Estão desesperados os pais do pequeno Êmile, 2 anos, desaparecido no passado sábado, 8 de julho, por volta das 17h15, da aldeia de Le Vernet, nos Alpes franceses. A mãe da criança, que na altura estava em casa, a 200 quilómetros do local onde o filho passava férias com os avós, partilhou nas redes sociais uma mensagem enigmática em que apela a uma conhecida pastora dos séculos XVII e XVIII que diz ter sido visitada várias vezes pela Virgem Maria, à imagem do que aconteceu com os pastorinhos de Fátima no início do século XX. “O diabo levava-a regularmente à montanha, mas os anjos traziam-na de volta.”

A mãe de Êmile, a mais velha de 10 irmãos, altamente católica e ligada à igreja e a atividades culturais, referia-se a Benoît Rencurel, a pastora que vivia na região montanhosa dos Alpes-de-Haute-Provence, que diz ter sido visitada várias vezes pela Virgem Maria entre 1664 e 1718. A pastora é vista como uma santa na zona dos Alpes e o seu processo de beatificação está pendente em Roma, à espera de aprovação. O que a mãe de Êmile queria dizer com a frase era que também Benoîte muitas vezes se perdia nas montanhas — levada pelo Diabo — e depois encontrava o seu caminho de volta, guiada pelos anjos. E é essa a sua esperança para o seu filho.

O pequeno Émile continua desaparecido. Ainda não há nenhuma pista do paradeiro do menino de 2 anos
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As buscas policiais para encontrar a criança na zona de Le Vernet foram entretanto suspensas esta quarta-feira, depois de as 25 casas da zona terem sido todas analisadas a fundo, todos os habitantes interrogados, todos os carros analisados, e a zona batida a pé por militares, cães, polícias, drones e populares, sem que se tenham encontrado vestígios da criança.

"Vamos rezar por Êmile e por Benoîte Rencurel”, apelou a mãe do menino de 2 anos desaparecido. Também ela foi questionada pelas autoridades, bem como o pai de Êmile, mas não há quaisquer indícios de que os pais estejam envolvidos no desaparecimento, até porque no sábado estavam em casa, perto de Marselha, a 200 quilómetros de distância de Le Vernet.

Foi neste beco que Êmile estava a brincar na altura do desaparecimento
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De acordo com o "Correio da Manhã" desta quinta-feira, que cita fóruns privados e páginas do Twitter, os pais da criança poderão ter ligações, sim, a movimentos de extrema-direita e não é de descartar totalmente a hipótese de haver uma ligação entre esse facto e o desaparecimento da criança. Ainda segundo o jornal, estes movimentos da direita mais radical podem ter estado envolvidos no espancamento de dois jovens emigrantes em Marselha em 2018. É sugerido, por isso, que o rapto de Êmile poderá ter sido um ato de vingança.

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As autoridades não confirmam, não desmentem e não descartam quaisquer hipóteses neste momento, embora considerem "altamente improvável" a tese de que a criança se tenha perdido e continue sem conseguir encontrar o caminho de volta para casa, já que a zona foi toda batida por centenas de pessoas com meios técnicos avançados e cães pisteiros.

As maiores esperanças residem agora nas análises aos números de telemóvel que andavam na região no sábado em que Êmile desapareceu. As operadoras móveis forneceram à polícia os dados de todos os dispositivos móveis que foram ativados pelas antenas da região durante o dia de sábado. Ou seja, quem quer que andasse pela zona com um telefone estará a ser analisado. As autoridades acreditam que poderão chegar a pessoas que não são da região e tentar perceber o que estavam a fazer na aldeia naquele dia.