Está, oficialmente, em marcha a primeira fase da vacinação contra a COVID-19 em Portugal. A primeira dose da vacina foi dada na manhã de domingo, 27 de dezembro, no Hospital de São João, no Porto aa António Sarmento, médico infecciologista e diretor do serviço de doenças infecciosas daquele hospital. O início da vacinação, a começar já neste domingo, 27, será uma iniciativa comum a todos os estados membros da UE depois de a Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter considerado que a vacina em causa, à qual atribuiu uma autorização "para uso de emergência", era segura.
No primeiro lote, Portugal vai receber 9.750 doses que, ainda na quarta-fera, foi reforçado por Marta Temido, ministra da Saúde, que antecipou a chegada de mais 70.200 doses a partir de segunda-feira. No total, Portugal deverá administrar um total de 79.950 vacinas. O aumento do número vacinas que chegarão a Portugal nesta primeira fase vai permitir, segundo Marta Temido, ao igual aumento do número de profissionais de saúde e de hospitais elegíveis e nas esperança de que toda a rede do Serviço Nacional de Saúde seja abrangida.
Mas afinal, haverá quantas fases de vacinação? E terei de tomar duas doses da vacina ou apenas um? Depois disso, continua a ser necessário o uso de máscara e a adoção do distanciamento físico?
Respondemos a algumas das suas dúvidas acerca da vacina contra a COVID-19.
Afinal, quais vão ser as fases de vacinação?
Haverá três fases de vacinação em todo o País. A primeira iniciou-se este domingo, 27 de dezembro, no Hospital de São João, no Porto. Nesta primeira fase, terão prioridade os profissionais de saúde, as Forças Armadas e as forças de segurança — assim como os profissionais e residentes em lares. Em fevereiro, passarão a ser vacinadas todos as pessoas com mais de 50 anos e que sofram de doença coronária, insuficiência renal ou insuficiência cardíaca.
A segunda fase da vacinação arranca em abril, para todas as pessoas com mais de 65 anos, pessoas entre os 50 e os 64 anos com patologias associadas como diabetes doença renal crónica, insuficiência hepática, hipertensão arterial ou obesidade e outras.
A terceira, e última fase, começará imediatamente a seguir à segunda. Não há, no entanto, uma data anunciada, e dirigir-se-á a toda a população elegível que não foi vacinada nas fases anteriores.
Quantas doses vou ter de tomar?
De momento, as vacinas que estão a ser administradas obrigam à toma de duas doses num espaço máximo de quatro semanas.
Tenho de ir ao hospital para a toma da vacina?
Nesta primeira fase, sim. Nos lares, são os profissionais de Serviço Nacional de Saúde que se deslocam aos locais para administrar as vacinas aos profissionais e aos residentes. Ainda não se sabe se, nas fases seguintes, poderão ser administradas em farmácias.
Quais são os efeitos secundários da vacina?
Como em todos os medicamentos disponíveis no mercado, também a vacina contra a COVID-19 pode desencadear efeitos secundários. Tratam-se de sintomas ligeiros e de curto prazo e nem sempre reportados por todas as pessoas. No caso dos efeitos secundários que se conhecem, verificou-se dor no locar da injeção, fadiga, dor de cabeça e dores musculares, dores nas articulações, febre.
Efeitos como vermelhidão no local da injeção e náuseas foram reportados por menos de um caso em cada dez. Regra geral, todos os sintomas desapareceram num período compreendido entre as 24 e as 48 horas.
O uso de máscara continua a ser necessário?
Sim, assim como a adoção de distanciamento físico. A explicação é simples: uma pessoa só deve considerar-se protegido da doença provocada pelo novo coronavírus sete dias depois da toma da segunda dose. No entanto, ainda não há provas suficientes de que a vacina impeça a infeção assintomática do vírus.
Embora a vacina contra a COVID-19, da Pfizer e da BioNTech, tenha começado a ser administrada esta terça-feira, 8 de dezembro, no Reino Unido, uma imunologista da Universidade de Stanford, nos EUA, defende que o uso da máscara deve continuar a ser privilegiado mesmo em pessoas que tenham sido vacinadas. A explicação tem que ver com o facto de essas pessoas, agora imunizadas, "ainda poderem ser contagiosas" e propagar o vírus a outras, segundo a especialista Michal Tal ao "The New York Times".
A eficácia da vacina em questão está confirmada com um valor de 95% depois da realização de várias testes clínicos em larga escala, mas ainda não é claro se as pessoas agora imunizadas poderão ou não propagar o vírus caso o tenham contraído. É, aliás, essa a informação oficial avançada pelo CEO da Pfizer, Albert Bourla, que considera que esses dados ainda precisarão de ser analisados, uma vez que não há "certezas sobre isso" neste momento.
Para a imunologista Michal Tal, a incerteza tem que ver com o facto de os ensaios clínicos às vacinas da Pfizer e da Moderna só terem avaliado doentes infetados e agora vacinados. Nas suas palavras, isto deixa a possibilidade no ar de que algumas das pessoas vacinadas possam ser infetadas sem que, ainda assim, isso se traduza em sintomas.
No caso de se tratar de uma infeção assintomática, ainda não se sabe se essas pessoas poderão contribuir para a propagação do vírus em comunidade. Sabe-se, sim, que o nariz é a principal porta de entrada no que toca à maioria das infeções respiratórias — já que é aí que o vírus se multiplica rapidamente, conduzido o sistema imunitária à produção de anticorpos que são específicos da mucosa, o tecido húmido que reveste o estômago, os pulmões, a boca e o nariz.
E quem já foi infetado, pode vacinar-se?
Até agora, ainda não há dados suficientes sobre a eficácia das vacinas que passarão a ser administradas nas pessoas que já tenham estado infetadas.