É uma história que parece de filme, mas aconteceu na realidade. Uma paramédica foi chamada para acudir duas vítimas de um acidente de viação, que estavam gravemente feridas, após a colisão de um carro com um camião, a 15 de novembro, na região de Calgary, no Canadá. Jayme Erickson chegou ao local numa ambulância juntamente com a equipa de bombeiros e rapidamente tentou salvar uma das vítimas, uma jovem mulher, que estava num estado muito grave, irreconhecível, com ferimentos graves na cara e na cabeça. Fez o melhor que conseguiu, consciente de que seria praticamente impossível salvá-la. "Pensei mesmo: esta noite uma família vai receber a terrível notícia de que perdeu uma filha, uma irmã, uma neta", revelaria mais tarde. O que Jayme não esperava é que a pessoa a receber exatamente essa notícia seria ela própria.
"Este foi o meu pior pesadelo como médica". As palavras são da própria Jayme Erickson, que mais tarde acabaria por revelar a história na sua página de Facebook. "Estamos sobrecarregados de tristeza e absolutamente destruídos. A dor que estou a sentir é como nenhuma dor que alguma vez senti, é indescritível", pode ler-se na publicação partilhada a 18 de novembro.
A paramédica revelou os detalhes de como tudo se passou naquela noite trágica. "À chegada, encontramos duas vítimas com ferimentos. A passageira [ao lado do condutor] estava presa e gravemente ferida. Sentei-me no carro e tratei dela, fazendo tudo o que podia enquanto os bombeiros a tentavam libertar", escreveu Jayme na publicação. Mas já nessa altura, a médica tinha consciência de que pouco havia a fazer e que aquela vítima iria morrer, devido à gravidade das lesões. Ainda assim, e após ter sido levada do local, a jovem rapariga ainda foi transportada por avião para o Centro Médico Foothills, em Calgary, onde lhe tentaram salvar a vida. Jayme acabou por ir para casa descansar. Mas o pior aconteceu logo de seguida.
"Minutos depois de ter chegado a casa, a minha campainha tocou. A minha vida mudou para sempre. A Polícia Real do Canadá estava à minha porta para me informar de que a minha filha tinha sofrido um acidente e estava gravemente ferida. Quem eu tinha acabado de socorrer, era alguém da minha própria carne e sangue. A minha única filha. A minha mini-eu. A minha filha, Montana", lamentou Jayme Erickson.
Ficou num estado irreconhecível
A mãe entende o porquê de não ter conseguido identificar a sua própria filha. "Os seus ferimentos eram tão horríveis que nem sequer a reconheci. Fui depois levada para ver a minha menina e fui informada de que os seus ferimentos não eram compatíveis com a vida".
O caso foi mais tarde explicado com detalhe por parte de um porta-voz da família, Richard Reed, que revelou aos jornalistas mais pormenores do acidente. De acordo com o que disse, e citado pelo jornal norte-americano Today, Montana, de 18 anos, e um amigo estavam a regressar a casa de carro depois de terem ido passear os cães no parque Big Hills Springs. Um camião acabou por embater violentamente no carro conduzido pelo amigo de Montana. A equipa de paramédicos foi imediatamente chamada e Jayme chegou então para socorrer as vítimas. "Ela ficou dentro do carro acidentado durante mais de 20 minutos, assegurando que a coluna cervical da paciente estava estável e que as suas vias respiratórias estavam desobstruídas", explicou o porta-voz. "Quando voltou a casa, expressou o seu pesar e frustração ao seu companheiro, dizendo-lhe que nessa noite uma família iria provavelmente receber a notícias de que tinha perdido uma sua filha, uma irmã uma neta".
O amigo de Montana sobreviveu ao acidente e o condutor do camião sofreu apenas ferimentos ligeiros.