A Ucrânia, que entra este sábado, 26 de fevereiro, no terceiro dia de guerra, amanheceu a defender-se contra um ataque que se faz agora em quatro frentes. As cidades de Sumy, Poltava e Mariupol também já estão sob ataque, com mísseis a serem disparados a partir do Mar Negro, mas Kiev continua no centro da batalha.

Esta sexta-feira, 25, o governo norte-americano garantiu que os russos encontraram na capital "mais resistência do que tinham antecipado" e a tese confirma-se: continua a travar-se uma guerra pelo futuro do leste da Europa no centro da cidade, mas o exército ucraniano terá conseguido defender a Avenida Vitória, uma das mais importantes em Kiev.

Ruas desertas, bombardeamentos e Rússia disposta a diálogo. Ponto de situação da guerra na Ucrânia
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Ainda assim, 35 pessoas, incluindo três crianças, morreram durante uma explosão, esta madrugada. O que perfaz um número total de cerca de 200 mortos até à hora de publicação deste artigo, como confirma a Reuters com informação original da agência russa Interfax, escreve o "Observador".

No segundo dia de invasão, cerca de 50 mil pessoas abandonaram as suas casas em prol da sua própria segurança e dividem-se agora entre países vizinhos, estações de metro e bunkers. No entanto, este sábado, o cenário permanece o mesmo: já há registo de filas de mais de seis quilómetros para tentar passar a fronteira com a Roménia e as autoridades na capital ucraniana já lançaram o aviso de que estão a decorrer combates contra militares russos. No mesmo alerta, pediram ainda aos seus cidadãos que procurem refúgio em abrigos e que se mantenham longe de janelas ou varandas para não serem atingidos por destroços ou balas.

"É um momento crucial" para decidir a adesão da Ucrânia à UE

O Presidente ucraniano continua ativo no Twitter onde vai dando conta das conversações que mantém com líderes da comunidade internacional. "É um momento crucial para encerrar de uma vez por todas a discussão de longa data e decidir sobre a adesão da Ucrânia à UE", escreveu numa das suas publicações, na mesma em que diz ter falado com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.

"Um novo dia na linha de frente diplomática começou com uma conversa com Emmanuel Macron", escreveu no Twitter o presidente ucraniano. "Armas e equipamentos dos nossos parceiros estão a caminho da Ucrânia. A coligação anti-guerra está a funcionar", completou.

Para além da publicação, Zelensky publicou um novo vídeo, onde pede que não se acredite em falsificações. "Há muita informação falsa a dizer que eu pedi ao nosso exército que depusesse as armas", diz o presidente. "Estou aqui. Não vamos baixar as armas. Vamos defender o nosso país", rematou, depois de os Estados Unidos terem oferecido ajuda para o retirar em segurança da Ucrânia.

Zelensky recusou a oferta de abandonar o próprio país. "A luta é aqui", garante. Ainda assim, Joe Biden já confirmou que enviou 600 milhões de dólares para assistência militar à Ucrânia.

Censura à imprensa russa

Palavras e expressões como "assalto", "invasão" ou "declaração de guerra" não podem ser usadas pelos jornais russos ao noticiarem o conflito na Ucrânia. O aviso foi feito pelo Roskomnadzor, o Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação de Massa, que esta sexta-feira, 25, ameaçou restringir o acesso ao Facebook, como resposta ao posicionamento do grupo Meta face ao conflito.

A notícia é avançada pela AFP e por alguns dos órgãos de media independentes, como o Nova Gazeta. Vários meios de comunicação social, como a rádio Echo, são acusados de divulgar "informações falsas" sobre o bombardeio de cidades ucranianas pelo exército russo e mortes de civis, lê-se. Ainda assim, não se sabe qual será a decisão efetiva de Roskomnadzor face ao Facebook ou quais as repercussões a quem violar as regras impostas.

Na Rússia, já se fala no regresso da pena de morte

Dmitry Medvedev, antigo presidente russo, sugere o regresso da pena de morte ao seu país, depois de a Rússia ter sido suspensa do Conselho da Europa. "Uma injustiça selvagem. Embora seja uma boa razão para bater a porta e esquecer para sempre esses asilos sem sentido, é uma boa oportunidade para restaurar uma série de instituições importantes como a pena de morte para os criminosos mais perigosos", escreveu na rede social Vkontakte, avança o jornal "Nova Gazeta".

Entre os destroços de guerra, Mia nasceu num abrigo anti-bombas

Mia nasceu num abrigo anti-bombas em Kiev, na Ucrânia, na noite passada, num ambiente de nervosismo marcado por receios de novos bombardeamentos pelas tropas russas. Ao longo da madrugada, várias explosões foram ouvidas em diversos pontos da capital ucraniana. Mesmo no meio de uma guerra, a mãe de Mia garante que está feliz e registou o momento do nascimento da filha, que foi partilhado nas redes sociais.

"Será que ela algum dia poderá viver numa Ucrânia livre?", questiona um internauta.