O ex-diretor da agência Elite Models na Europa está a ser acusado de violação e agressão sexual e os casos já estão a ser investigados pela Procuradoria-Geral da República francesa. Os crimes cometidos por Gerald Marie, de 70 anos, terão ocorrido nos anos 80 e 90, mas só agora vieram a público, uma vez que têm sido ocultados ao longo dos anos.
Isto porque, em outubro de 1998, uma investigação levada a cabo pela ex-jornalista da BBC Lisa Brinkworth — que trabalhou com infiltrada na Elite Models para um documentário sobre o assédio sexual feito a modelos de várias agências, muitas delas menores — acabou por provar que o ex-diretor cometia os crimes de que agora é acusado.
Gerald Marie agrediu-a sexualmente e pressionou os genitais contra a barriga da ex-jornalista, de acordo com o "The Guardian". Lisa Brinkworth chegou mesmo a apresentar queixa, mas a acusação ficou sem efeito após a agência de modelos e a BBC terem chegado a acordo em 2001. Além disso, houve um processo por difamação contra o órgão de comunicação social, que impedia a ex-jornalista, traumatizada, de falar sobre o caso.
Esse fator, que impediu Lisa de denunciar o abuso sexual na altura, pode ser benéfico na atual investigação, de acordo com os advogados da ex-jornalista, agora que finalmente a ex-jornalista conseguiu denunciar o caso e trazê-lo a público. A denúncia inclui, além do relato de Lisa Brinkworth, o de três modelos da Elite Models que foram alegadamente abusadas por Gerald Marie em Paris quando ainda eram menores.
Uma delas é Carré Sutton, que revela ter sido violada “inúmeras vezes” em 1986, quando tinha 17 anos. Ebba Karlsson é outro dos nomes, que conta agora que foi violada em 1990 quando tinha 20 ou 21 anos, e há ainda a modelo Jill Dodd, abusada por Gerald Marie aos 19 anos, em 1980.
Até ao momento, a BBC não comentou o caso e o ex-diretor da agência de modelos, Gerald Marie, "nega categoricamente" acusações, de acordo com o jornal "The Sunday Times".
Apesar de a Agence France-Presse (AFP) apontar para a possibilidade de a acusação nunca chegar aos tribunais devido ao facto de os crimes poderem já ter prescrito, a advogada da ex-jornalista da BBC, Anne-Claire Lejeune, vê o lado positivo: "Esta investigação irá, espero, dar a outros a coragem de se manifestarem", disse. "Este é um primeiro passo encorajador e um alívio para as vítimas", acrescentou, de acordo com o "The Guardian".