Foi a última pousada construída a mando do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), contou com a decoração de Maria Keil do Amaral e começou por ter um limite de três noites por hóspede — o que até faz sentido, se considerarmos que tinha apenas quatro quartos. Foi assim que tudo começou neste pedaço de terra a 1.285 metros de altitude, com uma vista privilegiada para a Serra da Estrela, Manteigas e o Vale Glaciar do Zêzere. 70 anos depois, a emblemática Pousada de São Lourenço transformou-se na Casa de São Lourenço, o primeiro hotel de cinco estrelas da Serra da Estrela.

Abriu a 21 de setembro e pertence ao grupo Burel Mountain Originals, que detém a Casa das Penhas Douradas, em Manteigas. Com apenas 17 quartos e quatro suites, assume-se como um hotel totalmente panorâmico — por outras palavras, não há como fugir da beleza da região.

A Pousada de São Lourenço foi inaugurada a 14 de março de 1948
A Pousada de São Lourenço foi inaugurada a 14 de março de 1948

Mas vamos por partes porque esta é uma daquelas histórias que merece ser contada devagar. Antes de ser Casa de São Lourenço, este espaço abriu a 14 de março de 1948 como uma pousada. Foi uma decisão do SPN, no âmbito do programa Comemoração dos Centenários, que mandou construir sete alojamentos com características próprias de cada região, num ambiente familiar e tipicamente português. Este foi o último.

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O edifício foi projetado pelo arquiteto Rogério Azevedo e decorado por Maria Keil do Amaral. No início tinha apenas três andares, quatro quartos (três duplos) e salas de jantar, de estar e de jogos. Nos anos seguintes foi alvo de sucessivas ampliações: em 1950 passou a ter sete quartos, em 1956 chegou aos 12, mais tarde alcançou os 21 — que mantém até hoje.

70 anos depois, abriu como Casa de São Lourenço. É o primeiro cinco estrelas da Serra da Estrela
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Nesta casa privilegia-se o design português

A Casa de São Lourenço orgulha-se da sua história e origens. Por isso mesmo, era essencial preservar o trabalho das duas pessoas que primeiro o fizeram nascer — falamos do famoso arquiteto Rogério Azevedo (que projetou, entre outros edifícios, o Hotel Infante Sagres no Porto e Casino da Póvoa, na Póvoa do Varzim) e da designer portuguesa Maria Keil do Amaral (pintora e ilustradora, foi a autora dos azulejos de 14 estações do Metro de Lisboa, só para dar um exemplo).

Foi esse o grande desafio do atelier de arquitetura Site Specific e dos designers de interiores da P-06 Atelier. Conferindo-lhe uma aura mais moderna, claro, tiveram o cuidado de manter a história do edifício e o enquadramento na paisagem.

Lá dentro, há peças de vários artistas portugueses: é o caso de Marco Sousa Santos, Vicara, Cestaria de Gonçalo, Olaria de Molelos, Grestel, Nuno Gusmão, Bordallo Pinheiro, Bartolomeu Gusmão e Vanda Guerreiro. O burel é o tema central do espaço, por isso há instalações de arte, paredes revestidas com bordados de poesia e painéis pintados à mão.

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Almofadas de penas de pato, varanda privada e mantas de burel

A Casa de São Lourenço tem quatro tipologias: os Standard, Premium, MK Signature e Suites. Vamos começar pelos Standard. Com vista para a montanha, vale glaciar, vale e jardim, têm cerca de 23 metros quadrados, almofadas e edredão de penas de pato e mantas 100% lã da Burel Mountain Originals. Há ainda uma televisão LCD com mais de 100 canais.

Os quartos Premium, três no total, têm vista para a montanha, vale glaciar e vale. Com uma média de 28 metros quadrados, são um bocadinho maiores do que os Standard e oferecem uma decoração diferente. O resto mantém-se. Nos dois quartos MK Signature, com vista para a montanha e vale glaciar, respira-se Maria Keil na arte e decoração. Têm cerca de 30 metros quadrados. Por fim, as suites: são três (Montanha, Vale e Glaciar), têm dimensões entre os 30 e os 42 metros quadrados e uma vista privilegiada para a região.

Um terraço único, um spa e um restaurante

Vamos começar pelo restaurante. A Casa de São Lourenço propõe uma viagem gastronómica pela região das Beiras ao comando do chef Manuel Figueira. Tudo isto num espaço com vista panorâmica para o vale glaciar e um teto de estrelas de burel em tons dourados — bem a propósito do outono que chegou.

Mesmo ao lado do restaurante fica o Lounge do Restaurante São Lourenço, que reúne mobiliário original de Maria Keil a contrastar com peças contemporâneas. Há ainda apontamentos em lã e peças de designers portugueses.

Com ligação ao restaurante fica ainda o terraço, que é um autêntico miradouro para a região. É possível beber um café ou cocktail por aqui e, claro, apreciar a paisagem.

E terminamos no spa, com salas para desfrutar de vários tratamentos e massagens. E porque costuma dizer-se que o melhor fica sempre para o fim, só nos falta falar da piscina aquecida. Fica sobre o Vale Glaciar do Zêzere, tem hidromassagem e é comunicante com a piscina exterior.

Em novembro, os preços começam nos 175€ por noite.