O drama da bebé de 10 meses que morreu esta terça-feira, 12 de setembro, depois de ter sido esquecida durante 7 horas e meia dentro do carro do pai parece ter contornos ainda mais dramáticos. Terá sido a mãe da criança, médica de profissão, a dar por falta da filha, quando, por volta das 15h30, a foi buscar à creche e percebeu que a pequena Madalena não tinha sido deixada no infantário pelo pai, como deveria ter acontecido. A mulher terá então dado o alerta imediato ao marido e corrido para a viatura, que estava a perto de 100 metros da creche, já que a instituição fica dentro do perímetro da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), na Caparica, onde o pai da bebé é professor, refere o "Jornal de Notícias" desta quinta-feira, 14 de setembro.

Professor universitário esquece-se da filha de 10 meses dentro do carro na Caparica. Bebé morreu com o calor
Professor universitário esquece-se da filha de 10 meses dentro do carro na Caparica. Bebé morreu com o calor
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Os pormenores da história ainda não são totalmente conhecidos já que ainda não foi possível recolher os depoimentos dos pais da bebé que acabou por morrer ao que tudo indica por asfixia devido ao calor extremo que se verificava no interior da viatura. Os dois continuavam, terça e quarta-feira, em estado de choque e a ter apoio psicológico depois do sucedido. Ao que refere o "Correio da Manhã" desta quinta-feira, o casal terá outros filhos.

Um fator importante que ajudará a explicar o facto de ninguém ter reparado na criança a dormir é o facto de o carro do pai, um veículo familiar da marca Seat, ter os vidros traseiros escurecidos, o que impedia que qualquer pessoa que por ali passasse pudesse ver a criança.

Importante para a investigação da PJ de Setúbal, que tomou conta da ocorrência, será o sistema de videovigilância da FCT. As imagens das câmaras, que já terão sido recolhidas pelas autoridades, poderão demonstrar exatamente a que horas o pai deixou a viatura (estima-se que tenha sido pelas 8 da manhã), e a que horas a criança foi retirada, e por quem. Sabe-se que mal a criança foi encontrada, já sem batimento cardíaco, foi-lhe prestado auxílio por parte de uma aluna da FCT, ex-bombeira, que tentou reanimá-la, mas sem êxito.

A Polícia irá também servir-se das provas recolhidas no cadáver da bebé e do relatório de autópsia, que ainda não foi disponibilizado. O corpo da bebé ainda se encontrará no Instituto de Medicina Legal de Lisboa, à espera de ser autopsiado.

O pai da criança poderá ter de responder por um crime de homicídio por negligência, que na sua forma mais grave tem uma pena máxima de 5 anos, sendo, por norma, suspensa, se não houver antecedentes criminais.