Em vários artigos de desporto testados num laboratório independentemente foram encontradas substâncias perigosas para a saúde, quer por serem cancerígenas ou tóxicas. No total foram analisados 82 produtos de 13 países europeus — Portugal faz parte da lista — e dessa amostra, 20 artigos (25%) continham um elevado teor desse tipo de substâncias.

A conclusão é de uma investigação do projeto europeu "LIFE AskREACH", que apoia consumidores e empresas a garantir o direito à informação sobre a presença de substâncias químicas. Foi divulgada esta quinta-feira, 14 de janeiro, pela associação ambientalista Zero, que revela alguns dos artigos analisados: bolas de ginástica, tapetes para yoga, dumbbells, cordas, utensílios de natação, garrafas desportivas, calçado de ginástica.

Entre as substâncias prejudiciais à saúde encontradas nestes artigos encontram-se plastificantes, retardadores de chama, metais pesados a alquilfenóis, que estão presentes em quantidades superiores a 0,1% em quase metade dos vinte artigos.

Esta percentagem "obriga o produtor e o retalhista a informar os consumidores sobre a sua presença, caso estes solicitem tal informação", segundo o regulamento REACH (Registo, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas), contudo, a associação Zero adianta que" nenhuma das empresas que produziram estes produtos respondeu ao pedido de informação enviado sobre a presença destas substâncias".

A juntar a tudo isto, foram encontrados dois plastificantes (DEHP or DIBP) que estão proibidos na Europa desde julho de 2020 em caso de estarem presentes em concentrações superiores a 0,1% devido à elevada toxicidade. O problema é que além de terem sido encontrados em artigos de desporto comercializados na Europa, continham concentrações superiores a 40%, como aconteceu com uma bola de pilates.

Foi ainda detetado outro material perigoso, parafinas cloradas de cadeia curta (SCCP), numa corda de exercício em taxas superiores ao recomendado.

"Os resultados dos testes demonstram a dificuldade de implementar a estratégia da UE de solicitar às empresas que voluntariamente deixem de utilizar estas substâncias em artigos", conclui a associação Zero. Prova dessa dificuldade é o facto de que artigos com substâncias cancerígenas "ainda circulem em artigos de uso quotidiano", acrescenta.

Numa nota final, a Zero aconselha os desportistas a adotar algumas estratégias para tornar a prática de exercício físico mais segura: evitar artigos feitos de plástico (especialmente PVC flexível ou artigos escuros de baixo custo, feitos de plástico rígido), procurar rótulos ecológicos e usar a aplicação Scan4Chem, que permite solicitar informação sobre a presença de substâncias perigosas nos artigos de desporto.