Tudo parece estar a alinhar-se: entrámos em 2021, a vacinação contra a COVID-19 em Portugal arrancou e marcou a história no passado domingo, 27 de dezembro, e espera-se que as restrições e os estados de emergência abrandem para que, finalmente, possamos respirar. De preferência, junto da natureza — o que justifica o facto de este ser um dos planos de viagem mais desejados em 2021.

Segundo um estudo da plataforma Booking, há nove formas de viajar que vão ser tendência este ano e entre elas está a intenção de desfrutar da natureza. Dos mais de 20 mil turistas de 28 países inquiridos, 46% pretendem reservar alguns dias para desfrutar da natureza no seu próprio país — denominados "localistas" —, 69% querem desfrutar dos pequenos prazeres, como passar tempo ao ar livre ou ir de férias com a família, e 56% procuram experiências rurais ou que lhes permitam estar em contacto com a natureza.

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A oportunidade perfeita para aproveitar os novos objetivos de viagem acaba de chegar à internet, mais propriamente ao "Guia de Percursos Cicláveis", lançado pelo Turismo do Algarve e disponível online gratuitamente.

Com recurso a este guia, os ciclistas podem percorrer os 16 concelhos da região a pedalar e, ao mesmo tempo, contribuir para um tipo de turismo mais sustentável — outra das tendências em 2021, de acordo com a opinião de 53% dos turistas mundiais.

O guia tem um total de 20 percursos circulares (início e fim no mesmo local) para conhecer o Algarve a pedalar, divide-se por zonas e apresenta quatro níveis de dificuldade (do fácil ao muito difícil).

A MAGG escolheu um percurso por zona para que comece a dar pedal à imaginação e a planear uma viagem ativa este ano pelo Algarve. Além de seguir a tendência, vai estar a visitar o destino que foi distinguido no ano passado nos World Travel Awards, os Óscares do Turismo, como o Melhor Destino de Praia do Mundo.

Percurso na zona do Barlavento: Portimão

Câmara Municipal de Portimão
Câmara Municipal de Portimão Portimão créditos: Câmara Municipal de Portimão

Detalhes: nível 1 (fácil), 24 quilómetros, tempo médio de duração de duas horas (média de 13 km/hora).

Começamos com um percurso ciclável de nível mais básico e com uma cidade que já não é desconhecida. No entanto, de carro ou do hotel para a praia, são muitos os pormenores de Portimão que escapam à vista, porque os olhos estão postos ora no estacionamento, ora no mar onde vai mergulhar diretamente depois de caminhar ao calor.

Já de bicicleta, além de os olhos estarem postos na estrada, pode ir dando um olho à cidade. Tudo começa e termina na zona ribeirinha de Portimão e pelo meio ainda há uma passagem por Alvor. Outro dos pontos de referência neste percurso é a conhecida praia da Rocha, antes de seguir para a Marina de Portimão.

Percurso na zona Centro: Salir (Loulé)

alte
alte Fonte Grande (Alte) créditos: tripadvisor

Detalhes: nível 2 (intermédio), 39 quilómetros, tempo médio de duração de três horas (média de 12,5 km/hora).

Passamos ao segundo nível, mas apenas no que diz respeito à dificuldade e não à natureza. Neste campo não há patamares, mas sim muito por descobrir, e um dos destaques do percurso vai para a Queda do Vigário, a cascata em Alte, concelho de Loulé, que este ano fez furor nas redes sociais, incluindo na página de Raquel e Miguel, conhecidos como Explorerssaurus no Instagram.

Além da beleza natural da inconfundível cascata de 24 metros na freguesia de Alte, pode ainda explorar neste percurso a Fonte Grande e a Fonte Pequena, onde é possível ir a banhos na água cristalina.

Este percurso começa e acaba na aldeia de Salir, em plena Serra do Caldeirão, e passa ainda pela Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena, pela Penina e percorre ainda o Benafim.

Percurso na zona do Sotavento: Cachopo (Tavira) e Martim Longo (Alcoutim)

Aldeia de Cachopo
Aldeia de Cachopo créditos: Bruno Santos/Cachopo com história/Instagram

Detalhes: nível 4 (muito difícil), 50 quilómetros, tempo médio de duração de quatro horas (média de 12,5 km/hora).

Até agora temos andado (ou melhor, pedalado) a ritmos brandos. Dos níveis um e dois, saltamos para o quatro, o único que permite conhecer "uma aldeia com história" denominada de Cachopo e apresentada no Instagram como a "aldeia mais típica do nordeste Algarvio".

Mas este é apenas um dos pontos de passagem do percurso na zona do Sotavento. Terá ainda de pedalar pelo interior de Martim Longo, no concelho de Alcoutim, para descobrir as pequenas e pacatas aldeias algarvias, bem como a natureza que as envolve.

Aqui, respira apenas o ar puro que motiva à continuação do percurso (mesmo quando o cansaço já der sinais). No caso disso, não faltam opções de turismo rural na região, como é o caso do Hotel Quinta do Marco, que a MAGG visitou em agosto, ou da Quinta dos Perfumes, em Cabanas de Tavira, que fechou devido à pandemia e retomou em força em junho.

Rota do barrocal

algarve
algarve Aljezur-Carrapateira créditos: divulgação

Detalhes: nível 2 (intermédio), 223 quilómetros, tempo médio de duração de cinco dias (média de 44,5 km/dia).

O nível dois parece confundir, mas este percurso tem mesmo cinco dias. Mas, no fundo, isto é bom sinal: durante quase uma semana vai conhecer toda a região do barrocal, situada entre o litoral e a serra algarvia, quase sem as pernas darem por isso.

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Para quem precisa de descansar o melhor é ficar em casa, mas para quem não tem perfil para isso, a aventura faz-se nas estradas adaptadas para bicicletas de touring ou trekking e em formato de passeio desde Vila Real de Santo António, onde se inicia este percurso, até Aljezur.

Esta é a sugestão mais completa do guia de percursos cicláveis no Algarve e a que está em maior sintonia com a natureza.

A pedal vai ter oportunidade de ver as árvores e plantações mais caraterísticas do Algarve — desde alfarrobeiras, figueiras e amendoeiras até às oliveiras. Isto já para não falar da biodiversidade que encontra ao longo do barrocal, da qual se destacam as inúmeras espécies de aves.