O julgamento de Johnny Depp e Amber Heard tem-se revelado, no mínimo, insólito. As sessões em tribunal são transmitidas em direto, reproduzidas milhares de vezes nas redes sociais e interpretadas pelo público como se de uma novela se tratasse. Há registo de fãs a lutar por um lugar em tribunal e cada prova ou testemunho é escrutinado microscopicamente, mas o mediatismo do caso já vai muito além da discussão legal.
Primeiro, foram as expressões em tribunal e até a roupa escolhida pela atriz (para muitos, estranhamente igual à do ex-marido, como se de uma cópia intencional se tratasse) que despertaram o interesse de quem acompanha o caso. Agora, são os alegados rituais do ator que estão na ordem do dia.
Porquê? É simples: Depp sentou-se no banco dos réus do tribunal de Fairfax, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, durante quatro intensos dias de julgamento. E, em todos, é possível identificar um padrão nos comportamentos do ator. Desde a música que toca enquanto se aproxima do edifício ao que desenha durante a exibição de provas, passando pelo que come e bebe ao longo das sessões.
Depp ouve sempre a mesma música a caminho do tribunal
O nome do artista Bob Marley tem estado associado ao de Johnny Depp desde o arranque do julgamento. O artista jamaicano em nada tem que ver com o processo judicial do ex-casal, no entanto, a sua música "Exodus" tem acompanhado o ator em todas as deslocações até ao tribunal de Fairfax.
O que leva Depp a ouvir o tema sempre na mesma ocasião ainda não é conhecido, mas a banda sonora foi, desde logo, destacada pelo público. "Johnny Depp a ouvir Bob Marley em alto e bom som a caminho do tribunal, para mim, é lindo", escreveu um internauta na rede social Twitter, numa publicação em que partilha o vídeo do momento.
Neste tweet, assim se chamam as publicações do Twitter, está ainda a hashtag "JusticeForJohnny Depp" (em português, "justiça para Johnny Depp). No entanto, frases semelhantes fazem-se notar também à porta do tribunal, onde milhares de fãs se têm vindo a manifestar em defesa do ator.
De acordo com o jornal "Público", antes de cada sessão de Johnny Depp em tribunal, dezenas de fãs ganharam o hábito de se alinhar à porta do edifício ainda antes do sol nascer. O objetivo? Adquirir uma das 100 pulseiras que dão acesso ao interior do tribunal e, claro, a um lugar na audiência.
Na primeira semana do julgamento, um repórter atrasou-se e acabou por não conseguir adquirir um dos acessos em causa. Ofereceu 50 dólares a um espectador pela sua pulseira e, mesmo assim, a oferta foi recusada com desprezo, avança a mesma publicação.
Mas se acha que esta luta incessante por pulseiras é rebuscada, prepare-se. É que, apesar de o espaço à porta do tribunal estar completamente lotado antes de cada sessão, os fãs ainda conseguiram introduzir alpacas no meio da multidão. Leu bem.
Tratam-se de duas alpacas de Andrea Diaz, uma fã de Johnny Depp que tem acompanhado o caso. Durante a pandemia de COVID-19, a mulher decidiu começar um negócio em que usa as alpacas de forma terapêutica para ajudar emocionalmente crianças e, dada a situação, pensou que os dois animais, Dolce e Int, podiam "alegrar o dia" do ator.
Ao que se sabe, Depp não chegou a interagir com os animais de apoio emocional, talvez pelo facto de entrar e sair do edifício pela porta dos fundos, avança o jornal "Público".
A romantização das gomas de Johnny Depp
Voltando aos alegados rituais do ator, importa perceber que não foi apenas a música que despertou a atenção de quem acompanha o caso. Em todas as sessões, desde o arranque do julgamento, Johnny Depp tem-se feito acompanhar de uma pequena seleção de gomas e rebuçados — e os fãs não tardaram a destacar (e até romantizar) o pormenor nas redes sociais.
"Johnny Depp a oferecer rebuçados de mentol aos seus advogados (...) protejam este homem a todo o custo", lê-se numa publicação de uma internauta no Twitter.
"Johnny Depp ofereceu ao chefe da sua equipa de segurança o que parece ser um rebuçado. Honestamente acredito que também tenha feito uma piada sobre 'Charlie e a Fábrica de Chocolate'. Opiniões?", lê-se num outro tweet, que faz referência ao filme de 2005, em que o ator veste a pele de Willy Wonka.
Café, 'aquele' caderno e os desenhos de Depp
Na mesma rede social, circulam fotografias da seleção de gomas em causa e de uma outra atividade que o ator tem feito durante as sessões: desenhar. "Johnny Depp a levar doces para o tribunal e a desenhar aquece o coração. O coração dele é tão puro. Gosto tanto dele", escreve uma outra fã no Twitter.
Desenhar e pintar num caderno em particular é identificado como mais um ritual do ator "para se manter são", como dizem os internautas e algumas publicações. Para além de um copo metálico com aquilo que se acredita ser café no seu interior, Depp tem vindo a marcar presença no julgamento sempre com o mesmo objeto nos braços ou em cima da mesa, avança o "Daily Mail".
Um caderno de capa preta e uma figura verde com uma coroa, onde se lê: "feito para durar". Durante as sessões em que se sentou no banco dos réus, o ator foi visto e fotografado a escrever e desenhar com um marcador roxo e, por vezes, a mostrar o resultado à sua equipa de defesa.
"Estou a chorar pela forma como o advogado de Johnny Depp olha para o desenho como um pai orgulhoso", lê-se.
Será que Depp tem uma nota da sorte?
Johnny Depp parece guardar com todo o cuidado aquilo que os fãs têm descrito como "uma nota da sorte". E, não, apesar de o ator ter dinheiro suficiente para manter uma ilha privada nas Bahamas, não se trata de uma nota de valor elevado.
Em causa está uma nota de dois dólares. Leu bem. O ator foi visto inúmeras vezes com uma nota de dois dólares na mão, guardada dentro de um saco de plástico. De acordo com os internautas, este tipo de notas são particularmente escassas nos Estados Unidos e tendem a ser usadas como amuletos da sorte, dada a sua raridade.
"Uma nota da sorte de dois dólares. Ato de classe", lê-se no Twitter. "Notas de dois dólares são muito raras", escreveu um outro internauta, a que um terceiro respondeu: "há rumores de que dão boa sorte dada a sua raridade".
Até à data, Johnny Depp não comentou nenhum destas alegados rituais ou amuletos. Recorde-se que atualmente em tribunal estão dois processos de difamação com o nome do ator envolvido. Um interposto pelo próprio e outro pela ex-mulher, Amber Heard.
O ex-casal acusa-se mutuamente de difamação e violência doméstica. Johnny Depp afirma que Amber Heard o difamou num artigo publicado em 2018, no qual relatou ser vítima de violência doméstica, e interpôs uma ação no valor de 50 milhões de dólares (46,3 milhões de euros) por difamação.
No entanto, a atriz alega que o ex-marido e os seus advogados proferiram falsas acusações a seu respeito e exige agora uma indemnização de mais de 92 milhões de euros. Em simultâneo, ambos dizem ter provas de que foram vítimas de violência doméstica durante o período em que estiveram casados, entre 2015 e 2016.