Pergunta rápida: sabia que o gin antigamente era consumido por crianças? Outra: sabia que o gin era considerada uma bebida que levava à depressão?

Destilado de ervas botânicas e cereais, e misturado com zimbro, que é um grão europeu, há muita história por trás do gin que se consome um pouco por todo o mundo. Criado por um médico holandês, tinha como função inicial o uso para fins medicinais, sobretudo depois da devastação europeia pela Peste Negra. Então, a população acreditava que a bebida feita de zimbro (composto do gin atualmente) poderia ser a cura milagrosa para a doença.

A popularidade foi tanta que as muitas pessoas migraram para as cidades em que havia maior produção de álcool, e ali viveram durante muito tempo. Estas populações tornaram-se caóticas e sem quaisquer condições de sobrevivência. O consumo de gin tornou-se descontrolado e chegou a ser de uma média de meio litro por dia por cada pessoa, sempre com o intuito de levar à cura de doenças.

A consequência da migração para estas cidades "alcoólicas” não acabou bem. Em Londres, por exemplo, desencadeou uma fase de alcoolismo coletivo, com situações de extrema violência e epidemias várias. O gin passou rapidamente de uma bebida milagrosa e uma bebida ligada à depressão e a situações negativas. Essa fama perdurou durante muitas décadas, e o seu consumo foi proibido em diversos países, o que levou ao aparecimento de bares secretos — os famosos speakeasy —, que uniam homens e mulheres que se juntavam para beberem gin juntos.

Após a sua legalização, o gin tornou-se muito popular em Inglaterra, principalmente entre os soldados do exército, mas também junto de toda a população. Este foi um dos motivos pelos quais a monarquia inglesa aumentou brutalmente as taxas de impostos de importação, para incentivar a produção local de gin. O país tornou-se a partir disso uma referência e o maior produtor mundial de gin.

De entre todas as grandes marcas, uma das mais conhecidas e consumidas em todo o mundo é a Bombay Sapphire, que tem uma destilaria na vila de Laverstoke Mill, a uma hora e meia de Londres, em Inglaterra, que a MAGG teve oportunidade de visitar.

A fábrica foi uma antiga produtora de papel para as notas do Banco de Inglaterra, e esteve ativa por mais de 200 anos. Com o reinado da Rainha Vitória (que hoje figura nos rótulos das garrafas de Bombay), Laverstoke Mill expandiu-se enormemente e passou a fazer também papel para as notas indianas. Sobretudo por isto, a marca mantém, desde 1761, altura em foi criada a primeira receita de gin, uma ligação fortíssima à História do império britânico, que teve como uma das suas maiores colónias a Índia.

Atualmente, na fábrica é feito todo o processo de destilação do gin, assim como a recolha de grande parte dos botânicos usados na produção da bebida. A receita é secreta, mas são 13 os botânicos presentes em uma única garrafa, que garantem o saber a qualidade única do gin, tornando-o num dos mais populares do mundo. São 60% de água que chega diretamente da Escócia, 40% de gin dentro de uma icónica clássica garrafa azul de Bombay Sapphire. Tudo é cautelosamente cuidado, e há tipos de Bombay que demoram perto de 7 horas a serem produzidos.

Sam Carter, atual embaixador da marca, explica que "um bom gin deve ser apreciado não apenas pelo sabor, mas pelo aroma, é por isso que os copos devem ser largos, para se conseguir encaixar o nariz e ter a verdadeira experiência com a bebida”. Uma das tarefas principais de Sam Carter como embaixador é a de provar as diferentes receitas de Bombay. Ou seja, bebe gin de segunda a sexta, sobretudo no período da manhã, quando o olfato e o paladar estão mais apurados.

Atualmente existem quatro garrafas, cada uma com composições diferentes. A Dry Gin é menos concentrada, e pode ser tomada pura para degustação, a East ou Star Of Bombay são mais fortes e aconselhadas para acompanhar outros ingredientes, tais como licores, e frutas.

Coentros, raiz de lírio, amêndoas, alcaçuz, angélica são alguns dos botânicos que se podem encontrar na destilaria. Um dos locais mais interessantes para visitar é precisamente a estufa, a Glasshouse. As sementes são todas colocadas a temperaturas mais altas, e a evaporação das plantas segue o percurso pelos tubos condutores até a destilação do gin, unindo-se com a água e o álcool. A maior parte das especiarias vem de Genéva, na Suíça, mas a estufa como demonstração de todo o processo torna o passeio extremamente interessante.

Uma das curiosidades nesta visita é o facto de não se poder usar telemóvel. Há uma grande quantidade de álcool no ar, e durante as visitas acompanhadas, é necessário andar com um sensor que deteta se o ar está ou não apropriado, para que as pessoas possam ou não entrar em determinados locais. É possível também provar o gosto do gin antes de ele ser diluído com os demais componentes, porém é extremamente forte, daí que seja apenas permitido fazê-lo usando um dedo.

Quase no final do tour, há a passagem pela sala dos aromas, a Dry Room, onde é possível sentir todas as essências dos botânicos usados na receita de Bombay Sapphire, e as pessoas podem escolher os seus preferidos. Por fim, existe um bar dentro da destilaria que reproduz uma bebida para tomar de acordo com os seus gostos. Deixamos uma dica a quem possa querer visitar o espaço: provem o cocktail de melão.

A MAGG viajou a convite da Bombay.
Fotografia por : Tiago Maya

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