para o site da Carolina Curado que eu tenho contas para pagar), o que é sempre uma lufada de ar fresco para quebrar ali os glitters e calças de fugir à polícia dos concorrentes.
À medida que a data de estreia se aproximava, a página oficial de Instagram do programa ia revelando os painéis de comentadores, apresentadores, repórteres. E Pipoca, nem vê-la. A gala começou, e Teresa Guilherme conduziu o programa sozinha, sem um sofá pipoquiano nas redondezas. Os fãs começaram a manifestar-se nas redes sociais sobre a falta sentida de Ana Garcia Martins, mas o mistério foi revelado no final, quando a apresentadora divulgou que, a partir do próximo domingo, a rainha do comentário está de volta.
Mantém-se como comentadora do reality show da TVI e ganha lugar de destaque nas galas de domingo, como anfitriã de um espaço de rescaldo do programa, logo após a emissão conduzida por Teresa Guilherme. Neste novo formato, que acontecerá no estúdio da Venda do Pinheiro já a partir do próximo domingo, 20 de setembro, a comentadora vai receber o concorrente expulso num confronto sem filtros. Tu salva-me isto, Pipoca, que a coisa já viu melhores dias.