Foram anos a lutar na Justiça, mas sem resultados. A coisa chegou ao ponto de a ex-mulher ter sido presa e condenada pelo crime de rapto do filho, mas nem assim Francisco Avellaneda conseguiu ver o filho, que ficou à guarda do padrasto. Desesperado, jogou a cartada do momento: mudar de sexo. "Até agora, têm negado os direitos a um homem. A partir de agora, estão a negar os direitos a uma mulher trans. Se os juízes violarem os direitos de uma mulher trans terei de os denunciar por crime de ódio", alertou este pai.
Francisco Javier Avellaneda é da zona de Palencia, perto de Valladolid, norte de Espanha. Há oito anos que aparece nos meios de comunicação social espanhóis pela luta que trava para poder ver o filho, agora com 15 anos, fruto do anterior relacionamento. Sem qualquer resultado. A ex-mulher andou fugida com a criança e acabou mesmo por ser presa por rapto do filho e condenada a pena de prisão, que está a cumprir. Só que nem isso alterou a guarda parental da criança, que continua a estar com a mãe, embora o filho viva com o padrasto.
No passado mês de fevereiro, Francisco jogou a cartada mais criativa e desesperada até agora. Foi ao registo civil de Torrelaguna, em Madrid, e pediu para alterar o seu género, passando de homem a mulher trans, e alterando o nome para Francisca. "Espero que agora, como mulher trans, deixem de espezinhar os meus direitos e me dêem o meu filho", disse, a 27 de fevereiro, depois de o processo ter sido aprovado.
Francisca acredita que, agora, poderá ter mais hipóteses judiciais de ver o filho. "Até agora, como homem, os meus direitos foram espezinhados. A justiça discriminou-me porque sou homem". O pai, que agora é mãe, diz que continua a ser "a mesma pessoa". "A única diferença é que antes tinham raptado o filho de um homem e agora raptaram o filho de uma mulher que é trans, mas a criança continua a ser raptada porque não está com a pessoa que tem a custódia, que sou eu".