A mulher do jornalista e radialista angolano Cláudio Emanuel Pinto, que faz o programa "In" na Rádio Despertar, foi torturada na sua própria casa por vários assaltantes que lhe fizeram 16 cortes num braço e deixaram um aviso escrito ao marido. O jornalista garante que o ataque "foi um aviso" e se deu por razões políticas, já que é um crítico do regime e do MPLA, partido que governa Angola desde 1975, e que no passado mês de Agosto venceu as eleições com a mais baixa percentagem de sempre, 51% dos votos, contra os 43,9% do principal opositor, a UNITA.

Cláudio Emanuel Pinto é uma das estrelas da rádio em Angola, onde é conhecido por Cláudio In ou King. Embora não seja um político, tem capacidade de influência no País, e é um conhecido rosto da oposição ao partido que foi liderado ao longo de 40 anos por José Eduardo dos Santos, e que tem hoje à frente o Presidente de Angola, João Lourenço. "Fui alvo de um ataque cobarde. Entraram na minha casa, agrediram a minha esposa e fizeram 16 cortes nos seus braços perante o meu filho de um ano", disse Cláudio Pinto ao "Novo Jornal", de Angola. Os dois assaltantes desarrumaram depois o apartamento, partiram várias coisas e deixaram uma mensagem ao radialista: "King, aviso", escreveram num papel. “Amarraram-na, apontaram uma faca ao meu filho de um ano e disseram: ‘se tu gritares, vamos matar o teu filho aqui'”, acrescentou Cláudio “In” à "DW África". "Deram-lhe várias chapadas, pontapearam-na, deram-lhe um murro no estômago. Está com as pernas e os braços todos cortados”.

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Este é o segundo incidente na casa de Cláudio King no espaço de uma semana. No passado dia 14, quando Cláudio estava ausente, a trabalhar na Rádio Despertar, intrusos terão tentado entrar no seu apartamento. Só que na altura foram vistos por um vizinho, que foi ver o que se passava. "O pior só não aconteceu porque um vizinho meu apareceu justamente naquele momento e os elementos puseram-se em fuga", conta o jornalista ao mesmo jornal. Cláudio garante que está "perante uma forma de intimidação à família" que tem como objetivo silenciar as suas críticas ao regime do MPLA.

As autoridades estão a investigar o caso mas ainda não detiveram qualquer suspeito.