Longe vão os tempos em que dormir num hostel era sinónimo de quartos a abarrotar de gente, filas para tomar banho e um pequeno-almoço feito de pão de forma e manteiga derretida de tanto abrir e fechar o frigorífico.
Não é que não os haja nestas condições, mas dormir num hostel deixou de ser uma experiência para quem viaja com os trocos contados desde que alguns deles começaram a abrir juntando num só espaço a comodidade dum hotel com o sentido de comunidade de um hostel. E agora, no Porto, abriu em setembro do ano passado um espaço que, arriscamos dizer, será o expoente máximo desta dualidade entre o conforto e convívio.
Quem passa na rua e vê a placa a indicar Selina, nem imagina o que aquela fachada esconde. São exatamente 3.400 metros quadrados, num espaço que se divide entre camaratas, quartos privados, cafetaria, bar, espaço de cowork e um jardim digno de fazer parte da lista de espaços verdes da cidade.
É ao ar livre que estão espalhados pufs, sofás, mesas e cadeiras, numa esplanada que só termina, de um lado, numa foodtruck quase a lembrar um recinto de festival e, do outro, um palco para DJ e música ao vivo, que animam as noites de fim de semana.
E ainda que o auge da festa seja à sexta-feira e sábados à noite, não há dia que seja esquecido na agenda de eventos deste hostel. Há aulas de ioga todas as manhãs, sessões de corrida dois dias por semana e aulas de pilates regulares.
Para quem não faz questão de mexer o corpo em exercício e prefere ficar-se pela dança, há DJ set ou música ao vivo todas as sextas-feiras e sábados à noite, e domingos ao fim da tarde.
Entre portas, há ainda uma biblioteca, uma sala de cinema, um bar, uma cafetaria, uma loja de produtos orgânicos e até um espaço de cowork. O melhor disto tudo é saber que, ainda que tudo isto aconteça no espaço circunscrito ao hostel, está aberto a toda a gente.
Gira-discos e projetores nos quartos
Com esta festa toda, ainda não fomos ao mais importante quando se fala de um hostel: dormir. E ainda que o sentimento seja de partilha, grande parte dos quartos do Selina são privados. O rácio é, mais concretamente, de 34 quartos privados para 19 partilhados, estes últimos divididos em camaratas de quatro, seis e oito camas.
Em cada um deles, a decoração é simples mas funcional, com pormenores que marcam a diferença. Por exemplo, o gira-discos que encontramos na maioria dos quartos privados, com uma seleção de vinis que vão desde Bob Dylan a Blondie, Rolling Stones a Abba. E se, na loucura, escolhermos a Suite Deluxe, podemos contar com um quarto maior que alguns T0 que andam por aí e que conta com um projetor em frente à cama, para ver séries e filmes em versão quase de cinema.
O cinema, a música e os livros não estão aqui apenas para decoração e é ideia da direção do hotel fazer parcerias com os grandes eventos a acontecer no Porto, como é o caso do Primavera Sound ou do Fantasporto.
Além disso, toda o espaço de cowork, aberto a hóspedes e a quem precise, foi criado para os chamados "nómadas digitais", como nos explica Manuel Rito, responsável pela comunicação do espaço. "Dar um espaço para pode trabalhar a quem viaja é muito importante hoje em dia, até porque há cada vez mais pessoas a trabalhar apenas via online e que o fazem em qualquer parte do mundo".
O Selina Porto é o primeiro na Europa desta cadeia sul americana que já tem hostels na Costa Rica, Panamá e México. A aposta em Portugal é segura e, depois da inauguração do espaço a norte, em março está já marcada a abertura de dois novos Selina, um em Lisboa e outro na Ericeira.
Para já, a viagem ao Porto está mais que justificada. Para os próximos dias estão já marcados DJ set sexta-feira, sábado e domingo, jantares de tapas portuguesas e conversas sobre desperdício zero.