A 4 de maio de 1903, foi servido em Portugal o primeiro café em chávena. Aconteceu no Café A Brasileira, no número 75 da Rua de Sá da Bandeira, no Porto. Numa altura em que os portugueses (ainda) não tinham por hábito beber café na rua, Adriano Teles mudou tudo com uma singular estratégia de marketing: oferecer uma chávena de café a que deu o nome A Brasileira de graça a quem comprasse um saco de grãos de café.
Exatamente 110 anos depois de abrir, o emblemático Café A Brasileira fechou. Mas é claro que não poderia ficar assim durante muito tempo. Cinco anos depois, após uma obra de reabilitação e reconstrução, o espaço reabriu a 23 de março — o café está de volta, claro, e vem bem-acompanhado de um hotel de cinco estrelas e um restaurante de autor.
Para já ainda em soft opening, o Pestana Porto – A Brasileira City Center & Heritage Building resulta de uma parceria entre a empresa OPPA – A BRASILEIRA, LDA, do antigo selecionador nacional António Oliveira, e o Grupo de Dionísio Pestana.
O Pestana Porto — A Brasileira tem 90 quartos e suites, que se distribuem pelos seis pisos do edifício. Há ainda um restaurante que serve pratos típicos da gastronomia portuguesa, um pátio francês com um jardim vertical com plantas naturais, duas salas de reuniões e um ginásio.
Quando ao Café A Brasileira, reaparece de look renovado mas bem fiel às suas histórias. E é por aqui que vamos começar.
Café A Brasileira. "Por favor: não cuspam no chão"
O pedido é feito em duas placas de metal afixadas na parede. E tem uma explicação: quando há muitos e muitos anos Adriano Teles começou a vender café em chávena, o sabor não era lá grande coisa. Na realidade era tão mau que havia quem cuspisse no chão.
"Naquele tempo o café era mau, com características muito fracas. Adriano Teles importa os grãos de café do Brasil que, na sua versão mais pura, têm um sabor muito mais amargo", conta à MAGG Mariana Lacerda, diretora da área do Porto do Pestana Hotel Group. "Reza a história que havia pessoas que, no primeiro contacto com o café, o cuspiam para o chão."
Atualmente o café vem do Brasil, mais precisamente de uma fazenda a apenas 150 quilómetros de onde António Teles recebia o café que abastecia A Brasileira.
Faz sentido que assim seja. E que o gabinete APEL, do arquiteto Ginestal Machado, tenha ido ainda mais longe, fazendo um enorme esforço para manter a traça original. Quando António Oliveira comprou o edifício em 2013, um dos seus objetivos era devolver um espaço tão emblemático como este à cidade. "De certa forma havia também alguma nostalgia com o lugar, que tem referências emocionais à sua infância", continua Mariana Lacerda.
Lá fora, a fachada novecentista foi recuperada e continua tão imponente como noutros tempos. Lá dentro, ganha o verde água e o mármore nas paredes, no chão mosaicos de flores, no mobiliário as madeiras. A decoração da cafetaria, hotel e restaurante ficou a cargo do arquiteto Jaime Morais.
O antigo Café A Brasileira foi dividido em dois. Do lado esquerdo, na esquina, está a funcionar a cafetaria, que tem um total de 68 lugares e, em breve, uma esplanada com mais 20. É aqui que se começam a servir cafés e produtos de pastelaria bem cedo, a partir das 8 horas, até às 19. Nessa altura o espaço fecha e recomeça a funcionar como bar — aos dias de semana até à meia-noite, aos fins de semana até à uma da manhã.
Rui Martins está de volta com o melhor da gastronomia tradicional portuguesa
Depois do RIB Beef & Wine, no hotel Pestana Vintage Porto, o chef Rui Martins assume mais uma cozinha do grupo hoteleiro. Falamos, claro, do restaurante do Pestana Porto — A Brasileira. O Chefe Cozinheiro do Ano 2016 vai servir cozinha portuguesa de autor, num espaço requintado que manteve o desenho original do arquiteto Januário Godinho.
Do caldo verde às lulas estufadas, sem esquecer o bacalhau à Brás ou as tripas à moda do Porto, o restaurante abriu esta segunda-feira, 26 de março, e quer ser um espaço de referência na cidade. Uma refeição custa em média 35€ por pessoa, com bebidas incluídas.
O hotel faz uma viagem pelos Descobrimentos
Temos de começar pela escadaria no lobby, que resulta do restauro da obra do arquiteto Januário Godinho. De frente para o Teatro Sá da Bandeira, o hotel de cinco estrelas faz parte da marca Pestana Collection Hotels. Com um total de 90 quartos e suites distribuídos por seis pisos, a decoração inspira-se nas especiarias importadas durante a expansão marítima portuguesa, entre os séculos XV e XVI. São elas o café, chá, cacau, pimenta, canela e anis.
"A expansão marítima portuguesa foi essencialmente a época do café. No hotel explorámos a temática do café e das especiarias", explica Mariana Lacerda.
Os quartos têm em média 25 metros quadrados e dividem-se em Deluxe; Deluxe Superior; Deluxe Executive; Deluxe Grand View; e Suites. Destaque para os Deluxe Grand View, que ficam no quinto e sexto piso, com vista desafogada para a cidade.
Então e o que é que pode encontrar em cada um dos quartos? Há minibar, televisão LCD, cofre, máquina de café e chá e carregador USB para smartphones e tablets.
Consoante a época e a tipologia dos quartos, os preços variam entre 160€ e 350€.