É um relatório explosivo e altamente preocupante. Portugal tem das frutas mais contaminadas por pesticidas na Europa, e no topo da lista estão as peras e as maçãs, duas das mais consumidas no nosso País. Os dados constam do relatório da organização não-governamental “Pesticides Action Network Europe” (PAN Europa), que foi divulgado esta terça-feira, 27 de setembro, e que revela que a fruta do outono na Europa está “altamente contaminada” com pesticidas perigosos. De acordo com o expresso no documento, grande parte de peras europeias (49%), uvas de mesa (44%), maçãs (34%), ameixas (29%) e framboesas (25%) apresentavam resíduos de pesticidas ligados ao aumento do risco de cancro, deformidades congénitas, doenças cardíacas e foram vendidas nesse estado. A maior parte dos pesticidas presentes na fruta é uma ameaça à saúde, ainda que esteja presente na fruta em doses muito baixas.
A situação mais complicada para Portugal é a das peras. Ao todo, 68% das peras portuguesas vendidas apresentavam valores elevados de pesticidas perigosos, a percentagem mais alta da Europa. No caso das maçãs, a coisa não melhora muito. As mais contaminadas são as holandesas (71%), depois as gregas (54%) e Portugal surge no terceiro lugar, com 50%.
Muito melhor estamos em relação às framboesas, já que apenas 11% das cultivadas no nosso país apresentavam índices tóxicos elevados.
Ao todo, foram analisadas 44.137 amostras de frutas frescas entre 2011 e 2020. Uma das conclusões do estudo é o de que o uso de pesticidas aumentou, e que a contaminação de maçãs, peras e ameixas quase duplicou desde 2011. Em 2020, um terço (33%) de todos os frutos testados estavam contaminados, quando em 2011 o valor não ia além de 20%.