Munira Abdulla tinha 32 anos quando sofreu um acidente de viação que mudaria para sempre a sua vida. Sentada no banco de trás com o filho, Omar, na altura com apenas 4 anos, o carro onde seguia era conduzido pelo cunhado. De repente, o veículo embateu contra um autocarro. Omar saiu ileso, mas Munira ficou gravemente ferida.
Depois de horas à espera de auxílio, a mulher residente nos Emirados Árabes Unidos foi finalmente levada para o hospital. Transferida mais tarde para Londres, o diagnóstico era altamente reservado — Munira Abdulla era capaz de sentir dor, mas estava em estado vegetativo. Ninguém sabia dizer quando é que ela iria acordar, ou sequer se algum dia iria fazê-lo.
Foram precisos 27 anos para sair do coma. Em entrevista ao jornal dos Emirados Árabes Unidos "The National", o filho Omar disse: "Nunca desisti dela porque sempre tive a sensação de que um dia ela ia acordar. A razão porque partilhei a sua história foi para dizer às pessoas para não perderem a fé nos seus ente queridos. Não os considerem mortos quando eles estão nesse estado."
Omar recorda-se perfeitamente do acidente. Quando se apercebeu do que ia acontecer, Munira abraçou o filho para o proteger. A criança ficou com apenas uma ferida na cabeça, que não requereu grandes cuidados. A mãe, pelo contrário, andou de hospital em hospital. Depois de Londres regressou a Al Ain, a cidade onde vivia. Era alimentada por um tubo e somente as máquinas conseguiam garantir a sobrevivência.
Apesar da falta de resposta, foi sujeita a fisioterapia para assegurar que os seus músculos não enfraqueciam devido à falta de movimento. Em 2017 foi transferida para a Alemanha, onde foi operada para corrigir a atrofia dos músculos.
Foi aqui que tudo mudou. Um ano depois, Omar estava no quarto a ter uma discussão quando se apercebeu de alguma reação por parte da mãe. "Houve um mal-entendido no quarto do hospital e ele sentiu que eu estava em perigo, o que causou um choque. Ela estava a fazer sons estranhos e eu continuei a chamar os médicos para examiná-la, mas eles disseram que estava tudo normal".
Três dias depois, Omar acordou com a voz da mãe. "Era ela! Ela estava a chamar o meu nome e eu estava em êxtase. Durante anos sonhei com aquele momento, e o meu nome foi a primeira palavra que ela disse."
Neste momento Munira Abdulla é capaz de ter conversas e reage melhor aos diferentes estímulos. Está em Abu Dhabi a fazer fisioterapia, sobretudo para melhorar a sua postura sentada e evitar que os músculos se contraiam.
Casos como os de Abdulla são muito raros. Mas existem: em 2003, um homem norte-americano acordou depois de 19 anos em coma. Terry Wallis, de 39 anos, também teve um acidente de carro e passou quase duas décadas numa cama. Até que de repente acordou e disse a palavra "mamã".
Em novembro do ano passado, também se tornou viral a história de um homem chinês que acordou do coma 12 depois de um grave acidente de carro.