Novo ano, preços novos. Já estamos habituados a que no início de cada ano haja alterações aos preços e este não é exceção. Com o impacto da pandemia na carteira dos portugueses, o desejável seria que todos os preços descessem, mas não é isso que vai acontecer no caso do tabaco e do pão, que contrastam com a eletricidade — cuja previsão é de uma ligeira descida.

Já noutras contas, como a renda da casa ou as portagens, prevê-se que os preços se mantenham iguais.

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Os novos valores refletem o peso de um ano atípico, bem como do que foi definido no Orçamento de Estado (OE) para 2021.

Uma das medidas de maior impacto para as flutuações de preços no próximo ano diz respeito à decisão de aumentar o salário mínimo nacional em 30 euros, conforme aprovado em Conselho de Ministros e anunciado pelo secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos, a 22 de dezembro.

Ponto por ponto, mostramos o que vai mudar nos preços em 2021 de modo a que prepare já a carteira para gastos ou poupanças.

Luz

Lembra-se das boas notícias que anunciámos? Aqui estão elas: a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) prevê uma descida do preço da luz de 0,6% para o mercado regulado ou tarifa equiparada, preço que vigora já a partir de 1 de janeiro. Apesar de parecerem meras décimas, ao fim do ano esta diminuição pode representar uma poupança anual de até 30€.

Mas há mais: além da descida de 0,6% (maior do que os 0,4% no ano passado), haverá ainda uma redução do IVA de 23% para 13% nos primeiros 100 quilowatt-hora (kWh) de energia consumidos.

Passando à prática, um casal, por exemplo, vai conseguir poupar, em média, 1,45€ (-3,7%), enquanto uma família constituída por um casal e dois filhos vai reduzir cerca de 2,45€ nos custos da luz, de acordo com as simulações do ERSE para o "Jornal de Negócios".

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No entanto, é preciso ter em conta que “a poupança na fatura de cada consumidor vai depender do seu consumo médio”, alerta a ERSE.

Embora ainda não se saibam as atualizações de preços das empresas EDP, Galp ou Iberdrola, a Endesa já adiantou que "não irá alterar os preços a partir de 1 de janeiro, apenas aplicará a atualização das tarifas de acesso às redes de distribuição", disse ao mesmo jornal.

Gás

Novamente, uma redução. As tarifas de gás para o próximo ano vão sofrer uma redução média de 2,2% do preço para tarifas transitórias de venda a clientes finais em baixa pressão, com consumo anual inferior ou igual a 10 mil m3. A redução abrange os consumidores domésticos e serviços ainda fornecidos em mercado regulado, de acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

Já quanto aos consumidores com tarifa social, a ERSE indica que estes já usufruem de um desconto de 31,2% sobre as tarifas transitórias de venda a clientes finais.

E não precisa de se preocupar com nada: a redução na fatura é feita automaticamente, independentemente de o consumidor estar no mercado regulado ou no mercado livre. Assim, se viver em casal e tiver dois filhos, no caso de um consumo de 292 m3/ano passa a pagar 22,61€ por mês (menos 0,47€).

Rendas

Ainda na onda das boas notícias, prevê-se que em 2021 o valor das rendas se mantenha. A estimativa é feita com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), tendo em conta o facto de a taxa de inflação em agosto ter sido nula.

Todos os anos é lançado um coeficiente de atualização do arrendamento urbano e rural e aquele irá vigorar entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2021 é de 0,9997, conforme definido pelo INE, o que significa uma manutenção dos valores. No ano passado, o coeficiente de atualização resultou num aumento de 0,51% nas rendas.

Quanto à prestação da casa, a previsão é de igual estabilização dos valores. "Acho que vamos ter uma grande estabilidade das prestações da casa junto daquilo que é o nível atual", afirma o economista e presidente da consultora Informação de Mercados Financeiros (IMF), Filipe Garcia, à "Executive Digest". A mesma situação prevê-se para os ‘spreads’ do crédito habitação, que se manterão estáveis no próximo ano.

Pão

Enquanto no ano passado falava-se em "ligeiras correções" no preço do pão, para 2021 a previsão é de aumento. Isto deve-se a dois fatores, entre os quais está o aumento do salário mínimo para 665€ em 2021 — o que representa, em termos económicos, um maior poder de compra dos consumidores.

"Olhando para a situação económica e financeira do país, na medida em que se fala no aumento do salário mínimo nacional para 2021 e no aumento gradual do preço das matérias-primas, podemos perspetivar que isso será refletido no preço do pão", afirmou a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP), segundo o "Diário de Notícias", que cita a agência Lusa.

Contudo, a ACIP ressalva que o peso e preço deste produto são livres, logo, cabe a cada empresa definir o preço a aplicar.

Leite

Ainda no setor da alimentação, o leite é outro dos bens essenciais que, para o ano de 2021, poderá sofrer uma subida de preço.

Apesar de a previsão feita pela Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac) apontar para uma continuidade dos preços praticados em 2020, reconhece que, mais uma vez, o aumento do salário mínimo pode ter impacto.

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"O previsível aumento do salário mínimo e uma tendência de aumento das cotações das matérias-primas para alimentação animal podem constituir-se como fatores de pressão em alta”, disse o secretário-geral da Fenalac, Fernando Cardoso, ao "ECO".

Contudo, a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) já defendeu, em comunicado, um aumento do preço do leite ao produtor, como forma de fazer face ao ano de pandemia em que a produção de leite foi mantida com dificuldades económicas e sacrifício pessoal de agricultores e familiares, que “abdicam de receber uma justa remuneração” pelo seu trabalho, e em que o preço do leite em Portugal esteve novamente abaixo da média europeia.

Tabaco

Mais 0,10€ é o valor que os consumidores vão somar ao custo habitual de maço de tabaco. A previsão é feita pela consultora Deloitte tendo como base o OE para 2021, uma vez que uma das decisões impostas é a alteração da fórmula de cálculo do Imposto sobre o Tabaco (IT).

"Esta alteração implica um aumento do imposto em cerca de 0,05€ por cada maço de cigarros, o que, previsivelmente, corresponderá a um aumento de 0,10€ no preço de venda ao público do mesmo maço", afirma a consultora.

Portagens

Nem subidas, nem descidas. O valor das portagens em 2021 vai manter-se igual, como resultado de uma taxa de inflação homóloga, sem habitação, negativa (-0,17%) em outubro.

A fórmula que estabelece a forma como é calculado o aumento do preço das portagens em cada ano estabelece que a variação a praticar em cada ano tem como referência a taxa de inflação homóloga sem habitação no continente verificada no último mês para o qual haja dados disponíveis antes de 15 de novembro — data limite para os concessionários comunicarem ao Governo as suas propostas de preços para o ano seguinte.

A proposta para este ano estabilizou os preços, ao contrário dos aumentos que têm ocorrido desde 2016.

Transportes públicos

Outra boa notícia: os preços do transporte público coletivo de passageiros, como autocarros, comboios ou metropolitanos, vão manter-se inalterados no próximo, conforme anunciado pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).

Contudo, existem alterações previstas para as viagens no Alfa Pendular, que vão aumentar 0,5% a partir de 1 de janeiro. A título de exemplo, um bilhete de ida entre Lisboa e Braga, passará de 48,50€ para 48,80€ (em classe conforto) e de 34,20€ para 34,40€ (turística).

Telecomunicações

As grandes operadoras NOS, MEO e Vodafone já fizeram as suas previsões de tarifas para 2021. Enquanto a NOS e a Vodafone vão manter os preços praticados "à semelhança do que aconteceu no ano passado", avança a Vodafone, de acordo com o "Diário de Notícias", que cita a agência Lusa, a Altice Portugal, da qual faz parte a MEO, reconhece uma atualização de preço base de mensalidade em tarifários/pacotes.

Contudo, revela a operadora, os clientes foram devida e atempadamente informados da alteração que passa a vigorar já a partir de 1 de janeiro de 2021.