O Papa Francisco morreu esta segunda-feira, 21 de abril. A informação foi confirmada pelo Vaticano, que acrescentou apenas que Francisco morreu na sua residência, não se sabendo, até à data, mais detalhes sobre a causa da morte. O Sumo Pontífice, cujo nome de batismo era Jorge Mario Bergoglio, foi o 266.º líder da Igreja Católica.

O que é certo é que, nos últimos tempos, o papa passou por graves problemas de saúde – uma bronquite, que evoluiu para infeção polimicrobianadas vias respiratórias e posteriormente para pneumonia bilateral –, tendo regressado há pouco tempo ao exercício das suas funções. Este domingo, 20 de abril, fez a sua última aparição na varanda da Basílica de São Pedro.

Papa Francisco morreu. Conheça 8 dos cardeais que podem ser o seu sucessor
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Após a morte do Papa Francisco, entra-se em período de "sede vacante". Nesta fase, a Igreja Católica fica sem um líder, pelo que a sua governação fica sob a alçada do camerlengo, que é responsável pela administração dos bens e do tesouro do Vaticano. Atualmente, o cargo é ocupado pelo cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell.

Entretanto, o funeral do Papa deve ocorrer o mais tardar a 30 de abril, diz o Sapo24. A Igreja entra em luto por nove dias. Depois disso, acontece o conclave, um dos momentos mais simbólicos e secretos da Igreja Católica. Mas o que é exatamente este processo, como funciona e o que está previsto nos próximos dias? Nós explicamos.

O que é o conclave?

A palavra "conclave" vem do latim "cum clavis", que significa fechado à chave. A expressão não é apenas simbólica: desde o século XIII, os cardeais eleitores são trancados num espaço isolado – atualmente a Capela Sistina, no Vaticano – até conseguirem eleger o novo Sumo Pontífice da Igreja Católica. Este sistema foi criado precisamente para evitar influências externas e acelerar um processo que, noutros tempos, chegou a arrastar-se durante anos.

Quem participa?

Só os cardeais com menos de 80 anos no dia da morte do Papa podem participar no conclave. Neste momento, segundo informações oficiais, são 135 os cardeais com direito de voto, um número que pode sofrer ligeiras alterações até ao dia do início do conclave, diz a "Ecclesia". Entre eles há quatro portugueses – o maior número de sempre –, incluindo D. Manuel Clemente (patriarca emérito de Lisboa) e D. António Marto (bispo emérito de Leiria-Fátima).

Quando é que começa o conclave?

O conclave não começa imediatamente após a morte do Papa. As regras do Vaticano dizem que este terá início entre 15 e 20 dias depois da morte do pontífice, diz o "Público". Este intervalo serve para organizar as cerimónias fúnebres, permitir que todos os cardeais possam deslocar-se até Roma e dar algum espaço para reflexão interna na Igreja.

Não há ainda uma data oficial definida, mas já anda a circular uma data possível: o conclave poderá começar a 21 de maio, diz o Sapo24. Durante este tempo, os cardeais também participam nas congregações gerais, onde discutem os desafios da Igreja, possíveis nomes, perfis desejados para o novo Papa e questões logísticas do conclave.

O que acontece no conclave?

No primeiro dia do conclave, todos os cardeais entram na Capela Sistina. Assim que estão reunidos, ouve-se a expressão "extra omnes" – em latim, "todos para fora" – que marca o momento em que todas as pessoas não autorizadas devem abandonar a sala. Depois, os cardeais presentes ficam sem qualquer contacto com o mundo exterior e prestam um juramento de absoluto segredo.

A partir daí, iniciam-se as votações, que, regra geral, podem ir até quatro por dia – duas de manhã e duas à tarde. Cada cardeal escreve o nome do seu escolhido num boletim, que é depois colocado numa urna e, para que algum dos candidatos seja eleito, é preciso que consiga obter dois terços dos votos (neste caso, 90 em 135, diga-se).

Depois de cada votação, os boletins são queimados. A cor do fumo que sai da chaminé da Capela Sistina é sinal de que houve consenso (ou não). Ou seja, se o fumo sair preto, significa que ainda não se conseguiu escolher o sucessor, mas, se for branco, é sinal de que há um novo Papa, diz a CNN Portugal.

No entanto, caso se perceba que o consenso é difícil de atingir, as regras podem mudar. De acordo com o "The Guardian", se após 30 votações ainda não tiver sido escolhido um sucessor para o Sumo Pontífice, os cardeais podem decidir (por maioria simples) mudar as regras e passar a eleger com maioria absoluta.

E depois da eleição?

Assim que um nome atinge os dois terços de votos, o eleito é convidado a aceitar – e pode, teoricamente, recusar. Caso aceite, é-lhe perguntado que nome papal deseja adotar, uma escolha que acaba por ser sinónimo do tipo de pontificado que se pretende. Por exemplo, João Paulo II homenageou Paulo VI e João Paulo I, diz o site "Catholic Answers". Já Francisco quis refletir a sua proximidade com os pobres e inspirou-se em São Francisco de Assis.

Depois da escolha do nome, o novo Papa é vestido com as roupas brancas que o identificam como Sumo Pontífice e conduzido até à varanda central da Basílica de São Pedro. É então que o cardeal protodiácono anuncia ao mundo: "Habemus Papam!", seguido do nome do eleito. Momentos depois, o novo Papa faz a sua primeira bênção pública como líder espiritual de mais de mil milhões de católicos.