Um pai foi impedido pelo tribunal de proibir que o filho de 8 anos tomasse medicação com bloqueadores de hormonas masculinas, uma das fases de transição do sexo masculino para feminino, iniciado pela mãe à revelia do pai. Quando o descobriu, o homem tentou, na Justiça, cancelar o processo mas foi travado pelo tribunal. Mas o caso deu uma reviravolta.

O caso começou em 2o17, quando a criança tinha apenas 3 anos, e dois anos após o divórcio entre o pai e a mãe da criança. A mãe começou a vestir o rapaz, Matthew, de menina, e passou a chamar-lhe Rubi, nome que deu na escola. Foi precisamente através de uma comunicação da escola que o pai, muito mais tarde, o descobriu. Recebeu um mail a falar da sua filha Rubi, e ele respondeu a dizer que não tinha nenhuma filha chamada Rubi, mas sim um filho chamado Matthew. E ficou a perceber o que se passava. Isto porque sempre que a mãe enviava o filho para passar o fim de semana com o pai, voltava a vesti-lo como um rapaz, para o pai não saber de nada, revelou o homem ao tribunal de família de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Dennis Hannon, de 32 anos, iniciou então uma batalha legal com o Supremo Tribunal de Erie, que durou 7 anos, para tentar reverter o processo de transição de sexo iniciado, segundo diz, por desejo da mãe já que nunca viu no filho nenhum comportamento que indicasse que estava desconfortável com o sexo com que nasceu. "Tem sido um pesadelo", desabafou Hannon em declarações ao "Daily Mail". "Isto destruiu completamente a minha vida".

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Dois anos depois de ter começado a vestir o filho de menina, a mãe enviou a criança para um terapeuta de afirmação transgénero e passou a administrar bloqueadores de puberdade, que impediam a produção de hormonas masculinas na criança, revelou o pai em tribunal, apresentado provas documentais, citadas pelo Daily Mail. "Fui o último a saber da transição e que ele estava a ser tratado com bloqueadores da puberdade", disse.

Matthew numa festa da escola vestido de amarelo, com um vestido, quando a mãe lhe chamava Rubi
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O pai acrescenta que "nunca foi feito um diagnóstico oficial de disforia de género por profissionais médicos", que pudessem confirmar a teoria da mãe.

Ainda assim, os argumentos não convenceram o tribunal, que deu razão à mãe e, pior, reduziu o contacto do pai com o filho, passando a ter apenas direito de visita, sem direito de levar o filho a médicos.

Só que o tempo acabou por dar razão ao pai, que agora quer ser compensado pelos traumas sofridos e pelos custos que teve. Já com 9 anos, Rubi voltou a chamar-se Matthew, por decisão da própria criança, e voltou a vestir-se como um rapaz. Ao longo dos sete anos, o processo judicial custou ao pai perto de 150 mil dólares. "Gastei todos os cêntimos da minha reforma", afirmou. Na altura, ele foi também condenado a pagar os honorários do advogado da sua ex-mulher.

"Para mim, é muito claro que se tratava de fazer avançar uma narrativa. Ninguém queria questionar a ordem de trabalhos, nem sequer questionar se alguém tinha ou não disforia de género. Só porque a mãe entendeu que ele estava confuso em relação ao género, então, toda a gente teve de aceitar isso como verdade". O pai garante que ainda hoje o filho "é um rapazinho normal". "Mas a mãe continua a tentar influenciá-lo, utilizando os pronomes eles/elas, e continua a chamar-lhe B, que é o diminutivo de Ruby".