As imagens do regresso dos cisnes e de golfinhos às águas de uma Veneza, em Itália, de quarentena tornaram-se virais, assim como as de um grupo de elefantes que terá passado por uma vila em Yunnan, na China e ficado bebedados com vinho e desmaiado em campos de chá. Mas, reporta a "National Geographic", essa notícia e fotografias são falsas.
As imagens foram amplamente publicadas no TikToK, Instagram, e partilhadas no Twitter, dando a ideia de que os animais regressavam a um mundo que se revitalizada pela ausência da interferência dos humanos.
Ainda que diminuição de C02 seja no contexto desta pandemia uma forte probabilidade (fábricas fecham, carros circulam muito menos), no caso destas histórias é diferente, tudo não passa de um acaso. A realidade é que, por exemplo, é normal os cisnes aparecerem nos canas de Burano, uma pequena ilha na área metropolitana de Veneza. Ou seja, não tem que ver com a quarentena em que o país está.
Já os golfinhos, não foram filmados nos canais, mas sim num porto na Sardenha, banhado pelo mar Mediterrâneo. Quanto aos elefantes, ninguém conseguiu descobrir a origem das imagens, mas uma reportagem chinesa já veio desmentir aquilo que foi amplamente partilhado pela redes sociais e comunicação social: apesar destes animais terem já passado pela vila, estes não ficaram bêbados, nem desmaiaram num campo de chá, avisa a mesma revista.
Porque é que utilizadores partilham imagens falsas e querem que estas se tornem virais? De acordo com Erin Vogel, psicóloga social e pós-doutorada da Universidade de Stanford, está tudo relacionado com o facto de que muitos gostos e comentários geram uma "recompensa social e imediata". Um estudo publicado na Science Direct, em 2012, dizia o mesmo: partilhar conteúdo nas redes sociais aumenta temporariamente a auto-estima.
E, o facto de muitos países estarem em regimes de isolamento, ainda exacerba mais esta necessidade. "Nos momentos em que estamos realmente sozinhos, é tentador manter esse sentimento, especialmente se publicamos algo que dá muita esperança às pessoas", diz Vogel à "National Geographic".
A ideia de que a natureza se restabelecia podia dar mais sentido aos tempos difíceis gerados pela pandemia COVID-19. "Poderia ajudar-nos a dar uma sensação de significado e propósito - de que passamos por isso por uma razão", explica a psicóloga.