Esta segunda-feira, 9 de setembro, celebra-se o Dia Mundial da Grávida. A efeméride marca uma das fases mais importantes da vida de uma mulher, disso não há dúvidas, mas ao contrário do que nos foi vendido durante décadas — obrigada, sociedade —, nem tudo é perfeito nos nove meses (na verdade, quase 10) de uma gestação, e há muita coisa menos boa pela qual passamos.

Pior, durante demasiado tempo, quase que "parecia mal" dizer coisas menos positivas de uma gravidez, ora porque éramos umas ingratas por não estar completamente rendidas ao estado de graça, porque como é que ousávamos queixar-nos do maior presente que podemos ter, e a ladainha continuava.

Sabia que pode melhorar as suas hipóteses de engravidar se for dormir a uma hora específica?
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Alerta, spoiler: lá porque uma mulher odiou estar grávida, ou até gostou, mas passava bem sem os enjoos, os julgamentos, as comparações, opiniões não solicitadas, azia ou até mãos na barriga, não quer dizer que seja uma bruxa ingrata, ok? E, numa nota mais séria, muito menos que vá ser pior mãe ou cuidar pior do seu filho.

Porque sim, a gravidez não é um mar de rosas — nem o pós-parto, mas isso é todo um outro tema —, perguntámos a 20 mulheres qual foi a coisa que menos gostaram enquanto estiveram grávidas.

Começo eu: pés que mais pareciam tijolos de tão inchados, cara de peixe balão e a quantidade absurda de conselhos que eu não queria, e tão pouco precisava. Ah e não nos vamos esquecer de um body shaming básico, quando aos 9 meses de gravidez, uma médica nas urgências disse algo como "Credo, está tão gorda, ninguém a mandou parar de comer?".

Veja se se identifica (até porque, #tamosjuntas) e espreite as respostas, do hilariante ao pertinente e certeiro.

"No início, não gostei nada da 'pressão' para me sentir feliz, quando na verdade estava só em pânico. As pessoas à minha volta todas muito felizes e eu a sentir uma ansiedade atroz porque na verdade ainda nem me tinha caído a ficha e por sentir culpa por não estar tão feliz quanto os outros. Depois na parte profissional, o facto de ter tido muitos momentos em que o stresse era tanto que eu me esquecia literalmente que estava grávida, tinha as prioridades trocadas, e quando sentia os pontapés dela (ou se calhar até algumas contrações) é que me lembrava que não estava focada no que era realmente importante: o nosso bem-estar."
Ana Batista, 39 anos, diretora de marketing

"A incerteza, o medo da perda, a fragilidade ténue do nosso precioso bem maior'. A forte esperança misturada com tantos medos e dúvidas, o não querer falhar em nada e não ter controlo de tudo. O mais difícil para mim e que não me deixa saudades é mesmo isto."
Adriana Relvas, 41 anos, médica

"O nervosismo constante que sentia sempre que se aproximava uma ecografia - 'será que está tudo bem?' - e também o desconforto físico, sobretudo nos últimos meses."
Carmen Saraiva, 41 anos, tradutora e jornalista

"O que menos gostei na gravidez foi a fase inicial (primeiros quatro meses) com muitos enjoos e náuseas. Também não é fácil controlar a inconstância temperamental no início desta aventura, ter o apoio e compreensão de quem nos rodeia é determinante para que encaremos tudo o que está a acontecer com maior naturalidade."
Irina Freitas, 36 anos, diretora comercial

“Embora tenha tido a gravidez 'santa' que todas as mulheres desejam, tive muita dificuldade em aceitar as mudanças no meu corpo e ver-me ao espelho durante muitos meses. Não me senti eu por bastante tempo.”
Ana Dória, 38 anos, responsável de marketing

"O drama do peso! Controlar se não ficamos com excesso de peso, senão depois o pós parto é um drama ainda maior, a falta de mobilidade (principalmente para o fim) por causa do peso e a comparação constante com outras grávidas… e não poder beber álcool."
Miriam Almeida, 38 anos, consultora de comunicação

"Não ter posição sentada nem deitada a partir do sexto mês."
Andreia Neves, 45 anos, jurista

"No meu caso, a primeira metade da gravidez podia ser apagada do registo. Fisicamente estava verde de enjoos, psicologicamente só queria enrolar-me numa manta e sair da hibernação dali a nove meses. Ciática, arritmias, insónias, fiz bingo. E isto sem sequer uma cerveja! Aviso para as mães do futuro: a Heineken tem a melhor cerveja sem álcool. Não é igual, mas engana bem."
Marta Cerqueira, 37 anos, jornalista

“Confesso que adorei estar grávida mas, o que menos gostei nessa fase foi de ter muitas vezes as mãos dos outros na minha barriga. É como se o nosso corpo deixasse de ser nosso e todos tivessem o direito de lhe tocar, apenas porque está lá um bebé.”
Magda Soares, 48 anos, terapeuta especialista em Massagem do Bebé e Banho Shantala

"O que menos gosto na gravidez são as limitações físicas que vamos sentindo a cada mês, as emoções que parecem uma montanha-russa constante e a sensação de ter a minha liberdade reduzida."
Filipa Prates, 30 anos, consultora de comunicação

“Que a partir das 36 semanas, todos à nossa volta já só questionam de quando será o dia do parto. Para mim, o último mês ainda era tão importante para a preparação mental e física do que aí vinha."
Leonor Santos, 38 anos, responsável de Recursos Humanos

"Não haver estacionamento suficiente. Os que existem não têm espaço adicional para sair do carro."
Sandra Silva, gestora comercial

"Era prioritária nas caixas de supermercado mas discriminada no trabalho."
Diana Nogueira, 37 anos, professora

"Fui, seguramente, uma grávida muito feliz, contudo, e dada toda a minha luta de tantos anos para conseguir engravidar, confesso que os primeiros tempos, a par dos terríveis enjoos, foi bastante dura. O receio e ansiedade de que algo não corresse bem, foram o mais difícil de gerir e controlar.  Por um lado queria muito viver tudo e sentir-me feliz mas tinha muito medo. A acrescentar que só divulguei publicamente que estava grávida por volta dos 5 meses, por isso andei muito tempo a faltar a compromissos porque estava fisicamente mal, mas tinha sempre de dizer que estava maldisposta."
Mia Relógio, 43 anos, influenciadora digital

"O ponto menos positivo da minha gravidez foi o ter ficado impedida de trabalhar, devido à especificidade da minha profissão (assistente de bordo), o que acabou por tornar o processo um bocado solitário. Senti que toda a gente continuou com a sua vida inalterada, mas que a minha ficou, de certa forma, estagnada. E isso também se repercutiu na minha vida social."
Diana Piairo, 41 anos, assistente de bordo

"A sensação de usurpação do corpo da mãe pelo bebé, devido ao método de acesso ao bebé."
Anónima, 39 anos, investigadora

"Estar grávida! Ainda há muita falta de empatia por quem não gosta de estar grávida. Mesmo sendo uma gravidez planeada e muito desejada. Há quem ame estar grávida e há quem deteste como eu detestei as minhas duas gravidezes, por inúmeras razões. Enjoos mesmo medicada, muito sono, cansaço, inchaço, dores nas costas, idas infinitas à casa de banho de dia e de noite. Sem posição confortável para dormir, azia, calçar um par de meias é um filme, comichão na barriga por causa da pele esticar...há quem não sinta absolutamente nada e tem uma gravidez santa. Mas há quem tenha gravidezes muito más. A prisão de ventre também é das piores coisas da gravidez."
Sandra Costa, 37 anos, gerente de empresa de calçado

"Como grávida de gémeas, fez-me muita confusão (mesmo) as alterações físicas. Já se sabe que o peso aumenta, como é óbvio, mas é difícil lidar com a retenção de líquidos (pés e mãos gigantes), roupa que deixa de servir, a agilidade que se vai perdendo. 'Pintar' a gravidez como um cenário de sonho tão mau para quem depois engravida e vê que não é nada assim. Custou-me muito a azia, os soluços (ataques horríveis e nem conseguia falar) e as insónias. Mas não comparo o meu desconforto com as grávidas que têm enjoos e vómitos. Não passei por isso e ainda bem. Também deixamos de ter nome e passamos a ser a 'mãe'."
Joana Maranhas, 42 anos, nutricionista